quinta-feira, 11 de maio de 2006

Entendendo e formando opiniao sobre a crise do gás boliviano

A página web do O Globo já tinha lançado há um tempinho uma sessao especial sobre petróleo, mas que só agora mostra seu verdadeiro valor informativo.

Principalmente nos blogs que mantém três especialistas na área de petróleo e recursos energéticos, se entende de forma clara e simples o que está acontecendo e quais serao as consequencias da nacionalizaçao do gás boliviano.

Uma das notícias que me chama mais a atençao vem do blog do professor da UFRJ, Adriano Pires, sobre o projeto de construçao do Gasoduto Transbolivariano.

O texto segue abaixo para que compartam comigo mais uma preocupaçao com presepadas e irresponsabilidades do nosso presidente da república.

O Gasoduto Transbolivariano

No encontro em Puerto Iguazu, para discutir a nacionalização da indústria do petróleo e gás natural na Bolívia, os presidentes do Brasil, Argentina, Venezuela e Bolívia insistiram, mais uma vez, na necessidade de construir o Gasoduto Transbolivariano. Com uma extensão de 10 mil quilômetros, o megagasoduto sairá da Venezuela e, atravessando a Amazônia, chegará em Manaus, onde se dividirá em dois trechos, um em direção à Região Nordeste e outro à Brasília, de onde seguirá para o Rio de Janeiro, e daí atingirá a Argentina, após cruzar o Uruguai,. Orçado em cerca de US$ 25 bilhões, o gasoduto escoará até 150 milhões de m³/dia de gás venezuelano quando estiver pronto, após nove anos de obras.

Como se não bastassem os riscos tecnológicos inerentes a um empreendimento de tal envergadura, a construção do gasoduto enfrenta outros quatro grandes riscos. O primeiro é ambiental. O projeto terá de obter licenças ambientais para todo o seu traçado, com especial dificuldade para a longa travessia pela Amazônia.
O segundo risco é de natureza econômica. No Brasil, obras de menor complexidade acabaram demorando mais que o previsto e com custos inflacionados. Além disso, o gasoduto adotará uma tarifa postal, com o custo de transporte rateado igualmente por todos os consumidores situados ao longo do seu trajeto. Na prática, isto significa que os consumidores brasileiros subsidiarão os argentinos localizados no final do gasoduto.

O terceiro risco é de ordem política. Os resultados da Petrobras na Argentina, Venezuela e, principalmente, Bolívia, demonstram claramente o risco de se investir em países governados por presidentes populistas que, em nome de um nacionalismo anacrônico, desrespeitam contratos, congelam preços e tarifas e nacionalizam indústrias.

Esses três fatores de risco conduzem ao quarto, que é o risco financeiro do projeto. Como seria financiada uma obra que custa U$ 25 bilhões? Qual banco toparia financiá-la, diante de tamanhos riscos tecnológicos, ambientais, econômicos e políticos?
O Presidente Lula parece ignorar a situação grave em que se encontra o mercado nacional de gás natural. Ao invés buscar soluções para aumentar a segurança da oferta interna de gás e diversificar as fontes de importação, prefere insistir em mais uma aventura. O que governo deve fazer é empenhar-se na aprovação de uma lei para o gás natural, que transmita segurança e atraia investidores que poderiam acelerar o crescimento da oferta interna de gás natural. Esta lei criaria condições para que empresas privadas, em parceria ou não com a Petrobras, diversificassem as fontes importação de gás natural através da construção no país de plantas de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL).

Este sim é um projeto com racionalidade econômica e para o qual vale a pena o governo envidar esforços na sua concretização.

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