Um massacre sem precedentes!
Parece inacreditável que só agora escutemos vozes representativas na comunidade política internacional falando sobre crimes contra a humanidade nas ações inacreditavelmente brutais do governo israelense no Líbano.
A expressão "efeito colateral" usada por porta vozes israelense se referindo a morte de civís nos bombardeios ao Líbano já estava começando a me causar náuseas.
Autoridades libanesas já calculam um número de 500 mil refugiados internos no país, ou seja, ainda que fosse declarado hj um cessar fogo, 1/6 da população do Líbano não teria para onde voltar. 500 mil pessoas que perderam tudo por causa dos bombardeios israelenses.
As imagens de crianças mortas e alejadas pelas forças israelenses estampam os jornais e televisoes do mundo todo. Crianças, mulheres, velhos e homens de bem são os que estão morrendo. Suas casas que estão sendo destruidas. Ou vc já viu até agora alguma foto ou imagem de algum guerrilheiro morto ou base militar do Hezbollah destruída.
"Efeito colateral" é o que dizem os políticos e militares israelenses. "Um mal necessário para se chegar aos terroristas".
Até quando Israel estará impune a essas barbaridades?! Até quando teremos que ver gente morta e humilhada no Líbano e Palestina para que a justiça chegue até a Terra Santa e Israel seja levado à côrte de crimes internacionais e julgada como outros países e líderes já foram?!
Israel sempre se gaba da precisão cirurgica de seus ataques e da tecnologia do seu exercito. Então como pode haver tanto "efeito colateral"? Será mesmo "efeito colateral" ou estamos falando mesmo de pura e simples barbaridade?
Por que Israel bombardeou e destruiu a Liban Lait, maior fábrica de leite do Líbano?
Por que Israel bombardeou o comboio de ambulâncias que estava a caminho de Beirute, doadas pelo governo dos Emirados Arabes?
Por que Israel bombardeou e destruiu a sede e depósito da empresa representante importadora de medicamentos da P&G?
Por que Israel bombardeou e destruiu um caminhão carregado de comida e medicamentos?
Por que Israel bombardeou e destruiu um estacionamento em Achrafie, principal bairro cristão de Beirute?
Por que Israel bombardeou e destruiu o comboio de carros que levavam várias famílias que fugiam do sul do Líbano, seguindo as instruções das forças israelense para que o fizessem? Vinte pessoas morreram, sendo que uma delas era a menina da foto acima.
Eram todos "alvos terroristas"?!
quinta-feira, 20 de julho de 2006
sábado, 15 de julho de 2006
Prepare-se para o pior
Como eu disse no post anterior, a situação é tão incerta e imprevisível que literalmente qualquer coisa pode acontecer. Desde um cessar fogo até uma declaração de guerra contra a Síria.
E nesse post quero analisar a segunda possibilidade, a de uma invasão massiça do exército israelense no Líbano e uma guerra aberta contra a Síria.
A Stratfor Intelligence, uma das principais consultorias internacionais especializadas em análises de conflitos para grandes empresas e investidores internacionais, acaba de soltar seu relatório sobre o conflito e seus prognósticos são os piores possíveis.
A Stratfor prevê - para os próximos dias - uma invasão israelense pela costa, que poderia ir até o sul de Beirute, e pelo Bekaa dominando a fronteira com a Síria. Simultaneamente a isso, ataques aéreos simultâneos já ao território sírio, destruindo as atilharias anti-aéreas do rival ao longo da fronteira com o Líbano e com Israel.
Ambas ofensivas seriam fortes e sangrentas, com danos colaterais enormes para ambos os lados. Na ofensiva pelo solo, o exercito israelense enfrentaria diversos campos minados e há evidencias de que o Hezbollah possui armamento anti tanque de tecnologia russa. E a Síria têm, até onde se sabe, pelo menos 80 caças MiG-29 e 10 Su-27, entre outras aeronaves. Por mais que a força do exército israelense seja infinitamente superior ao dos adversários, não seria nem de perto uma batalha fácil.
E o que mais preocupa nessa possibilidade é o nível que poderia alcançar o número de vítimas civís durante a batalha. Poderíamos estar prestes a ver um enorme êxodo da população libanesa para países visinhos e um país prestes a estar em ruínas.
Vale lembrar que isso são análises feitas por alguns dos mais conceituados especialistas em táticas militares do planeta, que conhecem aquela região como as palmas de suas mãos. Mas não deixam de ser previsões e especulações, ou seja, nada disso é certo. Mas como é sempre bom estar preparado para o pior, fica aqui esse relatório, seguido de muita fé e torcida para que ele esteja rotundamente errado.
Como eu disse no post anterior, a situação é tão incerta e imprevisível que literalmente qualquer coisa pode acontecer. Desde um cessar fogo até uma declaração de guerra contra a Síria.
E nesse post quero analisar a segunda possibilidade, a de uma invasão massiça do exército israelense no Líbano e uma guerra aberta contra a Síria.
A Stratfor Intelligence, uma das principais consultorias internacionais especializadas em análises de conflitos para grandes empresas e investidores internacionais, acaba de soltar seu relatório sobre o conflito e seus prognósticos são os piores possíveis.
A Stratfor prevê - para os próximos dias - uma invasão israelense pela costa, que poderia ir até o sul de Beirute, e pelo Bekaa dominando a fronteira com a Síria. Simultaneamente a isso, ataques aéreos simultâneos já ao território sírio, destruindo as atilharias anti-aéreas do rival ao longo da fronteira com o Líbano e com Israel.
Ambas ofensivas seriam fortes e sangrentas, com danos colaterais enormes para ambos os lados. Na ofensiva pelo solo, o exercito israelense enfrentaria diversos campos minados e há evidencias de que o Hezbollah possui armamento anti tanque de tecnologia russa. E a Síria têm, até onde se sabe, pelo menos 80 caças MiG-29 e 10 Su-27, entre outras aeronaves. Por mais que a força do exército israelense seja infinitamente superior ao dos adversários, não seria nem de perto uma batalha fácil.
E o que mais preocupa nessa possibilidade é o nível que poderia alcançar o número de vítimas civís durante a batalha. Poderíamos estar prestes a ver um enorme êxodo da população libanesa para países visinhos e um país prestes a estar em ruínas.
Vale lembrar que isso são análises feitas por alguns dos mais conceituados especialistas em táticas militares do planeta, que conhecem aquela região como as palmas de suas mãos. Mas não deixam de ser previsões e especulações, ou seja, nada disso é certo. Mas como é sempre bom estar preparado para o pior, fica aqui esse relatório, seguido de muita fé e torcida para que ele esteja rotundamente errado.
Covardia, infâmia e crimes contra a humanidade
Nas últimas 48 horas estamos presenciando uma lição de covardia dado pelo governo do senhor Ehud Olmert, que de forma suja e brutal manda seu exército com força total para transformar o Líbano em um inferno.
Incapaz de encontrar as bases e esconderijos do Hezbollah, a tática israelense é afundar o Líbano no caos e, quem sabe, causar uma guerra civil de proporções ainda mais trágicas do que a das décadas de 70 e 80.
Ataques à infraestrutura do país, prédios e casas de civis, bairros residenciais e densamente populados, regiões cristãs que são inclusive os maiores opositores da milícia xiita que foi responsável pela nova onda de violência. A discrepância entre os alvos dos ataques e o discurso e justificativa dados pelo governo israelense é tremenda. Por um lado dizem que estão mirando e atacando células e depósitos, mas o que se vê na realidade são ataques randômicos e brutais, que em comum tem o fato de serem pontos vitais da ordem e sobrevivencia do país.
E Israel agora culpa o governo libanês, como se fossem os políticos de Beirute os que sequestraram os soldados ou os que estão puxando o gatilho e apertando os botões de lançamento dos mísseis que partem a cada minuto dos navios e aviões israelenses. O pobre e frágil governo libanês, que sabendo que não podia lutar contra o Hezbollah até tentou uma alternativa consciente e racional dando espaço e representação política ao grupo armado, acreditando que assim iriam aos poucos ceder suas armas e os conflitos pela diplomacia. E isso estava acontecendo, coisa que não agradou muito os interesses de outros peixes grandes na região, que se aproveitam da fragilidade do cenário político e social libanês para atingir seus interesses.
E quem sofre com isso tudo é o Líbano e seu povo, mais uma vez no centro de uma batalha sangrenta, sem ter o que fazer senão rezar.
Porém com essa tática de medo, covardia e humilhação na busca de uma nova guerra civil libanesa e fragmentação ainda maior da sua população, o uso desnecessário de força de israel pode estar conseguindo uma coisa que nos últimos 200 anos foi praticamente impossível, ou seja, unir o povo libanês. Pq o que começa a se notar é que, mesmo com a grande maioria da população tendo repudiado a operação do Hezbollah, os ataques estão sendo tão fortes que estão criando um senso de união contra um inimigo comum. O ataque bem sucedido a um navio de guerra israelense foi comemorado como um gol de Copa do Mundo em Beirute.
Fora isso, as imagens não escondem a brutalidade dos ataques e a comunidade internacional está praticamente toda condenando o governo israelense.
Mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão ou fazer qualquer prognóstico, até pq eu tenho que assumir que é difícil ainda manter a minha cabeça no lugar e pensar de forma fria e analisar a situação com as visões acadêmica e prática necessárias, que adquiri em 2 anos vivendo e estudando ciências políticas no Oriente Médio. È tão possível uma guerra em larga escala involvendo inclusive a Síria, quanto um cessar fogo de Israel a qualquer momento. Isso pq, ao mesmo tempo que Israel pode achar que já demonstrou - mais uma vez - a sua força e deu o seu recado, pode ser tbm que ache que a hora é essa de resolver de uma vez por todas suas diferenças com os inimigos vizinhos.
Então a nós agora só nos resta observar e rezar, pq o futuro desse lindo e apaixonante país e povo estão mais uma vez na corda bamba.
Nas últimas 48 horas estamos presenciando uma lição de covardia dado pelo governo do senhor Ehud Olmert, que de forma suja e brutal manda seu exército com força total para transformar o Líbano em um inferno.
Incapaz de encontrar as bases e esconderijos do Hezbollah, a tática israelense é afundar o Líbano no caos e, quem sabe, causar uma guerra civil de proporções ainda mais trágicas do que a das décadas de 70 e 80.
Ataques à infraestrutura do país, prédios e casas de civis, bairros residenciais e densamente populados, regiões cristãs que são inclusive os maiores opositores da milícia xiita que foi responsável pela nova onda de violência. A discrepância entre os alvos dos ataques e o discurso e justificativa dados pelo governo israelense é tremenda. Por um lado dizem que estão mirando e atacando células e depósitos, mas o que se vê na realidade são ataques randômicos e brutais, que em comum tem o fato de serem pontos vitais da ordem e sobrevivencia do país.
E Israel agora culpa o governo libanês, como se fossem os políticos de Beirute os que sequestraram os soldados ou os que estão puxando o gatilho e apertando os botões de lançamento dos mísseis que partem a cada minuto dos navios e aviões israelenses. O pobre e frágil governo libanês, que sabendo que não podia lutar contra o Hezbollah até tentou uma alternativa consciente e racional dando espaço e representação política ao grupo armado, acreditando que assim iriam aos poucos ceder suas armas e os conflitos pela diplomacia. E isso estava acontecendo, coisa que não agradou muito os interesses de outros peixes grandes na região, que se aproveitam da fragilidade do cenário político e social libanês para atingir seus interesses.
E quem sofre com isso tudo é o Líbano e seu povo, mais uma vez no centro de uma batalha sangrenta, sem ter o que fazer senão rezar.
Porém com essa tática de medo, covardia e humilhação na busca de uma nova guerra civil libanesa e fragmentação ainda maior da sua população, o uso desnecessário de força de israel pode estar conseguindo uma coisa que nos últimos 200 anos foi praticamente impossível, ou seja, unir o povo libanês. Pq o que começa a se notar é que, mesmo com a grande maioria da população tendo repudiado a operação do Hezbollah, os ataques estão sendo tão fortes que estão criando um senso de união contra um inimigo comum. O ataque bem sucedido a um navio de guerra israelense foi comemorado como um gol de Copa do Mundo em Beirute.
Fora isso, as imagens não escondem a brutalidade dos ataques e a comunidade internacional está praticamente toda condenando o governo israelense.
Mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão ou fazer qualquer prognóstico, até pq eu tenho que assumir que é difícil ainda manter a minha cabeça no lugar e pensar de forma fria e analisar a situação com as visões acadêmica e prática necessárias, que adquiri em 2 anos vivendo e estudando ciências políticas no Oriente Médio. È tão possível uma guerra em larga escala involvendo inclusive a Síria, quanto um cessar fogo de Israel a qualquer momento. Isso pq, ao mesmo tempo que Israel pode achar que já demonstrou - mais uma vez - a sua força e deu o seu recado, pode ser tbm que ache que a hora é essa de resolver de uma vez por todas suas diferenças com os inimigos vizinhos.
Então a nós agora só nos resta observar e rezar, pq o futuro desse lindo e apaixonante país e povo estão mais uma vez na corda bamba.
quinta-feira, 13 de julho de 2006
Revolta, tristeza, irresponsabilidade e reflexões...
Taí... aconteceu o que todo mundo tinha certeza que iria acontecer mas tentava se convencer do contrário, tamanho o medo da volta aos tempos de guerra.
No Líbano existia essa espécie de mantra que era repetido dia após dia pelos libaneses como se estivessem tentando se convercer de que realmente estaria tudo bem, tudo perfeito, de que o país estaria estável e que os tempos de conflitos eram definitivamente coisa do passado. Mas no fundo, todos sabiam que não era bem assim.
Por isso não me surpreende tudo isso que está acontecendo desde ontem, essa reação em cadeia iniciada pelo oportunismo irresponsavel do Hezbollah, que provou não ser um movimento de resistencia nacionalista e sim uma milícia islamista a serviço de ditaduras e governos que pouco se importam com o futuro do Líbano e a segurança de seu povo.
É amigos, dessa vez não dá pra culpar apenas Israel. Dessa vez há tbm outros culpados. Dessa vez não há heróis, só vilões. O Hezbollah sabia muito bem o que seguiria o sequestro dos soldados israelenses. Por mais que o ódio e o rancor existissem, era inegável que a situação na fronteira estava há muito tempo estável.
Estável até ontem, já que o Hezbollah e o governo sírio se aproveitaram da situação para começar uma nova guerra. Se aproveitaram do momento já que Gaza está sendo atacada, que é crescente a reprovação da opinião pública internacional contra o embargo às ajudas humanitárias à Palestina, assim como à escalada da violência do exército israelense. Se aproveitaram disso para invadir, com aprovação e apoio de sírio, a Linha Azul - fronteira provisória entre Líbano e Síria que está sob a tutela da ONU - e matar três soldados israelenses e sequestrar outros dois, sob o pretexto de estar exigindo a libertação de prisioneiros árabes que estão sob a custódia de Israel.
Que outra saída tinha Israel senão a de atacar o Líbano? Sinceramente se poderia esperar outra reação de Israel senão esta? Até pq, afinal de contas, mesmo sabendo que o governo libanês não tem controle da milícia, estamos lidando com países que se dizem soberanos e que deveriam manter a ordem e controle sob seus territórios.
E quem sofre com os efeitos colaterais dessa briga de poderes entre Israel, Hezbollah e Síria?!
O Hezbollah não é, pq a milícia não possue bases fixas e suas celulas estão espalhadas por praticamente todo o território libanês, sendo praticamente impossível de serem encontradas, quanto menos destruidas. Meu ex-professor e ex-chefe das forças da ONU no sul do Líbano, Timur Goksel, garantiu hj ao vivo na BBC que nenhuma base militar ou de inteligencia do Hezbollah foi atingida pelos bombardeios.
A Síria tbm não é, pq ela está longe de todo o conflito e, mesmo sem ter mais suas tropas em território libanês, continua comandando a festa lá daquela que há muito tempo é a verdadeira capital do Líbano, Damasco. Pra onde vcs acham que os enviados e negociadores da ONU e UE vão na tentativa de conseguir um acordo com o Hezbollah?
Plano muito engenhoso, pq obriga Israel a atacar e mandar suas tropas no território libanês, o que significa mais perdas para o exercito israelense. Hj de manhã o primeiro tanque Merkava que cruzou a fronteira deu de cara com uma fortíssima mina do Hezbollah, causando a perda do veículo e a morte de mais três soldados.
Israel perderá soldados, mas isso é um preço que se paga quando se vai ao campo de batalha. E campo de batalha Israel conhece muito bem. Mas o que o povo libanês tem a ver com isso? É ele quem vai sofrer de verdade com tudo isso, estando na linha de fogo dessa disputa covarde por não sei o que! Sofrem aqueles que estavam recomeçando sua vida, reconstruindo o país, apostando num futuro melhor e lutando com unhas e dentes para garantir o pão de cada dia.
Mesmo que se chegue a um improvável acordo nas próximas horas, mesmo com as dezenas de especulações e teorias que podemos levantar agora, uma coisa é certa: o Líbano acaba de sofrer um golpe irreparável na sua estabilidade, na sua imagem e economia que estavam começando a superar a desconfiança.
Isso é fato e é irrecuperável!
Mas agora não é hora de pensar em turistas, investimentos ou até mesmo em esperanças. Agora estamos falando de vidas. Cinquenta e cinco já morreram em apenas um dia. Quantos mais precisarão morrer nesse jogo doentio?! Quantos mais?!
Taí... aconteceu o que todo mundo tinha certeza que iria acontecer mas tentava se convencer do contrário, tamanho o medo da volta aos tempos de guerra.
No Líbano existia essa espécie de mantra que era repetido dia após dia pelos libaneses como se estivessem tentando se convercer de que realmente estaria tudo bem, tudo perfeito, de que o país estaria estável e que os tempos de conflitos eram definitivamente coisa do passado. Mas no fundo, todos sabiam que não era bem assim.
Por isso não me surpreende tudo isso que está acontecendo desde ontem, essa reação em cadeia iniciada pelo oportunismo irresponsavel do Hezbollah, que provou não ser um movimento de resistencia nacionalista e sim uma milícia islamista a serviço de ditaduras e governos que pouco se importam com o futuro do Líbano e a segurança de seu povo.
É amigos, dessa vez não dá pra culpar apenas Israel. Dessa vez há tbm outros culpados. Dessa vez não há heróis, só vilões. O Hezbollah sabia muito bem o que seguiria o sequestro dos soldados israelenses. Por mais que o ódio e o rancor existissem, era inegável que a situação na fronteira estava há muito tempo estável.
Estável até ontem, já que o Hezbollah e o governo sírio se aproveitaram da situação para começar uma nova guerra. Se aproveitaram do momento já que Gaza está sendo atacada, que é crescente a reprovação da opinião pública internacional contra o embargo às ajudas humanitárias à Palestina, assim como à escalada da violência do exército israelense. Se aproveitaram disso para invadir, com aprovação e apoio de sírio, a Linha Azul - fronteira provisória entre Líbano e Síria que está sob a tutela da ONU - e matar três soldados israelenses e sequestrar outros dois, sob o pretexto de estar exigindo a libertação de prisioneiros árabes que estão sob a custódia de Israel.
Que outra saída tinha Israel senão a de atacar o Líbano? Sinceramente se poderia esperar outra reação de Israel senão esta? Até pq, afinal de contas, mesmo sabendo que o governo libanês não tem controle da milícia, estamos lidando com países que se dizem soberanos e que deveriam manter a ordem e controle sob seus territórios.
E quem sofre com os efeitos colaterais dessa briga de poderes entre Israel, Hezbollah e Síria?!
O Hezbollah não é, pq a milícia não possue bases fixas e suas celulas estão espalhadas por praticamente todo o território libanês, sendo praticamente impossível de serem encontradas, quanto menos destruidas. Meu ex-professor e ex-chefe das forças da ONU no sul do Líbano, Timur Goksel, garantiu hj ao vivo na BBC que nenhuma base militar ou de inteligencia do Hezbollah foi atingida pelos bombardeios.
A Síria tbm não é, pq ela está longe de todo o conflito e, mesmo sem ter mais suas tropas em território libanês, continua comandando a festa lá daquela que há muito tempo é a verdadeira capital do Líbano, Damasco. Pra onde vcs acham que os enviados e negociadores da ONU e UE vão na tentativa de conseguir um acordo com o Hezbollah?
Plano muito engenhoso, pq obriga Israel a atacar e mandar suas tropas no território libanês, o que significa mais perdas para o exercito israelense. Hj de manhã o primeiro tanque Merkava que cruzou a fronteira deu de cara com uma fortíssima mina do Hezbollah, causando a perda do veículo e a morte de mais três soldados.
Israel perderá soldados, mas isso é um preço que se paga quando se vai ao campo de batalha. E campo de batalha Israel conhece muito bem. Mas o que o povo libanês tem a ver com isso? É ele quem vai sofrer de verdade com tudo isso, estando na linha de fogo dessa disputa covarde por não sei o que! Sofrem aqueles que estavam recomeçando sua vida, reconstruindo o país, apostando num futuro melhor e lutando com unhas e dentes para garantir o pão de cada dia.
Mesmo que se chegue a um improvável acordo nas próximas horas, mesmo com as dezenas de especulações e teorias que podemos levantar agora, uma coisa é certa: o Líbano acaba de sofrer um golpe irreparável na sua estabilidade, na sua imagem e economia que estavam começando a superar a desconfiança.
Isso é fato e é irrecuperável!
Mas agora não é hora de pensar em turistas, investimentos ou até mesmo em esperanças. Agora estamos falando de vidas. Cinquenta e cinco já morreram em apenas um dia. Quantos mais precisarão morrer nesse jogo doentio?! Quantos mais?!