sábado, 31 de maio de 2008

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Poder paralelo sequestra e tortura jornalistas no Rio de Janeiro

Perplexidade e revolta foram os sentimentos que tive ao ler a notícia sobre o sequestro e tortura dos colegas da equipe de reportagem do jornal O Dia por milicianos da Favela do Batan, em Realengo, subúrbio do Rio.

A emoçao e comoçao sentidas também foram grandes, muito pela inevitável lembrança da morte de Tim Lopes, um dos meus maiores incentivadores e mentores quando eu ainda era estagiário na Editoria Rio da TV Globo. Tim era uma pessoa do bem, simples, humilde, simpática e competente, que tinha a perfeita noçao do papel social do jornalista e que queria fazer a diferença. Assim como, acredito eu, a equipe do jornal O Dia queria quando entrou na favela para denunciar as práticas criminosas das milícias que disputam com os traficantes o poder das áreas carentes cariocas.

Os colegas foram sequestrados e torturados durante sete horas e meia pelos chamados milicianos, período em que foram submetidos a socos e pontapés, choques elétricos, sufocamento com saco plástico, roleta-russa, tortura psicológica e todo tipo de situação degradante.

As Milícias, criadas sob o aparentemente inocente argumento de enfrentar o tráfico de drogas e livrar as comunidades pobres do crime organizado, se mostram muitas vezes piores do que os próprios traficantes.Compostas por policiais, agentes penitenciários, bombeiros e ex-servidores da Segurança Pública, eles dominam hoje cerca de 78 comunidades no Rio de Janeiro, onde estruturaram um exército muito bem armado e ditam leis a aproximadamente 2 milhões de cariocas, submetidos a um código penal que nunca foi escrito.

Deixo aqui meu repúdio e indignaçao à situaçao e meus mais sinceros votos de solidariedade e respeito aos colegas do jornal O Dia, que pagaram por tentar prestar um serviço a favor da cidadania e a todos os cidadaos cariocas, oprimidos pela criminalidade. Pagaram pela coragem e ousadia de querer fazer a diferença.