terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Mais uma vez Robert Fisk

Quando eu jah estava achando que ele estava calado demais, me reaparece Robert Fisk com um artigo fenomenal sobre a ocupacao siria no Libano, que eu fiz questao de traduzir e disponibilizo abaixo pra vcs!

De repente, um novo debate em Beirute: pode a Siria manter o controle sobre o Libano e ao mesmo tempo condenar Israel?

Por Robert Fisk – The Independent – 7 de Janeiro de 2005

Nunca antes isso aconteceu no Libano. Desde que o exercito Sirio entrou no pais a pedido dos Catolicos Maronitas Libaneses, em 1976 – apenas um ano apos o inicio da Guerra Civil que durou 15 anos – nunca houve um debate publico sobre a presenca dos milhares de soldados sirios aqui, muito menos sobre a sufocante pressao politica exercida por Damasco para manter seu controle sobre o governo Libanes. Mas a resolucao 1559 lancada pela ONU no ano passado ordenando a retirada das tropas extrangeiras do pais, alem de uma serie de medidas agressivas tomadas pelos Estados Unidos contra a Siria, mudaram esse cenario, trazendo um clima de recentimento e debates. Ateh Walid Jumblatt, lider Druzo e um dos maiores aliados da Siria, agora diz que o Libano eh o ultimo “Pais Satelite” do mundo.

Os libaneses estao em choque. Eles sabem que Israel estah por traz dos recentes passeios do neo-conservador americano Richard Armitage, que ordena a retirada siria e o desarmamento da milicia anti-israelita Hizbollah, tem em grande parte uma mao de Israel. A enfraquecida Siria, sem nenhuma “forca anti-israelita” na sua fronteira, agora tenta fazer de tudo para agradar os EUA no Iraque e seu aliado Israel.

O suposto apoio sirio as forcas insurgentes iraquianas tem uma ironia em especial. Foi a alianca entre o rebelde libanes General Michel Aoun com Saddan Hussein que, em 1990, levou os EUA a apoiarem a Siria na destruicao de suas bases e aliados no Libano.

Mas o controle da Siria se tornou uma vociferacao tao cansativa quanto a dominacao Sovietica no Tratado de Varsovia. E as sucessivas tentativas do presidente pro-Siria Emile Lahoud para extender seu mandato foram demais. Os jornais libaneses, que antes deixavam suas criticas para as agencias internacionais, comecaram a dedicar seus editoriais as suspeitas contra Damasco de uma forma que chocou a Siria e muitos de seus leitores. “Damasco deve rever suas politicas sobre o Libano” ordenou o Daily Star. No dia 13 de dezembro, no assim chamado “Forum Democratico” que inclui Cristaos, Esquerdistas e o partido Druzo de Jumblatt, foi denunciada a interferencia “das forces de inteligencia sirias e libanesas para transformar o Libano num estado controlado pelo paihs vizinho”.

Quase que imediatamente, os oficiais do Mukhabrat, servico de inteligencia sirio, fecharam seu escritorio em Beirute e as tropas sirias nas montanhas em volta da cidade foram realocadas. A presenca siria nunca foi tao permiciosa quanto a ocupacao israelente no sul do pais, que acabou e 2000, mas a comunidade Maronita – que falhou na luta contra ambas as invasoes insraelense (1978 e 1982) – ha muito tenta liderar o pais contra o dominio sirio. Os contates reclames e tentativas de fazer com que Israel ceda as resolucoes da ONU, principalmente a 242 que ordena a retirada das tropas israelenses de West Bank e Gaza fazem da situacao ainda mais conplicada e perigosa. Pode a Siria querer obrigar Israel a seguir as resolucoes da ONU enquanto ignora a 1559? Ha muitos que acreditam que o jovem presidente Bashar Assad na tem nocao do quao serias sao as reividicoes libanesas e a resolucao da ONU para retirada das tropas Sirias.

Maronitas sugerem que o verdadeiro poder por tras do controle sirio no pais nao eh exercido pelo presidente e sim pelo chefe do servico de inteligencia sirio, General Rustom Ghazali. Os agents sirios andam facilmente no pais entre os quase um milhao de “trabalhadores convidados” sirios no Libano, mas os libaneses tem memoria longa.

O pai de Walid Jumblatt, Kamal, resistiu ao assedio sirio no comeco da Guerra civil efoi assassinado. Amigo pessoal do Sr. Kamal, Marwan Hamade, foi alvo de um ataque a bomba em novembro do ano passado. Ele sobreviveu, mas um guarda-costas foi morto.

A vida politica libanesa pode parecer para muitos Bizantina, ateh mesmo chata, mas as vezes pode mortal para seus participantes.

Nenhum comentário: