sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Entrevistando Dana White
Ao lado dos proprietários do UFC, Lorenzo Fertitta (esquerda) e Dana White.
Vai ao ar amanhã, no Sportv, uma entrevista que fiz em Birmingham, Inglaterra, com a personalidade mais importante do mundo das lutas na atualidade, o americano Dana White, presidente do maior evento de lutas do planeta, o Ultimate Fighting Championship.
Eu já havia ido à vários outros eventos de lutas, mas foi meu primeiro UFC... Quem é fã de lutas sabe como ir à um UFC é difícil. A maioria deles acontece nos EUA, em Las Vegas, com entradas caríssimas e que esgotam rapidamente. A oportunidade de ir profissionalmente nunca havia surgido, já que o MMA pra mim sempre foi uma atividade paralela à minha vida de jornalista.
Mas dessa vez a oportunidade surgiu quase que por acaso, numa mescla de atitude e sorte.
Como tive esse período livre após a cobertura das Olimpíadas pela Globonews, fui à Europa para ajudar a levar o resto da mudança da minha mulher da Espanha para o Brasil.
Já havia tentado antes cobrir outros eventos do UFC, mas sem sucesso. Sempre o meu trabalho principal ficava no meio do caminho, fosse ele a Globo, BBC ou ONU. Ficava complicado largar tudo pra fazer algo assim. Mas dessa vez era diferente, eu tinha tempo e, com a criação do Sensei Sportv, a oportunidade perfeita para fazer uma matéria bacana e que valesse a aventura.
Mas para valer a ida não bastaria cobrir o evento, tinha que pintar algo mais... Um furo ou uma exclusiva com alguém importante... Só valeria a pena se conseguisse uma entrevista com o Dana White, presidente do UFC.
Dana White é o maior responsável pela revolução que o mundo das lutas vem passando nos últimos 7 anos. Quando ele convenceu os milionários irmãos Fertitta, seus amigos de infância, a comprarem o UFC, o vale-tudo era marginalizado e ilegal em praticamente todos os estados americanos, comparado inclusive pelo então senador republicano John McCain como uma "rinha de galos humana".
O preço da aposta: 2 milhões de dólares.
No começo, prejuízo. Conversando com Lorenzo Fertitta, ele me disse que nos primeiros dois anos eles pensaram várias vezes em fechar as portas da organização. Mas a influência dos Fertitta entre as comissões atléticas e a insistência e as idéias de Dana White renderam frutos. Primeiro eles fizeram uma série de mudanças nas regras, transformando o antigo vale-tudo no moderno MMA (Mistura de Artes Marciais). Com isso, deram uma cara nova à organização, que foi definitivamente estabelecida com a popularidade do reality show The Ultimate Fighter. A idéia de Dana White de colocar 16 lutadores fechados numa casa estilo Big Brother e treiná-los para que lutassem entre si em cadeia nacional por um contrato final no UFC foi um sucesso absoluto nos EUA, transformando o MMA numa febre nacional.
Enquanto o UFC ganhava cara de esporte e conquistava espaço nos meios de comunicação esportivos como uma espécie de novo boxe, no Japão a principal organização do país, o Pride, pecava em transformar o vale-tudo num show de gosto duvidoso, promovendo lutas bizarras entre uma luta séria e outra. Unindo isso à falta de profissionalismo e às descobertas do evolvimento da máfia japonesa, a Yakuza, com os organizadores do evento, os melhores lutadores foram aos poucos deixando a terra do sol nascente para a nova meca do MMA mundial, os EUA.
Com o trabalho sério e profissional, com visão de mercado e planejamento estratégico digno das melhores ligas de esportes profissionais do mundo, o UFC conseguiu tranformar o MMA no esporte que mais cresce em popularidade no mundo hoje em dia.
A organização hoje vale cerca de US$1 bilhão de dólares e as vendas de pay per view já ultrapassam as 5 milhões de compras anuais. Os quase 300 atletas empregados pelo UFC ganham em média US$100 mil por ano e as grandes estrelas tem um rendimento anual na casa dos milhões. A organização já fez diversos eventos no Reino Unido e tem planejados eventos na Alemanha, Finlândia, Filipinas, Austrália e Itália para o ano que vem, sendo que o Brasil entra no calendário em 2010.
Com a popularidade do MMA e do UFC nos EUA, Dana e os irmãos Fertitta se transformaram em celebridades quase inacessíveis. Por isso a importância de se conseguir uma entrevista com eles, hoje em dia um privilégio de poucos.
Já na Espanha, com a ajuda da colega Clarisse Granadeiro e do empresário Marcelo Tetel, que iria ao evento com o Luiz Arthur Cané ("Banha"), consegui um contato com os organizadores do evento. Em contato com o UFC, descolei as credenciais, comprei a primeira passagem para Inglaterra e parti, sem saber se a entrevista sairia ou não.
Cheguei na quarta-feira à noite, três dias antes do evento. Geralmente a semana de um UFC é cheia de atividades dedicadas aos fãs e à imprensa especializada. Na quarta, rola um treino aberto onde os lutadores dão uma primeira impressão sobre como estão para os confrontos do sábado. Na quinta, uma coletiva de imprensa. A sexta-feira é um dia dedicado aos fãs, com as pesagens abertas ao público e com perguntas e respostas dos fãs com os atletas e com Dana White. E o mais engraçado é que a grande estrela é mesmo o presidente do UFC, que responde a TODAS as perguntas da platéia sem nenhum constrangimento, num bate papo super descontraído e que dura quase duas horas e conta com aproximadamente mil e quinhentos fãs.
Eu fui na cara e na coragem porque sabia do interesse do UFC em divulgar os eventos internacionais. Hoje a expansão internacional do UFC é o maior objetivo da organização e, se a possibilidade de fazer uma exclusiva com Dana White fosse possível, seria num evento como esse, no centro da Inglaterra, sem pay per view e com atletas pouco conhecidos.
Acordei na quinta de manhã, coloquei a câmera e o resto do equipamento nas costas e parti para a coletiva do lutadores. Chegando lá, fui recebido por uma das cabeças do evento na Inglaterra, que por coincidência é de família armênia e tem uma irmã nascida no Líbano. Como eu morei dois anos em Beirute foi fácil a conversa fluir e ela se mostrou super interessada em ajudar a conseguir a exclusiva.
No meio da conversa se aproxima um senhor barba grisalha ao qual sou apresentado: Marshall Zelaznik, chefe de operações do UFC na Inglaterra. Enquanto me apresentava chega do outro lado um outro sujeito impaciente, perguntando quando começaria a coletiva. Era Dana White. Neste momento, minha nova amiga armênia me apresenta: "Dana, esse é Fernando Kallás, que veio do Brasil para fazer uma entrevista com você." Dana deu uma gargalhada seguida de uma expressão que, traduzida para o português seria um "Você está de sacanagem?!". Eu disse que não, que estávamos batalhando para mudar a imagem do esporte no Brasil e dar a devida importância aos lutadores brasileiros no país de origem. "Claro que eu dou a entrevista", disse ele estendendo a mão. "Cadê o seu equipamento? Vamos fazer agora mesmo!"
Eu tomei um susto, porque não esperava que fosse rolar naquele dia. Eu tinha feito um esboço das perguntas, junto com algumas idéias do Mário Filho e da Ana Hissa, criadores do Sensei, mas que estavam no hotel, no meu laptop. Mas a oportunidade não bate duas vezes na porta e fiz assim mesmo, na cara e na coragem. No final, um bate papo de quase uma hora que você vai poder conferir, editado, no Sensei Sportv deste sábado, dia 6 de dezembro, à meia-noite.
Pessoalmente, Dana White não faz juz a fama de arrogante, pelo contrário. Foi extremamente simpático não só durante a entrevista mas também em todas as outras vezes que nos encontramos até o fim do evento, no sábado. É sincero, carismático e tem uma espontaneidade rara entre celebridades. Vai ver a fama de arrogante vem daí, de não ter papas na língua e falar o que pensa. Se você pisa no calo ou na bola com ele, vai ouvir o que não quer. Mas no meu caso, a personalidade e disposição de Dana White funcionou sempre de forma positiva. Durante quase uma hora de entrevista, ele não deixou de responder uma pergunta sequer, sempre de forma clara e direta. Na entrevista dá pra notar o interesse dele no mercado brasileiro que, na minha opinião, será atacado por eles de forma cada vez mais agressiva nos próximos dois anos.
Portanto, se você é fã de lutas ou de esportes em geral, vale a pena conferir o Sensei Sportv com a entrevista especial com Dana White. Isso porque pode ser a primeira de muitas vezes que você verá esse sujeito em terras brasileiras.
Abaixo, o programa na íntegra:
sábado, 31 de maio de 2008
Poder paralelo sequestra e tortura jornalistas no Rio de Janeiro
Perplexidade e revolta foram os sentimentos que tive ao ler a notícia sobre o sequestro e tortura dos colegas da equipe de reportagem do jornal O Dia por milicianos da Favela do Batan, em Realengo, subúrbio do Rio.
A emoçao e comoçao sentidas também foram grandes, muito pela inevitável lembrança da morte de Tim Lopes, um dos meus maiores incentivadores e mentores quando eu ainda era estagiário na Editoria Rio da TV Globo. Tim era uma pessoa do bem, simples, humilde, simpática e competente, que tinha a perfeita noçao do papel social do jornalista e que queria fazer a diferença. Assim como, acredito eu, a equipe do jornal O Dia queria quando entrou na favela para denunciar as práticas criminosas das milícias que disputam com os traficantes o poder das áreas carentes cariocas.
Os colegas foram sequestrados e torturados durante sete horas e meia pelos chamados milicianos, período em que foram submetidos a socos e pontapés, choques elétricos, sufocamento com saco plástico, roleta-russa, tortura psicológica e todo tipo de situação degradante.
As Milícias, criadas sob o aparentemente inocente argumento de enfrentar o tráfico de drogas e livrar as comunidades pobres do crime organizado, se mostram muitas vezes piores do que os próprios traficantes.Compostas por policiais, agentes penitenciários, bombeiros e ex-servidores da Segurança Pública, eles dominam hoje cerca de 78 comunidades no Rio de Janeiro, onde estruturaram um exército muito bem armado e ditam leis a aproximadamente 2 milhões de cariocas, submetidos a um código penal que nunca foi escrito.
Deixo aqui meu repúdio e indignaçao à situaçao e meus mais sinceros votos de solidariedade e respeito aos colegas do jornal O Dia, que pagaram por tentar prestar um serviço a favor da cidadania e a todos os cidadaos cariocas, oprimidos pela criminalidade. Pagaram pela coragem e ousadia de querer fazer a diferença.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
OBRA PRIMA DOS IRMAOS COHEN!
Sei que o Líbano está em chamas, que hoje é o aniversário de 3 anos da morte de Hariri e que um dos militantes xiitas mais procurados do mundo foi assassinado em Damasco.
Mas hoje nao vou falar de nada disso.
Vou falar de um filme que acabo de ver e que termina por ser um dos melhores que já vi em toda minha vida.
Trata-se de "Onde os fracos nao têm vez" (No country for old man), o mais recente e tbm o mais brilhante trabalho dos irmao Ethan e Joel Cohen.
Desde já uma obra prima!
Nao lembro de um filme onde onde o vilao fosse um ser tao aterrorizante que faz com que todo o cinema prenda o fôlego todas as vezes que ele aparece na tela.
O papel memorável do espanhol Javier Bardem entra para a lista dos maiores viloes da história do cinema!
Ele é a personificaçao do mal, o Anjo da Morte, tao poderoso e violento que obriga o mocinho a desistir antes mesmo de enfrentá-lo.
O mocinho no caso é Tommy Lee Jones, que merecia inclusive a segunda indicaçao ao Oscar desse ano pelo papel do xerife Bell. Sua atuaçao é sublime, levando no rosto o semblante do desgosto sob a impotência perante um mundo e um mau que ele simplesmente nao pode enfrentar. Um xerife veterano que conheceu a profissao numa época onde, como ele mesmo diz, "xerifes nem armas levavam", e no momento em que é obrigado a sacar seu revólver pela primeira vez, descobre que o inimigo é algo tao inalcansável e de uma maldade tao incompreensível que a única alternativa é se aposentar em vez de caçá-lo.
Seus diálogos sao a alma do filme e conduzem essa história com um ar de contemplaçao, suspense e angústia impressionantes, sobre um mundo tao cruel e sem sentido que pessoas normais e decentes como o xerife e 90% das vítimas de Bardem simplesmente nao tem vez.
Os irmaos Cohen levam com maestria o espectador a um nível de suspense e adrenalina que poucas vezes provei numa sala de cinema. E no momento onde vc está preparado para alcançar o êxtase total, vem o anti-clímax abrupto num final niilista que obriga a platéia a uma reflexao. A narraçao do xerife, a trilha sonora e a conduçao magistral dos diretores criam uma aura noir explêndida nesse faroeste moderno sobre a banalizaçao da violência e a crueldade as vezes sem explicaçao de um EUA (ou um mundo?) em transformaçao, no começo da década de 80. Nao há motivos, nao há desculpas e nao há porquês. As vezes as coisas simplesmente acontecem e nao há nada mais o que fazer a nao ser jogar uma moeda para cima e escolher entre cara ou coroa.
Uma terra de ninguém, onde mocinhos se aposentam e viloes saem ilesos... ou nem tanto.
"Onde os fracos nao tem vez" é uma obra de arte, uma obra prima, que se resume no olhar e nas palavras de Tommy Lee Jones ao contar o sonho que teve com seu pai, cavalgando quando criança nas mesmas terras onde ele vive e viveu toda a sua vida, mas terra essa que ele nao consegue mais reconhecer e onde ele sabe que simplemente nao pertence mais.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Mais um carro bomba mata pelo menos onze pessoas em Beirute
O ano novo começa negro para os libaneses que, afundados na pior crise política do país desde o fim da guerra civil, foram vítimas hoje do segundo atentado de 2008.
Um carro bomba explodiu agora pela manha e matou pelo menos 11 pessoas no bairro de Chevrolet, entre as localidades de Furn El-Chebek e Hazmieh, na saída de Beirute para a Síria e o Vale do Bekaa.
Segundo autoridades, o alvo foi o capitao Wissam Eid, membro do Departamento de Informaçao das Forças de Segurança Interna Libanesas. A explosao teria matado Eid, dois guarda-costas e 8 pessoas mais que passavam pelo local. A bomba explodiu numa regiao muito movimentada, ao lado do centro comercial Abraj que tem um grande edifício de escritórios, vários restaurantes, cafés e um grande cinema.
O Departamento de Informaçao foi criado em 2005 para investigar, principalmente, os atentados terroristas que na época voltavam com força total ao país. Mas desde entao foi criticado publicamente várias vezes pela oposiçao por estar sendo usado para os interesses do da família Hariri e seus aliados.
Eid já tinha sido vítima de outro atentado há quase dois anos, quando atacado por uma granada na porta da sua casa. Apesar de graves ferimentos nas maos e nos braços, Eid sobriviveu.
O atentado de hoje acontece apenas 10 dias depois de que outro carro bomba explodisse numa regiao muito próxima, matando 3 pessoas e ferindo outras 20.
A crise no Líbano piora com a escalada da violência e com o vácuo de poder, já que o país está sem presidente desde o mês de novembro.
O ano novo começa negro para os libaneses que, afundados na pior crise política do país desde o fim da guerra civil, foram vítimas hoje do segundo atentado de 2008.
Um carro bomba explodiu agora pela manha e matou pelo menos 11 pessoas no bairro de Chevrolet, entre as localidades de Furn El-Chebek e Hazmieh, na saída de Beirute para a Síria e o Vale do Bekaa.
Segundo autoridades, o alvo foi o capitao Wissam Eid, membro do Departamento de Informaçao das Forças de Segurança Interna Libanesas. A explosao teria matado Eid, dois guarda-costas e 8 pessoas mais que passavam pelo local. A bomba explodiu numa regiao muito movimentada, ao lado do centro comercial Abraj que tem um grande edifício de escritórios, vários restaurantes, cafés e um grande cinema.
O Departamento de Informaçao foi criado em 2005 para investigar, principalmente, os atentados terroristas que na época voltavam com força total ao país. Mas desde entao foi criticado publicamente várias vezes pela oposiçao por estar sendo usado para os interesses do da família Hariri e seus aliados.
Eid já tinha sido vítima de outro atentado há quase dois anos, quando atacado por uma granada na porta da sua casa. Apesar de graves ferimentos nas maos e nos braços, Eid sobriviveu.
O atentado de hoje acontece apenas 10 dias depois de que outro carro bomba explodisse numa regiao muito próxima, matando 3 pessoas e ferindo outras 20.
A crise no Líbano piora com a escalada da violência e com o vácuo de poder, já que o país está sem presidente desde o mês de novembro.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Parlamento libanês adia pela 13ª vez a eleiçao presidencial
Mais uma vez foi adiada a sessao parlamentar que escolheria o presidente do Líbano. Desde o dia 14 de setembro, data prevista para que a eleiçao presidencial acontecesse, essa é a 13ª que os grupos políticos rivais adiam a votaçao por nao chegarem a um acordo sobre a representavidade de cada um dos grupos no novo governo.
A Liga dos Estados Árabes mandou o seu representante, o secretário-geral da entidade, Amir Moussa, para tentar uma mediaçao entre as partes. Mesmo com a adiaçao de hoje, Moussa está otimista quanto à resoluçao do impasse que deixa o país sem presidente desde novembro. Segundo o egípcio, a adiaçao era necessária para que os rivais terminem de acertar todos os detalhes para que, em fevereiro, a eleiçao possa finalmente acontecer.
A proposta da Liga Árabe consiste em que o novo presidente seja o comandante das Forças Armadas, general Michel Suleiman, nome que já tinha surgido anteriormente como o mais próximo de um concenso entre os dois blocos rivais. Além disso, a Liga propoe que nenhum bloco tenha maioria no novo gabinete ministerial e, assim, ninguém tenha poder de veto. Que dos 30 ministérios, 10 sejam para a situaçao, 10 para a oposiçao e 10 indicados pelo próprio presidente. Depois que o presidente seja eleito e que o novo governo de coalisao seja formado, entao seria a hora de mudar a lei eleitoral, modernizando-a e adaptando-a à atual realidade populacional do país.
O grande problema é que ninguém quer ficar sem o poder do veto e aí fica o impasse.
Vale lembrar que quando falamos de partidos políticos e grupos rivais no parlamento nao estamos falando apenas de divergências ideológicas. O Líbano é um país onde, até hoje, o sistema político é confecional e as mesmas lideranças "religiosas" que deram igniçao aos conflitos que levaram à 15 anos de guerra civil sao os que se mantém no poder até hoje. Nas ruas do país é claríssimo o clima de tensao sectária e desde o fim dos bombardeios isralenses, no ano passado, já foram registrados vários enfrentamentos violentos entre grupos rivais.
