Covardia, infâmia e crimes contra a humanidade
Nas últimas 48 horas estamos presenciando uma lição de covardia dado pelo governo do senhor Ehud Olmert, que de forma suja e brutal manda seu exército com força total para transformar o Líbano em um inferno.
Incapaz de encontrar as bases e esconderijos do Hezbollah, a tática israelense é afundar o Líbano no caos e, quem sabe, causar uma guerra civil de proporções ainda mais trágicas do que a das décadas de 70 e 80.
Ataques à infraestrutura do país, prédios e casas de civis, bairros residenciais e densamente populados, regiões cristãs que são inclusive os maiores opositores da milícia xiita que foi responsável pela nova onda de violência. A discrepância entre os alvos dos ataques e o discurso e justificativa dados pelo governo israelense é tremenda. Por um lado dizem que estão mirando e atacando células e depósitos, mas o que se vê na realidade são ataques randômicos e brutais, que em comum tem o fato de serem pontos vitais da ordem e sobrevivencia do país.
E Israel agora culpa o governo libanês, como se fossem os políticos de Beirute os que sequestraram os soldados ou os que estão puxando o gatilho e apertando os botões de lançamento dos mísseis que partem a cada minuto dos navios e aviões israelenses. O pobre e frágil governo libanês, que sabendo que não podia lutar contra o Hezbollah até tentou uma alternativa consciente e racional dando espaço e representação política ao grupo armado, acreditando que assim iriam aos poucos ceder suas armas e os conflitos pela diplomacia. E isso estava acontecendo, coisa que não agradou muito os interesses de outros peixes grandes na região, que se aproveitam da fragilidade do cenário político e social libanês para atingir seus interesses.
E quem sofre com isso tudo é o Líbano e seu povo, mais uma vez no centro de uma batalha sangrenta, sem ter o que fazer senão rezar.
Porém com essa tática de medo, covardia e humilhação na busca de uma nova guerra civil libanesa e fragmentação ainda maior da sua população, o uso desnecessário de força de israel pode estar conseguindo uma coisa que nos últimos 200 anos foi praticamente impossível, ou seja, unir o povo libanês. Pq o que começa a se notar é que, mesmo com a grande maioria da população tendo repudiado a operação do Hezbollah, os ataques estão sendo tão fortes que estão criando um senso de união contra um inimigo comum. O ataque bem sucedido a um navio de guerra israelense foi comemorado como um gol de Copa do Mundo em Beirute.
Fora isso, as imagens não escondem a brutalidade dos ataques e a comunidade internacional está praticamente toda condenando o governo israelense.
Mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão ou fazer qualquer prognóstico, até pq eu tenho que assumir que é difícil ainda manter a minha cabeça no lugar e pensar de forma fria e analisar a situação com as visões acadêmica e prática necessárias, que adquiri em 2 anos vivendo e estudando ciências políticas no Oriente Médio. È tão possível uma guerra em larga escala involvendo inclusive a Síria, quanto um cessar fogo de Israel a qualquer momento. Isso pq, ao mesmo tempo que Israel pode achar que já demonstrou - mais uma vez - a sua força e deu o seu recado, pode ser tbm que ache que a hora é essa de resolver de uma vez por todas suas diferenças com os inimigos vizinhos.
Então a nós agora só nos resta observar e rezar, pq o futuro desse lindo e apaixonante país e povo estão mais uma vez na corda bamba.
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