segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Parlamento libanês adia pela 13ª vez a eleiçao presidencial

Mais uma vez foi adiada a sessao parlamentar que escolheria o presidente do Líbano. Desde o dia 14 de setembro, data prevista para que a eleiçao presidencial acontecesse, essa é a 13ª que os grupos políticos rivais adiam a votaçao por nao chegarem a um acordo sobre a representavidade de cada um dos grupos no novo governo.

A Liga dos Estados Árabes mandou o seu representante, o secretário-geral da entidade, Amir Moussa, para tentar uma mediaçao entre as partes. Mesmo com a adiaçao de hoje, Moussa está otimista quanto à resoluçao do impasse que deixa o país sem presidente desde novembro. Segundo o egípcio, a adiaçao era necessária para que os rivais terminem de acertar todos os detalhes para que, em fevereiro, a eleiçao possa finalmente acontecer.

A proposta da Liga Árabe consiste em que o novo presidente seja o comandante das Forças Armadas, general Michel Suleiman, nome que já tinha surgido anteriormente como o mais próximo de um concenso entre os dois blocos rivais. Além disso, a Liga propoe que nenhum bloco tenha maioria no novo gabinete ministerial e, assim, ninguém tenha poder de veto. Que dos 30 ministérios, 10 sejam para a situaçao, 10 para a oposiçao e 10 indicados pelo próprio presidente. Depois que o presidente seja eleito e que o novo governo de coalisao seja formado, entao seria a hora de mudar a lei eleitoral, modernizando-a e adaptando-a à atual realidade populacional do país.

O grande problema é que ninguém quer ficar sem o poder do veto e aí fica o impasse.

Vale lembrar que quando falamos de partidos políticos e grupos rivais no parlamento nao estamos falando apenas de divergências ideológicas. O Líbano é um país onde, até hoje, o sistema político é confecional e as mesmas lideranças "religiosas" que deram igniçao aos conflitos que levaram à 15 anos de guerra civil sao os que se mantém no poder até hoje. Nas ruas do país é claríssimo o clima de tensao sectária e desde o fim dos bombardeios isralenses, no ano passado, já foram registrados vários enfrentamentos violentos entre grupos rivais.

Mais uma vez a fragilidade do país é um prato cheio para ser usado pelas potências rivais da regiao para os seus propósitos mais escusos. Enquanto a Arábia Saudita apoia o grupo chamado 14 de Marços, liderado por Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro assassinado, Rafic Hariri, a Síria e Ira apoiam a oposiçao, o 8 de Março, liderado pelo líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah e pelo líder do Movimento Patriótico Livre, o ex-presidente e ex-primeiro-ministro, general Michel Aoun. Aoun é, inclusive, o nome preferido da oposiçao para assumir a presidência.

Nao é à toa que Amir Moussa se reuniu semana passada com o ditador sírio, Bashar El-Aassad, para conversar sobre o impasse no Líbano. Apesar da Síria nao estar mais presente oficialmente no país desde terminou a ocupaçao militar no país, há dois anos, o Aassad continua agindo como se o Líbano fosse o quintal da sua casa de veraneio.

A situaçao é complicada e parece que mais uma vez os políticos libaneses nao serao capazes de resolver sozinhos suas diferenças. Que mais uma vez serao os vizinhos que terao que obrigar suas marionetes a entrar em um acordo. Num momento em que o país deveria estar dando um exemplo de que pode ser independente e instaurar uma verdadeira democracia, a dependência do Líbano aos países vizinhos cresce em vez de diminuir.

Nenhum comentário: