quarta-feira, 25 de abril de 2007

UFC, Pride, Mayweather e o futuro

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
O presidente do UFC, Dana White, durante o anúncio da compra do Pride.

Aproveitando o embalo, fico nos esportes pra falar de um assunto que há muito tempo não escrevo por aqui: vale tudo.

Duas notícias que aconteceram nas últimas semana são os motivos pelos quais volto a escrever sobre lutas.

A primeira foi a compra do maior evento de vale tudo do Japão e um dos maiores do mundo, o Pride Fighting Championship, pelo seu principal concorrente, o americano Ultimate Fighting Championship (UFC).

Se você é um fã ocasional de vale tudo, essa notícia pode parecer chocante, já que o Pride durante muito tempo dominou o mercado e os melhores lutadores.

Apesar do UFC ter sido onde o esporte começou a profissionalizar, há quase 15 anos, o vale tudo cresceu, mudou de nome - hoje é chamado de Mixed Martial Arts (MMA) - e o Pride acabou se tranformando no maior evento do mundo, levando ao Japão a meca do MMA do planeta.

Mas nos últimos anos o enorme crescimento do interesse do público americano no MMA e seu profissionalismo, aliado ao declínio inegável da popularidade do boxe, fez com que o UFC retomasse o caminho do sucesso. E ajudado por um escândalo envolvendo os donos do Pride, que estariam envolvidos com a máfia japonesa, o UFC comprou o evento e, desde o mês passado, é dono das duas maiores ligas de MMA do mundo.

É esse sucesso do UFC e o profissionalismo do MMA que nos levam ao segundo ponto que me fizeram escrever esse texto.

Numa das coletivas de imprensa em preparação para a luta entre Floyd Mayweather Jr. e Oscar de la Hoya, que acontece dia 5 de maio pelo título mundial dos médio-ligeiros, Mayweather disse que "o UFC é merda nenhuma". Segundo ele, o "MMA não é nada mais do que uma moda passageira." Para ele, "os lutadores de MMA são caras que não conseguiram ser boxeadores". "Qualquer um pode fazer um par de tatuagens e cair na porrada como esses caras. Se vc colocar qualquer boxeador de elite no UFC, ele seria o campeão. Ele nocautearia qualquer lutador de MMA em poucos segundos.", completou o campeão mundial de boxe.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
O fanfarrão Floyd Mayweather Jr. (dir.) encara Oscar de la Hoya numa das típicas coletivas de imprensa para promover a luta do próximo fim de semana

Lembro quando, há 15 anos, eu ouvia dizer que o vale tudo era apenas uma moda, que não era esporte, que não iria vingar, sempre seria marginal, etc e tal. E naquela época realmente o vale tudo fazia justiça ao nome, era uma briga de rua mesmo, sem luvas ou regras, onde dois sujeitos de passados e lutas totalmente diferentes se enfrentavam num octógono fechado por uma cerca de arame.

Mas o tempo passou e hoje a única coisa que ficou foi o famoso octógono, criado pelo brasileiro Rorion Gracie e que virou marca registrada do UFC.

Uma nova geração de lutadores que eram moleques quando tudo começou, cresceram fascinados por como Roice e Rickson Gracie lutavam jiu jitsu, como Ken Shamrock, Randy Couture ou Dan Severn aplicavam suas técnicas de greco-romana e luta livre ou como Marco Ruas distribuía seus chutes destruidores às pernas dos adversários. A chegada de lutadores de kickboxing aumentou os embates em pé e obrigaram aos praticantes de jiu jitsu e greco-romana à aprender boxear e chutar. E vice e versa.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
O veterano Randy Couture, uma lenda viva do esporte e um dos melhores lutadores profissionais de MMA de todos os tempos.

O resultado hoje é um esporte que também faz justiça ao seu novo nome, Mistura de Artes Marciais ou Artes Marciais Mistas. Porque hoje nos ringues do UFC e Pride vc encontra alguns dos atletas mais preparados do mundo, versados em 3 ou 4 artes distintas, capazes de nocautear com um chute alto com a mesma facilidade que teriam para finalizar o oponente com uma chave de braço, perna ou estrangulamento.

E o simples fato de Mayweather, um dos maiores boxeadores do mundo, ter que falar de MMA em vez da sua própria luta para se promover é uma prova do tamanho e importância do vale tudo tem hoje em dia.

Hoje o MMA é o esporte que mais rápido cresce no mundo e os números não mentem.

Em agosto do ano passado, a luta pelo título mundial dos pesos pesados entre Oleg Maskaev e Hasim Rahman foi vista por 60 mil pessoas via pay-per-view nos EUA. No mesmo mês, a luta entre o brasileiro Renato Sobral e o americano Chuck Liddell pelo título dos meio pesados do UFC foi vista por 500 mil pessoas, no mesmo sistema de ppv.

A inevitável comparação entre boxe e MMA lembra muito um outro caso de disputa por espaço e público entre esportes nos EUA. Um dia dono absoluto da preferência popular nos EUA, o beisebol parou no tempo e não se preocupou em criar novos atrativos para o fãs. Correndo por fora, um esporte marginal chamado futebol americano ganhava público devido ao dinamismo, ação e emoção em campo. E foi quando as duas maiores ligas de futebol americano se fundiram em uma, que o esporte explodiu e hoje domina sem adversários a preferencia da população. Principalmente a população jovem, enquanto os fãs do beisebol são geralmente gente mais velha.

Será apenas mera coincidência as semelhanças entre as fusões e o perfil dos esportes e dos fãs?

O vale tudo é jovem, é imprevisível, é rápido, é inteligente e, acima de tudo, é real! Muito diferente das marmeladas e lutas encomendadas que enjoram tantas vezes os fãs de luta.

E o vale tudo é global, com atletas de elite vindos dos quatro cantos do planeta. A união entre UFC e Pride pode ser a grande oportunidade que o esporte estava esperando para começar a ter um legítimo ranking mundial e unificações de cinturões, consolidando de vez seus lutadores como ídolos internacionais.

Mayweather pode até ter razão quando diz que um boxeador nocautearia um lutador de MMA em poucos segundos. O problema é que o boxeador provalvemente não teria esses poucos segundos. Quando menos percebesse, estaria desacordado no chão após receber um mata leão ou 5 ou 6 cotoveladas de cima para baixo.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
O carioca Gabriel "Napão" comemora após nocautear o croata Mirko Cro Cop, no último sábado na Inglaterra, pelo UFC 70

O que mais me deixa revoltado com esse tipo de declaração vinda do boxe é que os fãs de MMA sempre respeitaram e gostaram de boxe. Nunca faltaríamos com o respeito à lendas como Sugar Ray, Ali, Marciano, Foreman ou Eder Jofre. Mas temos consciencia que eles são o passado. Nós simplesmente não ligamos mais para boxe.

Nós sabemos muito bem o que queremos e não estamos interessados em palhaços marketeiros e corruptos como Don King nos dizendo que Floyd Mayweather Jr. contra Oscar de la Hoya é a "luta do século".

Desculpe informá-lo, sr. King, que o presente e o futuro não estão nas mãos de Mayweather ou Klitschko, mas de atletas como Fedor, Cro Cop e Nogueira.

Que o MMA chegou, entrou sem bater e veio pra ficar!

3 comentários:

Anônimo disse...

Mande esse boxeador palhaço lutar com os Fedor, Cro Cop e Nogueira para ver se ele conseguiria alguma coisa!!!

Anônimo disse...

Somos um grupo de fãs de vale tudo. Viemos pedir a vossa ajuda pra trazer os torneios UFC pra portugal. Existe um canal na tv cabo chamado sic radical (português portugal) que é o canal perfeito pra passar vale-tudo. Ajudem-nos enviando emails pró canal a insistir pra passar. Quantos mais formos mais sorte teremos. O email é epombo@sicradical.pt. Contamos com a vossa ajuda. Aquele abraço!

Anônimo disse...

www.mma-portugal.com