Ronaldinho Gaúcho... EXTRATERRESTRE!
Sábado passado estive no Santiago Bernabeu, onde vi o Barcelona destruir o Real Madrid por 3 a 0, numa partida inacreditável de Ronaldinho Gaúcho, o melhor jogador de futebol do mundo.
Tá certo que o Real Madrid nao jogou nada e que o Barcelona é uma das melhores equipes da Europa, com um elenco super equilibrado e super bem entrosado e preparado fisicamente, enquanto o Real vinha de 3 lesoes graves (Ronaldo, Zidane e Julio Batista). Mas a genialidade de Ronaldinho Gaúcho foi tamanha sábado que levou todo o estádio Madridista a aplaudi-lo de pé após o 3 gol, coisa que só havia acontecido antes uma vez, com Don Diego Maradona.
E após essa derrota humilhante dentro de casa, a crise está instalada no Real Madrid. E a primeira vítima pode ser conhecida amanha, quando o clube da capital enfrenta o Lyon de Juninho Pernambucano, a única equipe invicta da temporada europea. Nao se fala de outra coisa senao da demissao de Luxemburgo em caso de derrota para o Lyon. O treinador brasileiro é acusado de nao ter um esquema de jogo e de, principalmente, pecar na preparacao física dos jogadores.
Mas os espanhois nao culpam apenas Luxemburgo e sua comissao tecnica. O presidente do clube, Florentino Peres, é alvo de uma saraivada de críticas por faltar em critério para a contratacao de jogadores.
O Madrid hoje é claramente uma equipe torta, com deficiencias em praticamente todas as posicoes do campo e sem um banco de reserva a altura da tradicao do clube. Nao sei até que ponto Luxemburgo poderia fazer do elenco que tem uma equipe balanceada, mas a verdade é que, mesmo que fique até o fim da temporada, seu contrato nao será renovado. Flavio Capello já é dado como certo para assumir o clube para a proxima temporada e junto com ele devem chegar vário jogadores novos, um deles o alemao Ballack, anunciado hoje.
Assim como Luxemburgo, outro brasileiro que está mais fora do que dentro do Real Madrid é o Sáo Paulino Cicinho, que deve ser emprestado para alguma outra equipe espanhola já que, segundo os dirigentes e jornalistas espanhois, a lateral direita é uma das poucas posicoes do time onde nao se necessita mais jogadores.
Amanha estarei no Bernabeu de novo, para ver esse que promete ser um jogao.
terça-feira, 22 de novembro de 2005
domingo, 13 de novembro de 2005
Da Martinica aos suburbios de Paris
Na última quarta-feira, a França venceu a seleção da Costa Rica de virada por 3 a 2, em amistoso jogado na Ilha da Martinica.
Uma partida que teria tudo para ser uma qualquer dentre as dezenas que qualquer seleção joga todos os anos. Mas esse jogo em especial me chamou a atenção, pq me fez refletir alguns pontos sobre os conflitos entre minorias e Estado que chacoalham a França nas últimas semanas.
De um lado, estavam vários treinadores franceses, como Arsène Wenger e Gerard Houllier revoltados com a realização do amistoso que chamavam de "sem sentido", principalmente pelas 20 horas de viagem. Mas ao chegar à Martinica, ainda no aeroporto, Liliam Thuram, uma das estrelas da seleção francesa, disse "Estamos sim cansados, mas para nós jogadores essa viagem é muito mais do que apenas futebol".
Talvez isso tenha a ver com o fato de que ele, Thuram, assim como vários outros colegas de seleção nasceram ou tem suas origens ali nas ilhas do Caribe. Thierry Henry, por exemplo, o maior goleador da história do Arsenal, assim como Nicolas Anelka, estavam voltando para a ilha que um dia seus pais deixaram, buscando vida melhor na França.
