sábado, 20 de outubro de 2001

Há exatos 25 anos, estreava no estádio La Paternal, jogando pelo Argentinos Juniors, com apenas 15 anos de idade, aquele que foi o maior gênio da perna esquerda em toda história do futebol.

Parabéns Diego Armando Maradona!

O futebol sente muito a sua falta...



"Naquele dia eu toquei o céu com as mãos”

Diego Armando Maradona

“Se todas as pessoas que falam que me viram estrear como profissional tivessem mesmo ido ao estádio, eu teria de ter jogado no Maracanã e não no La Paternal. O certo é que eu já vinha treinando com os profissionais... No treino de terça-feira, o técnico, que era o Juan Carlos Montes, me disse: “Olha, amanhã você vai ficar no banco dos profissionais”. Eu não consegui responder e só murmurei: “O quê? Como?”. E ele repetiu: “Sim, você vai estar no banco dos profissionais. Prepare-se bem, porque você vai jogar”.

“Então, depois do treino, eu fui correndo com o coração na boca para contar ao meu pai e à minha mãe. Logo todo Fiorito (bairro onde morava) sabia que eu ia jogar”.

“Nesse momento me dei conta que estava para acontecer uma coisa bem grande no dia seguinte. E me dei conta também que no dia seguinte, uma quarta-feira, o meu pai ia trabalhar e não teria como ir ao estádio, não veria uma coisa que tanto tínhamos sonhado juntos. Então, me preparei para ir sozinho ao campo”.

“Quando chegou o grande dia, eu sentia muito calor. Pus uma camisa branca e a única calça que tinha. Mas pensei: “O reserva ganha alguma coisa. Quem sabe compro outra calça”. Mas perdemos”.

“De manhã, quando saí, minha mãe me acompanhou até a porta: “Vou rezar por você, filho”, disse ela. O meu pai pediu permissão para sair mais cedo do trabalho. Recordo bem que antes de entrar em campo me avisaram que ele já tinha chegado ao estádio”.

“Eu entrei em campo no lugar do Giacobetti no segundo tempo, com o número 16 nas costas, com a camisa vermelha com faixa branca diagonal. Antes do fim do primeiro tempo, Montes, que estava na outra ponta do banco de reservas, virou a cabeça e olhou para mim, como se me perguntasse: “Está pronto para entrar?”.

“Na hora de voltar ao campo para o segundo tempo, Montes me disse: “Jogue como você. E, se puder, jogue a bola por entre as pernas de alguém”. Eu fiz o que ele pediu: recebi a bola de costas para o meu marcador, a dominei e a joguei por entre as pernas dele. A bola passou limpa e, em seguida, ouvi um ooolééé... dos torcedores, com uma saudação de bem-vindo”.

“Perdi a primeira partida, mas eu iniciava com o Argentinos Juniors uma longa história, fabulosa, inesquecível. Sempre digo que, em termos de futebol, nesse dia eu toquei o céu com as mãos”.


(Trechos do livro autobiográfico “Yo soy el Diego de la gente“)

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