domingo, 13 de janeiro de 2008

Se depender dos políticos libaneses, o futuro do país já está escrito!

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Há certas previsoes e análises que faço torcendo para estar errado. Principalmente as que venho formulando nos últimos três anos em relaçao ao futuro político, econômico e social do Líbano.

Já comprei brigas e inclusive fui censurado por diversas pessoas ligadas a associaçoes, fundaçoes ou órgaos políticos árabes no Brasil por meu "negativismo" e "pessimismo" em relaçao a atual situaçao do Líbano, diferente da abordagem utópica que é tao comum no meio árabe brasileiro de encarar o Líbano como um país das maravilhas, com suas lindas montanhas cobertas de enormes cedros e o centro majestoso de Beirute totalmente reconstruído.

Acho que deve ser muito fácil falar das maravilhas do Líbano quando se vive em um apartamento de luxo no Rio ou em Sao Paulo, indo passar férias uma vez ao ano numa casa de veraneio nas montanhas libanesas, da praia particular ao restaurante caríssimo dentro de um carro importado, totalmente alheio aos verdadeiros problemas do país.

E sao estes os libaneses que comandam o Líbano, a elite política corrupta formada por famílias que enriqueceram as custas da desgraça do país e passam de pai pra filho nao só as cadeiras do parlamento como tbm os apartamentos em Paris, Marbelha e Nova Iorque.

Enquanto quase um terço do país teve que deixar sua casa para trás enquanto Israel bombardeava de forma incansável cidades libanesas atrás dos "terroristas" do Hezbollah, os políticos que hoje acham que seus interesses pessoais sao mais importantes que escolher um novo presidente nao estavam em suas coberturas em West Beirut e sim com os rabos entre as pernas na Europa.

Foram movimentos comunitários e de jovens engajados que providenciaram as primeiras ajudas aos desabrigados da guerra contra Israel. Nenhuma surpresa já que a infra-estrutura do país e a presença do Estado no cotidiano dos libaneses é praticamente nula. Antes mesmo da guerra, nao havia um dia no qual nao faltasse luz ou água. Nao há estaçoes de tratamento de esgoto e o lixo vai parar em depósitos que sao verdadeiras montanhas tóxicas, às margens do Mediterrâneo, poluíndo as lindas praias da costa do país.

Um país que é tratado como se fosse descartável pelas potências regionais e internacionais, que só interferem quando seus interesses estao em jogo. E sao as mesmas famílias políticas que levaram o país à 15 anos de guerra civíl as que continuam no poder. A renovaçao existe, é verdade: de pai para filho. E a missao dos políticos libaneses nao é o bem do país e sim manter o bem da própria família, fazendo a vontade dos "aliados" em Washington, Paris, Riad, Damasco ou Teera.

A vaidade, arrogância, ganância e orgulho dos políticos libaneses que mantém, desde setembro, o país sem um presidente pode estar levando o Líbano rumo à novos conflitos sectários de proporçoes catastróficas. Já foram registrados pequenos enfrentamentos entre grupos xiitas e sunitas e entre grupos rivais católicos. O centro da cidade está sitiado pelo exército e Beirute vive sob a constante ameaça de assassinatos políticos e atentados terroristas que têm um crescente número de vítimas inocentes. A economia local vai de mal a pior, o desemprego aumenta a cada dia e os libaneses têm cada vez menos perspectiva de futuro no seu próprio país.

A disilusao aumenta ao ver o bate-boca dos vaidosos políticos de gel no cabelo e terno Armani, mais preocupados com as diferenças e interesses pessoais do que com o futuro do país.

Há quase quatro meses o Líbano está sem presidente. As eleiçoes, que deveriam acontecer no da 14 de setembro, sao adiadas constantemente pelas diferenças entre a aliança do governo e a oposiçao que nao conseguem chegar a um acordo em relaçao ao número de cadeiras no parlamento que cada um teria direito e o nome do novo presidente, entre outras coisas.

Em vez de discursos inflamados e pomposos mas sem nenhum conteúdo prático, os políticos libaneses têm que agir rápido para nao afundar o país ainda mais nessa situaçao de anarquia que precede o caos.

Mas conhecendo os políticos libaneses e seus aliados, um acordo nao deve acontecer tao cedo. Até pq eles nao tem pressa, já que no caso de uma escalada de conflitos, têm seus jatinhos com o tanque cheio esperando para levá-los de volta à Paris, Nova Iorque, Riad, Sao Paulo...

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