Ulpiano e a mosca
Em 1973, durante a guerra do Vietam, os EUA despejaram sobre aquele país do Sudeste Asiático quase todo o seu arsenal de bombas de destruição em massa. O cardápio da morte privilegiava as armas químicas e bacteriológicas, contemplando uma variedade que ia do napalm ao desflorante agente laranja e urânio empobrecido. A idéia era não poupar nenhum ser humano e muito menos a natureza. O desequilíbrio ecológico alcançou a China, que foi invadida por núvens de insetos. Temendo epidemias, o governo chinês iniciou uma campanha junto à sua população e à resistência vietnamita com o seguinte apelo: “Seja higiênico, mate uma mosca e um americano”
Aos quatro ou cinco leitores que insistem em me prestigiar, renovo meu pedido de desculpas, já que a idéia inicial era escrever sobre um dos maiores juristas do Império Romano, o libanês Ulpiano de Tiro.
Mas como é possível falar em direito quando a humanidade assiste indignada à invasão, ocupação e saques do Iraque pelo império americano?
Como é possível falar em justiça e jurisprudência quando, em pleno século XXI, o que ainda prevalece é a lei do tacape?
Os comentários jurídicos de Ulpiano constituem a maior parte do Digesto de Justiniano, até hoje consultado por aqueles que entendem que nada deve ser feito ao arrepio das leis. O que não vem a ser o caso da dupla anti-semita Bush e Sharon, que, com certeza, um dia sera julgada por crimes de guerra contra a humanidade. Enquanto isso, os amantes da paz e da harmonia entre os povos se perguntam se os iraquianos, a exemplo dos vietnamitas, já não terão dado início à caça às moscas.
(Georges Bourdoukan, jornalista e escritor libanês)
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