quarta-feira, 12 de maio de 2004

Ontem todos brasileiros amantes do esporte tiveram um motivo a mais para sorrir.

Depois de quatro anos de traumas, Neco Padaratz conseguiu encarar seu maior pesadelo e voltou a dropar uma onda nos corais de Teahupoo, no Taiti.

Confira abaixo o próprio Neco contando o episódio que quase encerrou a carreira de uma das maiores promessas da história do surfe brasileiro:

"Acordei pedindo a Deus para a minha bateria não ser a primeira, para que pudesse ter noção de como estava o mar. Era meu primeiro ano, não sabia ler a onda. Queria ter tido mais tempo para analisar o mar. Aí entrei na água, cumprimentei meus companheiros de bateria e peguei uma onda menor, e no fim não abriu tubo. Fui fazer uma manobra onde ninguém faz e, quando voltei, as quilhas estavam em cima da pedra. Lá o mar fica no mesmo nível da terra, e a onda quebra pra baixo, formando um buraco. Eu caí nesse buraco. Tomei a primeira onda, a segunda fez minhas pernas e o leash ficarem presos numa caverna. Quando veio a terceira onda, o nível da água subiu e tomei um caldo. Não me levantei, veio a quarta onda, veio a quinta. Mas meu pé trancado pela cordinha não me deixava subir de jeito nenhum. Um jet ski parou do meu lado, o cara pedia para eu tirar o leash da pedra, mas eu não conseguia. Ele não podia fazer nada porque sabia que, se tocasse na minha mão, eu ia trazer ele junto. Foi um misto de desespero, força e medo que me fez levantar mais uma vez. Já estava espumando, branco, saindo sangue pelo nariz, todo cortado. O cara do jet ski falou: “Pela última vez, bota a mão no pé e solta a cordinha!”. A sorte foi que meu dedo pegou bem no lugar e o pé saiu. Não tem outra palavra para explicar o que senti quando fui resgatado: medo."

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