Mais uma vez a fragilidade do país é um prato cheio para ser usado pelas potências rivais da regiao para os seus propósitos mais escusos. Enquanto a Arábia Saudita apoia o grupo chamado 14 de Marços, liderado por Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro assassinado, Rafic Hariri, a Síria e Ira apoiam a oposiçao, o 8 de Março, liderado pelo líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah e pelo líder do Movimento Patriótico Livre, o ex-presidente e ex-primeiro-ministro, general Michel Aoun. Aoun é, inclusive, o nome preferido da oposiçao para assumir a presidência.
Nao é à toa que Amir Moussa se reuniu semana passada com o ditador sírio, Bashar El-Aassad, para conversar sobre o impasse no Líbano. Apesar da Síria nao estar mais presente oficialmente no país desde terminou a ocupaçao militar no país, há dois anos, o Aassad continua agindo como se o Líbano fosse o quintal da sua casa de veraneio.
A situaçao é complicada e parece que mais uma vez os políticos libaneses nao serao capazes de resolver sozinhos suas diferenças. Que mais uma vez serao os vizinhos que terao que obrigar suas marionetes a entrar em um acordo. Num momento em que o país deveria estar dando um exemplo de que pode ser independente e instaurar uma verdadeira democracia, a dependência do Líbano aos países vizinhos cresce em vez de diminuir.
Mais uma vez foi adiada a sessao parlamentar que escolheria o presidente do Líbano. Desde o dia 14 de setembro, data prevista para que a eleiçao presidencial acontecesse, essa é a 13ª que os grupos políticos rivais adiam a votaçao por nao chegarem a um acordo sobre a representavidade de cada um dos grupos no novo governo.
A Liga dos Estados Árabes mandou o seu representante, o secretário-geral da entidade, Amir Moussa, para tentar uma mediaçao entre as partes. Mesmo com a adiaçao de hoje, Moussa está otimista quanto à resoluçao do impasse que deixa o país sem presidente desde novembro. Segundo o egípcio, a adiaçao era necessária para que os rivais terminem de acertar todos os detalhes para que, em fevereiro, a eleiçao possa finalmente acontecer.
A proposta da Liga Árabe consiste em que o novo presidente seja o comandante das Forças Armadas, general Michel Suleiman, nome que já tinha surgido anteriormente como o mais próximo de um concenso entre os dois blocos rivais. Além disso, a Liga propoe que nenhum bloco tenha maioria no novo gabinete ministerial e, assim, ninguém tenha poder de veto. Que dos 30 ministérios, 10 sejam para a situaçao, 10 para a oposiçao e 10 indicados pelo próprio presidente. Depois que o presidente seja eleito e que o novo governo de coalisao seja formado, entao seria a hora de mudar a lei eleitoral, modernizando-a e adaptando-a à atual realidade populacional do país.
O grande problema é que ninguém quer ficar sem o poder do veto e aí fica o impasse.
Vale lembrar que quando falamos de partidos políticos e grupos rivais no parlamento nao estamos falando apenas de divergências ideológicas. O Líbano é um país onde, até hoje, o sistema político é confecional e as mesmas lideranças "religiosas" que deram igniçao aos conflitos que levaram à 15 anos de guerra civil sao os que se mantém no poder até hoje. Nas ruas do país é claríssimo o clima de tensao sectária e desde o fim dos bombardeios isralenses, no ano passado, já foram registrados vários enfrentamentos violentos entre grupos rivais.
Mais uma vez a fragilidade do país é um prato cheio para ser usado pelas potências rivais da regiao para os seus propósitos mais escusos. Enquanto a Arábia Saudita apoia o grupo chamado 14 de Marços, liderado por Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro assassinado, Rafic Hariri, a Síria e Ira apoiam a oposiçao, o 8 de Março, liderado pelo líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah e pelo líder do Movimento Patriótico Livre, o ex-presidente e ex-primeiro-ministro, general Michel Aoun. Aoun é, inclusive, o nome preferido da oposiçao para assumir a presidência.
Nao é à toa que Amir Moussa se reuniu semana passada com o ditador sírio, Bashar El-Aassad, para conversar sobre o impasse no Líbano. Apesar da Síria nao estar mais presente oficialmente no país desde terminou a ocupaçao militar no país, há dois anos, o Aassad continua agindo como se o Líbano fosse o quintal da sua casa de veraneio.
A situaçao é complicada e parece que mais uma vez os políticos libaneses nao serao capazes de resolver sozinhos suas diferenças. Que mais uma vez serao os vizinhos que terao que obrigar suas marionetes a entrar em um acordo. Num momento em que o país deveria estar dando um exemplo de que pode ser independente e instaurar uma verdadeira democracia, a dependência do Líbano aos países vizinhos cresce em vez de diminuir.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Explosao mata pelo menos três pessoas e fere mais 20 no subúrbio de Beirute.
A mistura preferida dos inimigos do Líbano nos últimos anos é juntar a tensao e desordem política com atentados terroristas.
Desde a enorme explosao que matou o ex-primeiro ministro Rafic Hariri, em fevereiro de 2005, foram ao todo onze atentados, entre carros-bomba e assassinatos políticos. Um deles em frente ao meu antigo prédio, no bairro de Achrafie, leste de Beirute, que matou o jornalista e escritor Samir Qassir.
No começo os alvos eram claramente personalidades libanesas envolvidas de alguma forma com a vida política do país, com poucas vítimas colaterais, mas hoje a história é diferente.
A bomba que explodiu no distrito industrial de Karantina matou três cidadaos comuns, um sírio e dois libaneses. Além deles, mais de 20 pessoas que também passavam por acaso pelo local ficaram feridas, algumas com gravidade. Um número que eu acho pequeno, devido ao grande movimento de veículos e pessoas na via, ao lado de Daura, que é um dos principais pontos de passagem para quem entra e sai de Beirute rumo ao norte
Segundo a polícia libanesa, o alvo pode ter sido um carro da embaixada americana que passava pelo local, mas que sofreu poucos danos. Aparentemente, o que salvou o oficiais americanos foi o carro onde estavam os dois libaneses que foram mortos, que ultrapassavam o veículo oficial e, por puro azar, ficaram entre os diplomatas e o carro bomba.
A explosao coincide com o final da visita do presidente americano, George W. Bush, na regiao e aumenta ainda mais a tensao política e sectária no país, que está desde novembro sem presidente, já que os dois blocos políticos nao chegam a um acordo sobre o questoes vitais como o número de cadeiras no parlamento e o nome do novo presidente.
Pequenos enfrentamentos entre grupos xiitas e sunitas e entre grupos rivais cristaos já foram registradas e um atentado como esse só faz aumentar a instabilidade.
Se os políticos libaneses quisessem o bem do país, tratariam de por um fim à situaçao de total anarquia em que o país vive hoje e escolheriam já o novo presidente. Nao que isso fosse mudar muita coisa, mas o vácuo de poder só aumenta a sensaçao de insegurança na populaçao.
Karantina é hoje uma regiao industrial e de passagem para quem vai e vem de cidades do norte, como Jounieh, Biblos e Tripoli. Mas durante muito tempo foi uma grande favela habitada por refugiados palestinos e curdos. O local tem esse nome pq era como as pessoas se referiam à área como uma zona de quarentena para imigrantes refugiados, totalmente marginal à capital. Em 1976, nessa antiga favela, cerca de mil pessoas foram mortas em um ataque de milícias cristãs que ficou conhecido como um dos mais sangrantos massacres da história do país.
A mistura preferida dos inimigos do Líbano nos últimos anos é juntar a tensao e desordem política com atentados terroristas.
Desde a enorme explosao que matou o ex-primeiro ministro Rafic Hariri, em fevereiro de 2005, foram ao todo onze atentados, entre carros-bomba e assassinatos políticos. Um deles em frente ao meu antigo prédio, no bairro de Achrafie, leste de Beirute, que matou o jornalista e escritor Samir Qassir.
No começo os alvos eram claramente personalidades libanesas envolvidas de alguma forma com a vida política do país, com poucas vítimas colaterais, mas hoje a história é diferente.
A bomba que explodiu no distrito industrial de Karantina matou três cidadaos comuns, um sírio e dois libaneses. Além deles, mais de 20 pessoas que também passavam por acaso pelo local ficaram feridas, algumas com gravidade. Um número que eu acho pequeno, devido ao grande movimento de veículos e pessoas na via, ao lado de Daura, que é um dos principais pontos de passagem para quem entra e sai de Beirute rumo ao norte
Segundo a polícia libanesa, o alvo pode ter sido um carro da embaixada americana que passava pelo local, mas que sofreu poucos danos. Aparentemente, o que salvou o oficiais americanos foi o carro onde estavam os dois libaneses que foram mortos, que ultrapassavam o veículo oficial e, por puro azar, ficaram entre os diplomatas e o carro bomba.
A explosao coincide com o final da visita do presidente americano, George W. Bush, na regiao e aumenta ainda mais a tensao política e sectária no país, que está desde novembro sem presidente, já que os dois blocos políticos nao chegam a um acordo sobre o questoes vitais como o número de cadeiras no parlamento e o nome do novo presidente.
Pequenos enfrentamentos entre grupos xiitas e sunitas e entre grupos rivais cristaos já foram registradas e um atentado como esse só faz aumentar a instabilidade.
Se os políticos libaneses quisessem o bem do país, tratariam de por um fim à situaçao de total anarquia em que o país vive hoje e escolheriam já o novo presidente. Nao que isso fosse mudar muita coisa, mas o vácuo de poder só aumenta a sensaçao de insegurança na populaçao.
Karantina é hoje uma regiao industrial e de passagem para quem vai e vem de cidades do norte, como Jounieh, Biblos e Tripoli. Mas durante muito tempo foi uma grande favela habitada por refugiados palestinos e curdos. O local tem esse nome pq era como as pessoas se referiam à área como uma zona de quarentena para imigrantes refugiados, totalmente marginal à capital. Em 1976, nessa antiga favela, cerca de mil pessoas foram mortas em um ataque de milícias cristãs que ficou conhecido como um dos mais sangrantos massacres da história do país.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Se depender dos políticos libaneses, o futuro do país já está escrito!
Há certas previsoes e análises que faço torcendo para estar errado. Principalmente as que venho formulando nos últimos três anos em relaçao ao futuro político, econômico e social do Líbano.
Já comprei brigas e inclusive fui censurado por diversas pessoas ligadas a associaçoes, fundaçoes ou órgaos políticos árabes no Brasil por meu "negativismo" e "pessimismo" em relaçao a atual situaçao do Líbano, diferente da abordagem utópica que é tao comum no meio árabe brasileiro de encarar o Líbano como um país das maravilhas, com suas lindas montanhas cobertas de enormes cedros e o centro majestoso de Beirute totalmente reconstruído.
Acho que deve ser muito fácil falar das maravilhas do Líbano quando se vive em um apartamento de luxo no Rio ou em Sao Paulo, indo passar férias uma vez ao ano numa casa de veraneio nas montanhas libanesas, da praia particular ao restaurante caríssimo dentro de um carro importado, totalmente alheio aos verdadeiros problemas do país.
E sao estes os libaneses que comandam o Líbano, a elite política corrupta formada por famílias que enriqueceram as custas da desgraça do país e passam de pai pra filho nao só as cadeiras do parlamento como tbm os apartamentos em Paris, Marbelha e Nova Iorque.
Enquanto quase um terço do país teve que deixar sua casa para trás enquanto Israel bombardeava de forma incansável cidades libanesas atrás dos "terroristas" do Hezbollah, os políticos que hoje acham que seus interesses pessoais sao mais importantes que escolher um novo presidente nao estavam em suas coberturas em West Beirut e sim com os rabos entre as pernas na Europa.
Foram movimentos comunitários e de jovens engajados que providenciaram as primeiras ajudas aos desabrigados da guerra contra Israel. Nenhuma surpresa já que a infra-estrutura do país e a presença do Estado no cotidiano dos libaneses é praticamente nula. Antes mesmo da guerra, nao havia um dia no qual nao faltasse luz ou água. Nao há estaçoes de tratamento de esgoto e o lixo vai parar em depósitos que sao verdadeiras montanhas tóxicas, às margens do Mediterrâneo, poluíndo as lindas praias da costa do país.
Um país que é tratado como se fosse descartável pelas potências regionais e internacionais, que só interferem quando seus interesses estao em jogo. E sao as mesmas famílias políticas que levaram o país à 15 anos de guerra civíl as que continuam no poder. A renovaçao existe, é verdade: de pai para filho. E a missao dos políticos libaneses nao é o bem do país e sim manter o bem da própria família, fazendo a vontade dos "aliados" em Washington, Paris, Riad, Damasco ou Teera.
A vaidade, arrogância, ganância e orgulho dos políticos libaneses que mantém, desde setembro, o país sem um presidente pode estar levando o Líbano rumo à novos conflitos sectários de proporçoes catastróficas. Já foram registrados pequenos enfrentamentos entre grupos xiitas e sunitas e entre grupos rivais católicos. O centro da cidade está sitiado pelo exército e Beirute vive sob a constante ameaça de assassinatos políticos e atentados terroristas que têm um crescente número de vítimas inocentes. A economia local vai de mal a pior, o desemprego aumenta a cada dia e os libaneses têm cada vez menos perspectiva de futuro no seu próprio país.
A disilusao aumenta ao ver o bate-boca dos vaidosos políticos de gel no cabelo e terno Armani, mais preocupados com as diferenças e interesses pessoais do que com o futuro do país.
Há quase quatro meses o Líbano está sem presidente. As eleiçoes, que deveriam acontecer no da 14 de setembro, sao adiadas constantemente pelas diferenças entre a aliança do governo e a oposiçao que nao conseguem chegar a um acordo em relaçao ao número de cadeiras no parlamento que cada um teria direito e o nome do novo presidente, entre outras coisas.
