quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002

Fernando Henrique Cardoso pode mudar o futebol

O presidente Fernando Henrique Cardoso tem se comportado no futebol como os ''populistas'' que tanto critica na política. Ou seja: contenta-se em jogar para a arquibancada, quando tem em mãos a oportunidade histórica de promover uma mudança de estrutura, um salto qualitativo e competitivo na organização desse que é um dos maiores patrimônios culturais do povo brasileiro.

O presidente, obviamente, é livre para pedir a convocação de Romário. Ele faz gols e conta com o conveniente apoio popular, vantagem que até o desprestigiado presidente da CBF, Ricardo Teixeira, mesmo sem ser sociólogo, já percebeu.

FHC, no entanto, teria coisas mais importantes a fazer para o futebol. A opinião pública sabe das energias que foram empregadas no Congresso, na imprensa independente e em setores interessados na modernização para que as CPIs resultassem em medidas concretas. Com tanta penetração popular, a moralização do futebol seria um exemplo e um estímulo para todo o país.

E isso está ao alcance das mãos da Presidência da República. Bastaria assinar a Medida Provisória da Lei de Responsabilidade do Esporte, proposta pelo senador Geraldo Althoff. Essa é a decisão que se espera. O futebol, entretanto, parece ser visto pelo governo como um território à parte, onde a bandalha e o atraso podem continuar livremente imperando.

O mundo mudou. O Brasil mudou. Por que o futebol não deve acompanhar a modernização tão apregoada e, em boa parte, realizada nos demais setores da vida nacional?

Não vivemos apenas de Copas do Mundo. Ser competitivo em Mundiais não depende diretamente de uma estrutura organizada no país. Ainda temos craques, quase todos na Europa. É só reuni-los a cada quatro anos e competir durante um mês. Os efeitos de uma vitória podem ser ilusórios, consagrando dirigentes incompetentes e uma organização corrupta e arcaica. Ainda é tempo de evitar que isso aconteça. (Fonte: Editorial do jornal Lance!)

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