Daí eu me pergunto: teria a França ganho a Copa de 98 sem o talento defensivo de Thuram, ou sem os dois gols dele contra a Croácia? O que seria desse time sem jogadores como Marcel Desailly ou Patrick Vieira, nascidos respectivamente em Gana e Senegal? E acima de tudo, o que seria dessa geração sem Zinédine Zidane, muçulmano filho de argelinos?
Hoje em toda Europa Zidade é um dos maiores heróis em meio às minorias árabes. Lembro de uma entrevista que vi num desses especiais de TV sobre a Copa, quando uma menina de seus 8 anos, filha de emigrantes Marroquinos, disse que ao ver Zidane jogar, ela se sentia "mais francesa que os próprios franceses".
Agora, tente dizer à algum francês que Zidane é árabe......
Para uns futebol pode ser apenas um jogo, mas aqui me ajuda a enxergar uma sociedade ridiculamente hipócrita.
Provavelmente políticos e sociedade conservadora Européia nunca vão chegar a esse ponto de raciocínio, numa análise da sua babaquice em diferentes níveis da sociedade. Mas até quando os atletas e emigrantes bem sucedidos vão continuar ignorando o problema que mais me preocupa.
Em 1968, nas Olimpíadas do México, dois sujeitos chamados Tommie Smith and John Carlos, com apenas uma luva negra e o punho cerrado, chamaram a atenção do mundo para o movimento Black Power e a questão racial nos EUA... Quem sabe essa viagem às origens sirva de inspiração para uma nova revolução!
Na última quarta-feira, a França venceu a seleção da Costa Rica de virada por 3 a 2, em amistoso jogado na Ilha da Martinica.
Uma partida que teria tudo para ser uma qualquer dentre as dezenas que qualquer seleção joga todos os anos. Mas esse jogo em especial me chamou a atenção, pq me fez refletir alguns pontos sobre os conflitos entre minorias e Estado que chacoalham a França nas últimas semanas.
De um lado, estavam vários treinadores franceses, como Arsène Wenger e Gerard Houllier revoltados com a realização do amistoso que chamavam de "sem sentido", principalmente pelas 20 horas de viagem. Mas ao chegar à Martinica, ainda no aeroporto, Liliam Thuram, uma das estrelas da seleção francesa, disse "Estamos sim cansados, mas para nós jogadores essa viagem é muito mais do que apenas futebol".
Talvez isso tenha a ver com o fato de que ele, Thuram, assim como vários outros colegas de seleção nasceram ou tem suas origens ali nas ilhas do Caribe. Thierry Henry, por exemplo, o maior goleador da história do Arsenal, assim como Nicolas Anelka, estavam voltando para a ilha que um dia seus pais deixaram, buscando vida melhor na França.
Daí eu me pergunto: teria a França ganho a Copa de 98 sem o talento defensivo de Thuram, ou sem os dois gols dele contra a Croácia? O que seria desse time sem jogadores como Marcel Desailly ou Patrick Vieira, nascidos respectivamente em Gana e Senegal? E acima de tudo, o que seria dessa geração sem Zinédine Zidane, muçulmano filho de argelinos?
Hoje em toda Europa Zidade é um dos maiores heróis em meio às minorias árabes. Lembro de uma entrevista que vi num desses especiais de TV sobre a Copa, quando uma menina de seus 8 anos, filha de emigrantes Marroquinos, disse que ao ver Zidane jogar, ela se sentia "mais francesa que os próprios franceses".
Agora, tente dizer à algum francês que Zidane é árabe......
Para uns futebol pode ser apenas um jogo, mas aqui me ajuda a enxergar uma sociedade ridiculamente hipócrita.
Provavelmente políticos e sociedade conservadora Européia nunca vão chegar a esse ponto de raciocínio, numa análise da sua babaquice em diferentes níveis da sociedade. Mas até quando os atletas e emigrantes bem sucedidos vão continuar ignorando o problema que mais me preocupa.
Em 1968, nas Olimpíadas do México, dois sujeitos chamados Tommie Smith and John Carlos, com apenas uma luva negra e o punho cerrado, chamaram a atenção do mundo para o movimento Black Power e a questão racial nos EUA... Quem sabe essa viagem às origens sirva de inspiração para uma nova revolução!
domingo, 6 de novembro de 2005
Welcome to the jungle!
Se Beirute é a "Paris do Oriente Médio", pq Paris não pode ser a Beirute Européia?
A piadinha de mau gosto em cima desses estereótipos estúpidos, serve pra dar uma noção da explosão de violência nos suburbios da capital Francesa. Porque se vc compara um lugar com Beirute, o que é a primeira coisa que te vem a cabeça?
A verdade é que desde o fim da guerra civil, há quase 15 anos, Beirute é uma das cidades mais seguras que eu já conheci. Fora o clima tenso nos meses após a morte de Hariri, com algumas bombas usadas claramente para assustar e não machucar a população, viver em Beirute é uma tranquilidade só. Não há criminalidade, o povo é simpático e acolhedor, e a qualidade de vida é excelente.
Mas quando vc tenta contar isso pra qualquer pessoa que nunca tenha estado no Líbano, a primeira reação é uma gargalhada, achando que vc está de brincadeira. Assim funciona o esteriótipo... Uma vez que a fama pega, compadre, tás lascado!
Enquanto isso na Europa, primeiro mundo, berço da civilização, a polícia racista e despreparada leva a morte de 2 adolescentes negros e o país vira de cabeça pra baixo. O que começou há uma semana em alguns suburbios isolados de Paris, se espalhou para outras cidade e ontem chegou ao seu pior dia, quando os conflitos atingiram bairros residenciais da capital. Pra ver um lado mais humano e pessoal de tudo que tá rolando, vale um pulo nesse blog.
Enquanto isso Beirute vive tranquila mais um domingo de outono, com as famílias caminhando pelo calçadão da praia e os amigos fumando narguile nas sacadas dos apartamentos... Por quanto tempo, não se sabe, mas pra que pensar nisso agora? O melhor é relaxar e curtir...
Se Beirute é a "Paris do Oriente Médio", pq Paris não pode ser a Beirute Européia?
A piadinha de mau gosto em cima desses estereótipos estúpidos, serve pra dar uma noção da explosão de violência nos suburbios da capital Francesa. Porque se vc compara um lugar com Beirute, o que é a primeira coisa que te vem a cabeça?
A verdade é que desde o fim da guerra civil, há quase 15 anos, Beirute é uma das cidades mais seguras que eu já conheci. Fora o clima tenso nos meses após a morte de Hariri, com algumas bombas usadas claramente para assustar e não machucar a população, viver em Beirute é uma tranquilidade só. Não há criminalidade, o povo é simpático e acolhedor, e a qualidade de vida é excelente.
Mas quando vc tenta contar isso pra qualquer pessoa que nunca tenha estado no Líbano, a primeira reação é uma gargalhada, achando que vc está de brincadeira. Assim funciona o esteriótipo... Uma vez que a fama pega, compadre, tás lascado!
Enquanto isso na Europa, primeiro mundo, berço da civilização, a polícia racista e despreparada leva a morte de 2 adolescentes negros e o país vira de cabeça pra baixo. O que começou há uma semana em alguns suburbios isolados de Paris, se espalhou para outras cidade e ontem chegou ao seu pior dia, quando os conflitos atingiram bairros residenciais da capital. Pra ver um lado mais humano e pessoal de tudo que tá rolando, vale um pulo nesse blog.
Enquanto isso Beirute vive tranquila mais um domingo de outono, com as famílias caminhando pelo calçadão da praia e os amigos fumando narguile nas sacadas dos apartamentos... Por quanto tempo, não se sabe, mas pra que pensar nisso agora? O melhor é relaxar e curtir...