segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Reflexos da crise
Ja imaginou o Sergio Cabral,Geraldo Alckmin ou Aecio Neves esperando na fila de embarque direitinho e fazendo uma viagem Rio/SP de economica? Pois acabo de testemunhar o 'governador' da Galicia, um dos homens mais influentes do novo governo espanhol, Alberto Nuñez Feijoo, fazer tudo isso num voo entre Santiago e Madri. Esperando sua vez tranquilamente como um cidadao deve fazer. Nos 65 min de voo, observando-o sentado no corredor 9C da economica lendo sua pastinha da Xunta, eu tentava imaginar como deve ser uma viagem de Serginho Cabral pra Trancoso no jatinho do Eike Batista......
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Uma vida termina... Outra vida começa!
Estava pensando um dia desses. Não interessa quem você é ou o que você faz, você poderia destruir completamente sua vida em 45 minutos.
Acredite, você poderia!
Sabe quando você para pra refletir sobre como passou a vida toda ralando pra caramba, investindo o seu tempo e esforço para conquistar algo realmente importante pra você? Não interessa qual é esse objetivo. Você e praticamente todo mundo que você conhece passou anos e anos investindo tudo para alcançá-lo.
Algumas pessoas tentam realizar projetos ousados. Outras acumular fortunas. Algumas se casam com a pessoa perfeita para eles e se esforçam ao máximo para que a relação funcione. Algumas têm filhos, outras são obcecadas com êxito profissional... Não interessa qual seja seu objetivo ou estilo de vida. Não interessa o que você tenha conquistado através dos anos. Não importa o que você tenha construído. O meu argumento aqui é que você poderia destruir tudo isso em míseros 45 minutos.
Não com violência ou algo parecido. Não, não. Apenas com palavras.
Apenas 3 ou 4 frases bem ditas na hora certa para as pessoas certas. E ‘game over’!
Você pode chegar ao trabalho, mandar seu chefe à merda, falar pra ele que todo mundo ri daquele implante na careca mal feito e que você comeu a filha dele, na cama dele, enquanto ele passava aquelas férias jogando golfe no Caribe.
E pronto, acabou sua carreira.
Não importa o quão talentoso você seja. Não interessa se você é o empregado do mês. Você fala isso pro seu chefe... e acabou!
Daí você chega em casa e fala pra sua esposa que ela é uma gorda horrorosa e que você comeu a filha do chefe, na cama de vocês, enquanto ela estava passando o fim de semana na casa dos pais. E começa a rir na cara dela com tom de deboche.
Taí... seu casamento acabou.
Vocês podem ir a terapia de casal, tentar dar um tempo, não importa. Você fala isso pra sua mulher... e acabou!
Não dá pra voltar atrás... Mas será mesmo que tudo acabou?
O que me fascina não é como você poderia destruir a sua vida em 45 minutos. E sim a importância que você dá àquilo que ‘você lutou toda a vida para conquistar’. Me fascina essa vida que levamos. Essa existência e como as pessoas estão sempre buscando essas metas e objetivos e se seguram e se prendem a elas com unhas e dentes como se, perdendo-se, seriam impossíveis de serem reconquistadas.
Por que pensamos que essas vidas que construímos é tão única, especial e irrepetível?
Elas muito provavelmente não são!
Você realmente acha que, se sua vida fosse arruinada, sem trabalho, sem esposa, sem dinheiro, sem qualquer coisa, você não poderia recomeçar do zero?
Claro que você conseguiria começar de novo!
Você acha que não existiram pessoas que já fizeram isso por acidente? Falaram a coisa errada, na hora errada, pra pessoa erra e tiveram que lidar com isso?
Você se lembra do antigo seriado do Hulk?
Então… se lembra como Bruce Banner (ou sei lá qual era o nome dele na série) sempre acabava se transformando em Hulk, fazendo um estrago danado e era obrigado a seguir a estrada no fim de cada episódio? Ele chegava numa cidadezinha nova, conseguia um empreguinho de garçom e, antes do primeiro comercial, ele já estava pegando uma típica garçonete divorciada de meia idade gatinha. E aí o cara ficava nervoso por qualquer motivo, se transformava num gigante verde de novo e aquela vidinha que parecia estar indo bem antes da propaganda de Omo ia pro espaço mais uma vez.
Pode parecer piada, mas é a mais pura verdade! Se o Hulk conseguia superar a decepção e começar uma nova vida a cada capítulo, claro que você conseguiria também!
Uma vida termina... Outra vida começa... E, na boa, quem te disse que a sua nova vida não pode ser 50 vezes melhor do que a anterior?
Talvez sim... Talvez não... Só há uma forma de descobrir… ;)
sexta-feira, 29 de julho de 2011
O Esquilo Voador
Não é apenas no futebol que vemos ousadia da molecada na hora de usar novos dribles e movimentos de pura técnica e criatividade.
Ontem durante o Mundial Junior de Luta Greco-Romana que está sendo realizando em Bucareste, vimos um momento de pura genialidade.
Adiante o vídeo abaixo a 3:01 e veja o jovem Ellis Coleman, atleta da equipe americana, nos mostrando uma nova técnica de quedas que ele mesmo batizou de 'Esquilo Voador'.
Simplesmente INCRÍVEL!!!!!! :)
Ontem durante o Mundial Junior de Luta Greco-Romana que está sendo realizando em Bucareste, vimos um momento de pura genialidade.
Adiante o vídeo abaixo a 3:01 e veja o jovem Ellis Coleman, atleta da equipe americana, nos mostrando uma nova técnica de quedas que ele mesmo batizou de 'Esquilo Voador'.
Simplesmente INCRÍVEL!!!!!! :)
terça-feira, 24 de maio de 2011
Adios Kun
Sou botafoguense, mas depois de mais de 6 anos de idas e vindas a Espanha, dois deles vivendo aqui em Madri, criei enorme carinho pelo Atlético de Madrid.
Além da torcida fiel e apaixonada e do clima família no estádio, coisa rara na Europa, outro motivo que me levou a criar tanto afeto pelo Atlético foi a chegada de um garoto argentino de 18 anos chamado Sérgio 'Kun' Agüero!
'Chegamos' praticamente juntos aos Vicente Calderón. Quando eu era 'apresentado' ao 'Atleti' ele foi comprado do Independiente de Avellaneda.
Na época meu sogro sempre me levava aos jogos do Real Madrid e tentava me converter em Merengue, mas alguma coisa não encaixava, não me sentia identificado, não me sentia em casa no Santiago Bernabeu! Era pompa demais, títulos demais, pose demais, alegria demais. Não tinha nada a ver com minha personalidade sofredora e apaixonada de botafoguense!
Daí quando quando fui apresentado àquele clube proletário do sul da capital, com um uniforme listrado e torcedores fanáticos, encontrei meu lugar!
E dentro de campo tinha Kun Agüero, aquele moleque de 18 anos que lembrava Romário pelas características físicas, arrancadas e faro de gol!
Hoje posso dizer com orgulho que vi na arquibancada sua estreia e, infelizmente, seu último jogo pelo Atlético de Madrid.
Hoje os jornais espanhóis estampam a notícia de que ele pediu formalmente para ser vendido por motivos "esportivos", ou seja, quer jogar num time com estrelas que estejam a sua altura.
Bate uma enorme tristeza, mas não o culpo por querer partir! Assim como, depois de ver da arquibancada o último jogo de Fernando Torres como colchonero, não o culpei por querer voar mais alto.
O Atlético caiu numa mediocridade inaceitável nas mãos de dirigentes incompetentes e corruptos, que nada sabem de planejamento e futebol! Um jogador como Kun Agüero, que tem potencial para ser o melhor atacante do mundo (se já não o é), não pode estar fora da Champions League. Um jogador como ele não pode ter Diego Costa (Diego QUEM?!) de companheiro de ataque. Ele merece jogar ao lado de craques como ele!
Me dá muita pena ver o Atlético brigando por postos intermediários da tabela, quando deveria estar na cabeça, como sempre esteve, lutando de igual para igual com Real Madrid e Barcelona. Mas é um reflexo da incompetência e descaso da atual diretoria.
O título da Copa da UEFA no ano passado nada teve a ver com a diretoria. Foi uma daquelas obras do acaso, onde o Espírito Santo encontra Ogum e Maomé numa encruzilhada e todas as energias do cosmo são direcionadas a um lugar aleatório e fazem com que tudo dê certo inexplicavelmente.
O "planejamento" do clube para a temporada com um medíocre Abel de treinador levou o time à zona de rebaixamento. Quando Quique chegou as pressas, no meio do campeonato, o time montado por essa direção patética estava aos cacos e, graças ao poder motivacional do treinador, os jogadores reagiram e conquistaram num momento de catarze uma improvável e inacreditável Copa da UEFA.
