sexta-feira, 30 de maio de 2003

San Antonio Spurs e New Jersey Nets vão decidir o título da NBA.

Ontem o Spurs fechou em 4 a 2 a série contra o Dallas Mavs, se sagrando campeão da Conferência Oeste. Destaque para a atuação magistral do veterano Steve Kerr (aquele mesmo do Chicago Bulls) que entrou no segundo tempo, liderando o Spurs em 34 contra 9 pontos do Dallas, apenas no último quarto. Na casa do adversário, de virada, o Spurs venceu por 90 a 78.

O Nets já estava classificado para a grande final desde a semana passada, quando meteu um 4 a 0 humilhante no Detroit Pistons na final do Leste. O time de Nova Jersey vem de 10 vitórias seguidas nos Playoffs, tendo esmagado o Boston Celtics e o Detroit Pistons, seus últimos dois adversários, por 4 a 0. Uma façanha que faz o time chegar embalado na grande final, doido pra mostrar que a notória superioridade dos times do Oeste pode ser batida com muita raça e disposição.

Venho falando dessa superioridade faz tempo e ela não é segredo pra ninguém. Além de ser visual mesmo em quadra, os números não mentem. Enquanto o Nets fez a segunda melhor campanha do Leste com 49 vitórias e 33 derrotas, o Detroit, time de melhor campanha, terminou a temporada regular com 50 vitórias e 32 derrotas, número igual ao do Lakers e do Portland, QUINTOS colocados da Conferência Oeste... Isso mesmo: a melhor campanha do Leste seria apenas a quinta na conferência Oeste. Acima deles estaria em quarto, pertinho, o Minessota Timberwolves, com 51 vitórias e 31 derrotas. Já os três melhores colocados só poderiam ser vistos de binóculo: Sacramento Kings (59 vitórias e 23 derrotas), Dallas Mavericks (60 vitórias e 22 derrotas) e San Antonio Spurs (60 vitórias e 22 derrotas). Uma diferença de 10 vitórias!!!!

Mas se servir de consolo, de 12 confrontos que o Nets teve contra os seis times do Oeste melhores colocados do que ele, a equipe do Atlântico venceu 7, sendo que uma das vitórias foi contra o próprio Spurs, no comecinho da temporada [Wolves(2a0), Spurs (1a1), Mavs(0a2), Blazers (2a0), Kings (0a2) e Lakers (2a0)]. Além disso, a confiança do New Jersey Nets está renovada com a invencibilidade de 10 partidas, onde passou como um rolo compressor pelas semi e final do Leste, crescendo de produção de forma impressionante. Com isso afastou grande parte das hipóteses que apontavam uma derrota certa do campeão do Leste na grande final... todos os críticos (inclusive eu) estão ansiosos para ver a primeira partida, na próxima quarta-feira.

Apesar de não ter precisado decidir na sétima partida nenhuma das três séries dos playoffs do Pacífico, o Spurs teve um caminho um pouco mais árduo para chegar à final, fazendo 18 jogos de playoffs, quatro a mais do que o Nets. Mas ainda assim sempre mostrou em quadra sua superioridade, com atuações sempre marcantes de Tim Duncan, MVP da temporada.

No papel, o quinteto inicial do Spurs impõe muito mais respeito:

San Antonio Spurs - Bruce Bowen, Tim Duncan, Stephen Jackson, Tony Parker e David Robinson

New Jersey Nets - Richard Jefferson, Jason Kidd, Kenyon Martin, Jason Collins, Kerry Kittles

Digo no papel porque na prática o que está acontecendo é diferente. O armador francês, Tony Parker, que fez uma temporada regular fantástica, não está bem nestes playoffs. Tem errado muitos arremeços e parece estar sentindo a responsabilidade. Enquanto isso, o number one pick do Draft de 2000, Kenyon Martin, vem jogando uma barbaridade, sendo fundamental para o crescimento da equipe de New Jersey nessa reta final. A alma do Nets é formada por três jogadores: Richard Jefferson, Jason Kidd (de quem já falei por aqui) e Kenyon Martin. Com eles em quadra, o Nets joga o fino! Mas o grande problema também repousa nos três... Não há substitutos à altura. O banco do Nets é fraco... Diferente do time do Spurs.

No banco de reservas do time de San Antonio há pelo menos três jogadores que poderiam muito bem ser titulares em qualquer time que jogassem: Malik Rose, Speedy Claxton e Manu Ginobili, exatamente um para cada uma das posições. Destaque para Malik Rose, um ala de força extremamente rápido e eficiente, tanto no ataque quanto na defesa. Ele sempre entra muito bem no lugar de David Robinson, se encaixando perfeitamente ao lado de Duncan, este a grande arma do time, dispensando apresentações. Rápido, inteligente e versátil, um fenômeno para sua altura, é com certeza um dos melhores jogadores de basquete do mundo. Junto com ele fica também a responsabilidade sobre Stephen Jackson, ala de precisão e grande velocidade, jogador sempre decisivo para o Spurs.

Uma supresa que pode estar guardada na manga do técnico Byron Scott, do time de New Jersey, é o pivô Dikembe Mutombo, que estava machucado mas já se recuperou e está à disposição da equipe. Scott não usou-o ainda nos playoffs, mas contra os gigantes do Spurs, pode estar preparando alguma...

A grande final da NBA começa na próxima quarta feira, dia 4 de junho, em San Antonio - Texas. Apenas depois dela poderemos dar um panorama mais detalhado do que será esta decisão... Agora, com certeza, pelas circunstâncias atuais e o caminho tomado durante os playoffs, o mínimo que podemos esperar é um Nets aguerrido, fazendo das tripas coração para mostrar ao mundo que eles têm time para vencer esse campeonato contra o bicho papão da temporada. Uma final dígna da excelente fase, cheia de talentos, que vive a NBA do novo milênio.

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