quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Explosao mata pelo menos três pessoas e fere mais 20 no subúrbio de Beirute.

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A mistura preferida dos inimigos do Líbano nos últimos anos é juntar a tensao e desordem política com atentados terroristas.

Desde a enorme explosao que matou o ex-primeiro ministro Rafic Hariri, em fevereiro de 2005, foram ao todo onze atentados, entre carros-bomba e assassinatos políticos. Um deles em frente ao meu antigo prédio, no bairro de Achrafie, leste de Beirute, que matou o jornalista e escritor Samir Qassir.

No começo os alvos eram claramente personalidades libanesas envolvidas de alguma forma com a vida política do país, com poucas vítimas colaterais, mas hoje a história é diferente.

A bomba que explodiu no distrito industrial de Karantina matou três cidadaos comuns, um sírio e dois libaneses. Além deles, mais de 20 pessoas que também passavam por acaso pelo local ficaram feridas, algumas com gravidade. Um número que eu acho pequeno, devido ao grande movimento de veículos e pessoas na via, ao lado de Daura, que é um dos principais pontos de passagem para quem entra e sai de Beirute rumo ao norte

Segundo a polícia libanesa, o alvo pode ter sido um carro da embaixada americana que passava pelo local, mas que sofreu poucos danos. Aparentemente, o que salvou o oficiais americanos foi o carro onde estavam os dois libaneses que foram mortos, que ultrapassavam o veículo oficial e, por puro azar, ficaram entre os diplomatas e o carro bomba.

A explosao coincide com o final da visita do presidente americano, George W. Bush, na regiao e aumenta ainda mais a tensao política e sectária no país, que está desde novembro sem presidente, já que os dois blocos políticos nao chegam a um acordo sobre o questoes vitais como o número de cadeiras no parlamento e o nome do novo presidente.

Pequenos enfrentamentos entre grupos xiitas e sunitas e entre grupos rivais cristaos já foram registradas e um atentado como esse só faz aumentar a instabilidade.

Se os políticos libaneses quisessem o bem do país, tratariam de por um fim à situaçao de total anarquia em que o país vive hoje e escolheriam já o novo presidente. Nao que isso fosse mudar muita coisa, mas o vácuo de poder só aumenta a sensaçao de insegurança na populaçao.

Karantina é hoje uma regiao industrial e de passagem para quem vai e vem de cidades do norte, como Jounieh, Biblos e Tripoli. Mas durante muito tempo foi uma grande favela habitada por refugiados palestinos e curdos. O local tem esse nome pq era como as pessoas se referiam à área como uma zona de quarentena para imigrantes refugiados, totalmente marginal à capital. Em 1976, nessa antiga favela, cerca de mil pessoas foram mortas em um ataque de milícias cristãs que ficou conhecido como um dos mais sangrantos massacres da história do país.

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