E agora, um ano depois, o que a diretoria faz? Demite o treinador responsável pela conquista, vende um dos melhores atacantes do mundo e está prestes a vender um dos melhores e mais promissores goleiros da Europa.
É por essas e outras que torço de verdade para que Agüero tenha sorte e caia num time que o mereça! Num time que tenha força e cacife para disputar o título da Champions League. E por ser fã dele vivendo em na capital espanhola, me arrisco a dizer que gostaria que ele ficasse por aqui e formasse o melhor ataque do mundo ao lado de Cristiano Ronaldo.
E eu aqui do meu canto sonho, ingênuo que sou, que a diretoria gaste direito o dinheiro da venda trazendo outra jovem promessa como ele, que possa dar tantas alegrias aos torcedores colchoneros como o Kun nos trouxe nos últimos 5 anos!
Obrigado por tudo, Kun! Toda a sorte do mundo!
sexta-feira, 18 de março de 2011
'E essa marra que tu tira, Jon Jones?! Qual é?!'
Foi em janeiro de 2009 que eu ouvi falar pela primeira vez de Jon Jones. Foi quando fazia a minha pesquisa de rotina para comentar o UFC 94, com a revanche entre GSP e BJ Penn como luta principal.
Meu ritual de preparação para as transmissões do UFC consiste em estudo das lutas anteriores, do passado dos lutadores e como foi a preparação específica para a próxima luta. Quando falamos de atletas brasileiros, além de ver as lutas sempre rola aquele telefonema para treinadores, atletas da mesma equipe e pessoas próximas para saber como vão os treinos, além de muitas vezes ir à própria academia para ver de perto e sentir e clima. Com os estrangeiros, se são veteranos conhecidos como GSP e BJ, o trabalho também é mais fácil porque você já viu a maioria das lutas, conhece mais sobre a história de cada um e sua preparação tem amplia divulgação na imprensa.
O mais difícil é quando você se vê diante de um estrangeiro jovem e desconhecido. Muitas vezes você não encontra suas lutas, informações sobre sua vida, com quem treina, etc e tal. Ou seja, um pesadelo para um maníaco compulsivo como eu, que se não tem tudo preparado perfeitamente na antevéspera começa a suar frio.
E foi exatamente o que aconteceu com Jon Jones naquela ocasião. Ele ia lutar contra Stephen Bonnar e eu não conseguia encontrar absolutamente nada além do fato dele ter aceitado lutar contra André Gusmão com apenas três semanas de antecedência e ter dominado o brasileiro com um estilo de jogo muito solto, explosivo e diferente. Relendo minhas observações hoje, vejo que tinha anotado: “Treina MMA há apenas 1 ano e 2 meses”; “Todas as (7 primeiras) lutas foram em 2008”; “Muito rápido, criativo e boas quedas. Mas muito cru!”; “Academia: Team BombSquad (???)”. Muito pouco para fazer uma boa transmissão.
Foi quando eu resolvi ligar para um colega jornalista americano que estava em Las Vegas para cobrir as lutas. E a primeira coisa que o sujeito falou chamou muito minha atenção: Jon Jones, esse moleque de 21 anos, tinha pedido para a organização do UFC para não ficar no hotel oficial do evento para evitar a badalação. Que era um garoto muito humilde e talentoso, que vinha de uma família de atletas (dois de seus irmãos jogam futebol americano).
E naquela noite os fãs de luta foram apresentados a um dos maiores talentos que surgiu nos últimos anos, com um show de golpes giratórios, quedas fantásticas e uma criatividade fascinante que beirava o irresponsável, tamanha a liberdade e soltura juvenil mostrada no octagon. Lembro que eu e meu amigo e colega de transmissão, Carlão Barreto, ficamos alucinados com aquele moleque.
E desde então é show atrás de show. Ele deixou o pequeno time perto de casa, na região de Nova York, e foi recrutado pelo badalado técnico das ‘estrelas’ Greg Jackson. Cresceu como atleta, deixou de ser cru mas não deixou de ser criativo, vencendo atletas duros como Brandon Vera, Ryan Bader e Vladimir Matyushenko com enorme facilidade. Mas, acima de tudo, não deixou de ser humilde e boa praça!
Conheci Jon Jones pessoalmente há seis semanas em Las Vegas e a impressão que era passada pelas entrevistas e por outras pessoas apenas se confirmou. O Jon Jones que conheci é uma figura encantadora. Simpático, carismático, divertido, super acessível e humilde. “Parece da galera”, como bem definiu um colega jornalista lá nos bastidores do UFC 126.
Por isso é tão esquisito acompanhar aqui de longe essa mudança de postura radical do americano nos dias que antecedem sua luta contra Mauricio Shogun.
Beira o desrespeito as declarações no ‘Countdown’ dizendo que já está assinando autógrafos como “Jon Jones Campeão” e que é algo que ele já vê natural. Falando em terceira pessoa como os piores exemplos de boleiros e soltando ‘pérolas’ como “chegou o momento da ascensão de Jon Jones ao estrelato”.
Como fã de MMA, eu vejo tudo isso com uma certa tristeza, porque são raras as vezes que vemos um atleta jovem e brilhante ter uma atitude humilde e madura diante da fama. E por mais de dois anos Jon Jones criou essa expectativa em muita gente, criou uma legião de fãs e admiradores não só de seu talento dentro do octagon como de sua postura, personalidade e carisma fora dele. Será que alguém pode mudar tanto assim em apenas seis semanas? Será uma estratégia de marketing para promover a luta? Será um sinal da imaturidade e inexperiência? Um sinal de excesso de confiança pelo ‘oba-oba’ criado pela imprensa americana? Ou de medo e insegurança?
Seja o motivo que for, o ‘estrago’ já está feito. Jon Jones foi vaiado por fãs durante a coletiva de imprensa da última quarta-feira e pelos blogs e twitters se espalha como um vírus o sentimento de rejeição a esse ‘novo’ Jon Jones e sua postura arrogante.
Como brasileiro e fã incondicional de Shogun, eu não precisava de motivos para torcer por meu conterrâneo curitibano. Mas sabe quando você não quer apenas que seu lutador favorito ganhe, mas que o ‘marrento’ perca feio? Pois é... Estou vendo esse sentimento surgir, ainda que um pouco tímido e melancólico, querendo acreditar que aquele cara gente boa ainda existe ali em algum lugar.
Fica essa esperança de que, independente do resultado de sábado, ganhando ou perdendo, Jon Jones reveja os seus valores e prioridades, repense no caminho que quer tomar na sua carreira, e volte a ser aquele garoto simpático, humilde e amável. De preferência, com uma derrota, para que aprenda a respeitar aqueles que vieram antes dele e pavimentaram com sangue, suor e lágrimas durante anos essa estrada onde agora ele pode dirigir um carrão! Ele tem uma brilhante carreira pela frente e deveria se espelhar em outros jovens campeões que tem atitudes exemplares, como José Aldo e Cain Velasquez. O caminho da arte marcial é baseado no respeito e num esporte tão surpreendente imprevisível como o MMA, se você não aprender isso na academia, alguém um dia pode te ensinar de forma muito mais dolorosa dentro da arena octogonal.
Meu ritual de preparação para as transmissões do UFC consiste em estudo das lutas anteriores, do passado dos lutadores e como foi a preparação específica para a próxima luta. Quando falamos de atletas brasileiros, além de ver as lutas sempre rola aquele telefonema para treinadores, atletas da mesma equipe e pessoas próximas para saber como vão os treinos, além de muitas vezes ir à própria academia para ver de perto e sentir e clima. Com os estrangeiros, se são veteranos conhecidos como GSP e BJ, o trabalho também é mais fácil porque você já viu a maioria das lutas, conhece mais sobre a história de cada um e sua preparação tem amplia divulgação na imprensa.
O mais difícil é quando você se vê diante de um estrangeiro jovem e desconhecido. Muitas vezes você não encontra suas lutas, informações sobre sua vida, com quem treina, etc e tal. Ou seja, um pesadelo para um maníaco compulsivo como eu, que se não tem tudo preparado perfeitamente na antevéspera começa a suar frio.
E foi exatamente o que aconteceu com Jon Jones naquela ocasião. Ele ia lutar contra Stephen Bonnar e eu não conseguia encontrar absolutamente nada além do fato dele ter aceitado lutar contra André Gusmão com apenas três semanas de antecedência e ter dominado o brasileiro com um estilo de jogo muito solto, explosivo e diferente. Relendo minhas observações hoje, vejo que tinha anotado: “Treina MMA há apenas 1 ano e 2 meses”; “Todas as (7 primeiras) lutas foram em 2008”; “Muito rápido, criativo e boas quedas. Mas muito cru!”; “Academia: Team BombSquad (???)”. Muito pouco para fazer uma boa transmissão.
Foi quando eu resolvi ligar para um colega jornalista americano que estava em Las Vegas para cobrir as lutas. E a primeira coisa que o sujeito falou chamou muito minha atenção: Jon Jones, esse moleque de 21 anos, tinha pedido para a organização do UFC para não ficar no hotel oficial do evento para evitar a badalação. Que era um garoto muito humilde e talentoso, que vinha de uma família de atletas (dois de seus irmãos jogam futebol americano).
E naquela noite os fãs de luta foram apresentados a um dos maiores talentos que surgiu nos últimos anos, com um show de golpes giratórios, quedas fantásticas e uma criatividade fascinante que beirava o irresponsável, tamanha a liberdade e soltura juvenil mostrada no octagon. Lembro que eu e meu amigo e colega de transmissão, Carlão Barreto, ficamos alucinados com aquele moleque.
E desde então é show atrás de show. Ele deixou o pequeno time perto de casa, na região de Nova York, e foi recrutado pelo badalado técnico das ‘estrelas’ Greg Jackson. Cresceu como atleta, deixou de ser cru mas não deixou de ser criativo, vencendo atletas duros como Brandon Vera, Ryan Bader e Vladimir Matyushenko com enorme facilidade. Mas, acima de tudo, não deixou de ser humilde e boa praça!
Conheci Jon Jones pessoalmente há seis semanas em Las Vegas e a impressão que era passada pelas entrevistas e por outras pessoas apenas se confirmou. O Jon Jones que conheci é uma figura encantadora. Simpático, carismático, divertido, super acessível e humilde. “Parece da galera”, como bem definiu um colega jornalista lá nos bastidores do UFC 126.
Por isso é tão esquisito acompanhar aqui de longe essa mudança de postura radical do americano nos dias que antecedem sua luta contra Mauricio Shogun.
Beira o desrespeito as declarações no ‘Countdown’ dizendo que já está assinando autógrafos como “Jon Jones Campeão” e que é algo que ele já vê natural. Falando em terceira pessoa como os piores exemplos de boleiros e soltando ‘pérolas’ como “chegou o momento da ascensão de Jon Jones ao estrelato”.
Como fã de MMA, eu vejo tudo isso com uma certa tristeza, porque são raras as vezes que vemos um atleta jovem e brilhante ter uma atitude humilde e madura diante da fama. E por mais de dois anos Jon Jones criou essa expectativa em muita gente, criou uma legião de fãs e admiradores não só de seu talento dentro do octagon como de sua postura, personalidade e carisma fora dele. Será que alguém pode mudar tanto assim em apenas seis semanas? Será uma estratégia de marketing para promover a luta? Será um sinal da imaturidade e inexperiência? Um sinal de excesso de confiança pelo ‘oba-oba’ criado pela imprensa americana? Ou de medo e insegurança?
Seja o motivo que for, o ‘estrago’ já está feito. Jon Jones foi vaiado por fãs durante a coletiva de imprensa da última quarta-feira e pelos blogs e twitters se espalha como um vírus o sentimento de rejeição a esse ‘novo’ Jon Jones e sua postura arrogante.
Como brasileiro e fã incondicional de Shogun, eu não precisava de motivos para torcer por meu conterrâneo curitibano. Mas sabe quando você não quer apenas que seu lutador favorito ganhe, mas que o ‘marrento’ perca feio? Pois é... Estou vendo esse sentimento surgir, ainda que um pouco tímido e melancólico, querendo acreditar que aquele cara gente boa ainda existe ali em algum lugar.
Fica essa esperança de que, independente do resultado de sábado, ganhando ou perdendo, Jon Jones reveja os seus valores e prioridades, repense no caminho que quer tomar na sua carreira, e volte a ser aquele garoto simpático, humilde e amável. De preferência, com uma derrota, para que aprenda a respeitar aqueles que vieram antes dele e pavimentaram com sangue, suor e lágrimas durante anos essa estrada onde agora ele pode dirigir um carrão! Ele tem uma brilhante carreira pela frente e deveria se espelhar em outros jovens campeões que tem atitudes exemplares, como José Aldo e Cain Velasquez. O caminho da arte marcial é baseado no respeito e num esporte tão surpreendente imprevisível como o MMA, se você não aprender isso na academia, alguém um dia pode te ensinar de forma muito mais dolorosa dentro da arena octogonal.