O meu vestibular
Eu não vivi a experiência do vestibular. Logo que terminei o segundo grau, em 1996, fiquei um ano sem estudar. Fui morar sozinho em São Paulo para trabalhar e só no final de 97 que eu resolvi me mudar para o Rio para aí sim voltar a estudar o que eu sempre quis, jornalismo. Meus planos eram fazer cursinho durante 98 e tentar o vestibular no final do ano, mas me inscrevi só por experiência no vestibular da Faculdade da Cidade, para ver como era a prova. Acabei passando e lá estou até hoje (me formo em julho). Nas conversas com meus amigos, todos estudando medicina, engenharia, direito, economia, etc... em escolas federais, sempre que o assunto era vestibular eu entrava mudo e saía calado... não tinha como opinar.
Mas ironicamente, aos 23 anos e no 8º e último período da faculdade, eu fui viver o meu vestibular...
Em novembro de 2001 me inscrevi pro Programa de Estágio da Rede Globo de Televisão. Era prá área de jornalismo e num estágio de 6 meses, onde o aproveitamento posterior dos estagiários passa de 80%. Imagina então a concorrência... Foram 7 mil pessoas inscritas para 19 vagas, nem todas na área de jornalismo... Jornalismo eram apenas 5 vagas.
Devido às circunstâncias, me inscrevi sem grandes pretensões, afinal de contas, era gente prá caramba... Logo de cara eles avisaram para desmarcar qualquer compromisso para os próximos 2 meses, pois esse seria o tempo da avaliação. A inscrição inicial constava das suas informações, do seu CR e da sua experiência profissional... depois de inscrito, o resultado sairia em 2 semanas. Só com essas informações foram cortadas 5 mil e 500 pessoas. As 1.500 que sobraram foram escaladas para uma prova de raciocínio lógico, português, inglês e conhecimentos gerais, num domingo de manhã...
Fui fazer a prova muito tranqüilo, afinal de contas eu não botava muita fé naquilo tudo. O resultado sairia em 3 semanas, pela internet... Aproximadamente 1.200 pessoas seriam cortadas por essa prova. As restantes fariam uma dinâmica de grupo, interdisciplinar, para saber aquelas que teriam o perfil que a Globo procura em seus profissionais. Assumo que apesar de não estar botando fé, fui ver o resultado no dia, logo quando acordei. Eu tinha passado! A dinâmica seria em menos de uma semana...
Fui fazê-la, num prédio da Globo ao lado Parque Lage, no Jardim Botânico. Apesar de já estar um pouco mais no clima de disputa, fui muito tranqüilo pois ainda não apostava minhas fichas. Fui bem na dinâmica de grupo... deu prá sentir. Só aí eu me toquei e percebi que aquilo não era o bicho de sete cabeças como eu havia tachado antes. Fui prá casa bolado com a possibilidade de ser chamado para a próxima fase. Nisso já havia se passado mais de um mês da minha inscrição. Mal ou bem, rolava uma certa ansiedade desde o começo, mas só ali eu me envolvi por completo....
Não consigo me lembrar se o resultado saiu antes ou depois do natal, mas sei que passei o natal e o reveillon completamente evolvido emocionalmente com a possibilidade de entrar para a Globo, a chance com que 9 entre 10 estudantes de jornalismo sonham em ter.... Fui aprovado e a próxima fase seria mais uma dinâmica de grupo, agora coordenada pelos próprios editores e coordenadores das editorias da TV, ou seja, aqueles que seriam os nossos chefes. Não teria aqueles critérios de RH, etc e tal... os próprios chefes escolheriam quem eles quisessem para fazer um teste de vídeo e uma entrevista pessoal, penúltima e última etapa, respectivamente.
Conhecia mais duas pessoas que estavam fazendo os testes, o Rodrigo, um grande amigo da faculdade e excelente potencial de profissional, e a Marcela, namorada de um amigão meu. Conversando com eles, vi que não era só eu que estava estressado... era todo mundo. Todo mundo ansioso, angustiado, bolado... ou seja, emocionalmente abalado com o programa de seleção.
A dinâmica de grupo com os chefes foi relativamente tranqüila... senti que tinha tão mandado bem quanto na outra. O resultado sairia em uma semana, mas no dia seguinte (uma sexta) o departamento de RH ligou para os meus amigos avisando que eles tinham passado e que o teste de vídeo seria na próxima terça. Fiquei arrasado... de verdade. Ter chegado tão longe, ter vivido mais de um mês em função de uma coisa e chegar a conclusão de que aquilo não havia servido para quase nada me deixo muito decepcionado...
Resolvi viajar para Búzios com um amigo prá desencanar e tentar esquecer a deprê... não havia mais nada a fazer senão lamentar. Até que na segunda à tarde eu resolvi ligar o celular de bobeira... e quando vi tinham 5 recados na secretária, todos da Globo. Eles estavam tentando falar comigo desde sexta mas não sei porque meu celular não estava recebendo ligação nenhuma... Eram 5 horas da tarde, eu tava em Búzios e o teste de vídeo seria no dia seguinte às 8h da manhã.
Voltei ao Rio correndo e fiz o teste, uma simulação do Bom Dia Brasil. Dois dias depois me ligam marcando a entrevista para segunda passada e ontem me avisam que eu tinha passado. De 7 mil pessoas, eu fui uma das 5 escolhidas... ufa! Eu tava tão nervoso e ansioso que eu admito que na hora nem comemorei... a sensação foi de alívio.
A Marcela e o Rodrigo tbm passaram. A Marcela para esportes e o Rodrigo para a produção dos jornais de rede. Eu vou para a Editoria Rio... começamos todos no dia 4 de fevereiro.
Queria agradecer o apoio que todos meus amigos me deram nesses momentos de tensão e de espera... valeu Rodrigo Rodrigues e Rodrigo Araújo... Valeu muito pela força! Minha experiência vale para mostrar que devemos sempre apostar em nossos potenciais e que o nosso futuro quem escreve somos nós, com nossas posturas e atitudes, com aquilo que acreditamos e construímos. Agora é bola prá frente que essa história ainda está só no começo!
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