Em vez de discursos inflamados e pomposos mas sem nenhum conteúdo prático, os políticos libaneses têm que agir rápido para nao afundar o país ainda mais nessa situaçao de anarquia que precede o caos.
Mas conhecendo os políticos libaneses e seus aliados, um acordo nao deve acontecer tao cedo. Até pq eles nao tem pressa, já que no caso de uma escalada de conflitos, têm seus jatinhos com o tanque cheio esperando para levá-los de volta à Paris, Nova Iorque, Riad, Sao Paulo...
Há certas previsoes e análises que faço torcendo para estar errado. Principalmente as que venho formulando nos últimos três anos em relaçao ao futuro político, econômico e social do Líbano.
Já comprei brigas e inclusive fui censurado por diversas pessoas ligadas a associaçoes, fundaçoes ou órgaos políticos árabes no Brasil por meu "negativismo" e "pessimismo" em relaçao a atual situaçao do Líbano, diferente da abordagem utópica que é tao comum no meio árabe brasileiro de encarar o Líbano como um país das maravilhas, com suas lindas montanhas cobertas de enormes cedros e o centro majestoso de Beirute totalmente reconstruído.
Acho que deve ser muito fácil falar das maravilhas do Líbano quando se vive em um apartamento de luxo no Rio ou em Sao Paulo, indo passar férias uma vez ao ano numa casa de veraneio nas montanhas libanesas, da praia particular ao restaurante caríssimo dentro de um carro importado, totalmente alheio aos verdadeiros problemas do país.
E sao estes os libaneses que comandam o Líbano, a elite política corrupta formada por famílias que enriqueceram as custas da desgraça do país e passam de pai pra filho nao só as cadeiras do parlamento como tbm os apartamentos em Paris, Marbelha e Nova Iorque.
Enquanto quase um terço do país teve que deixar sua casa para trás enquanto Israel bombardeava de forma incansável cidades libanesas atrás dos "terroristas" do Hezbollah, os políticos que hoje acham que seus interesses pessoais sao mais importantes que escolher um novo presidente nao estavam em suas coberturas em West Beirut e sim com os rabos entre as pernas na Europa.
Foram movimentos comunitários e de jovens engajados que providenciaram as primeiras ajudas aos desabrigados da guerra contra Israel. Nenhuma surpresa já que a infra-estrutura do país e a presença do Estado no cotidiano dos libaneses é praticamente nula. Antes mesmo da guerra, nao havia um dia no qual nao faltasse luz ou água. Nao há estaçoes de tratamento de esgoto e o lixo vai parar em depósitos que sao verdadeiras montanhas tóxicas, às margens do Mediterrâneo, poluíndo as lindas praias da costa do país.
Um país que é tratado como se fosse descartável pelas potências regionais e internacionais, que só interferem quando seus interesses estao em jogo. E sao as mesmas famílias políticas que levaram o país à 15 anos de guerra civíl as que continuam no poder. A renovaçao existe, é verdade: de pai para filho. E a missao dos políticos libaneses nao é o bem do país e sim manter o bem da própria família, fazendo a vontade dos "aliados" em Washington, Paris, Riad, Damasco ou Teera.
A vaidade, arrogância, ganância e orgulho dos políticos libaneses que mantém, desde setembro, o país sem um presidente pode estar levando o Líbano rumo à novos conflitos sectários de proporçoes catastróficas. Já foram registrados pequenos enfrentamentos entre grupos xiitas e sunitas e entre grupos rivais católicos. O centro da cidade está sitiado pelo exército e Beirute vive sob a constante ameaça de assassinatos políticos e atentados terroristas que têm um crescente número de vítimas inocentes. A economia local vai de mal a pior, o desemprego aumenta a cada dia e os libaneses têm cada vez menos perspectiva de futuro no seu próprio país.
A disilusao aumenta ao ver o bate-boca dos vaidosos políticos de gel no cabelo e terno Armani, mais preocupados com as diferenças e interesses pessoais do que com o futuro do país.
Há quase quatro meses o Líbano está sem presidente. As eleiçoes, que deveriam acontecer no da 14 de setembro, sao adiadas constantemente pelas diferenças entre a aliança do governo e a oposiçao que nao conseguem chegar a um acordo em relaçao ao número de cadeiras no parlamento que cada um teria direito e o nome do novo presidente, entre outras coisas.
Em vez de discursos inflamados e pomposos mas sem nenhum conteúdo prático, os políticos libaneses têm que agir rápido para nao afundar o país ainda mais nessa situaçao de anarquia que precede o caos.
Mas conhecendo os políticos libaneses e seus aliados, um acordo nao deve acontecer tao cedo. Até pq eles nao tem pressa, já que no caso de uma escalada de conflitos, têm seus jatinhos com o tanque cheio esperando para levá-los de volta à Paris, Nova Iorque, Riad, Sao Paulo...