segunda-feira, 2 de junho de 2003

A atuação de Guga na tarde de hoje em Roland Garros, quando foi elimidado por 3 sets a 1 pelo espanhol Tommy Robredo, pode ser definida por uma só palavra: Tristeza! Guga foi triste hoje! Foi triste porque nem lutou... foi triste porque não mostrou garra... foi triste porque não honrou o público que lotou a quadra central e gritava por seu nome, até quando sacava contra um match point, como se ainda não estivessem entendendo o que estava acontecendo. Onde estaria o Guga tri campeào de Roland Garros? Seria ele mesmo aquele ali em quadra, sem alma e vibração, incapaz de acertar sequer um dropshot, winner de backhand ou se livrar de uma situação adversa com um saque arrasador? Até os narradores americanos (gosto de assistir os jogos sempre que possível em tecla sap, pra ter uma narração imparcial) estavam espantados com sua atuação abaixo do medíocre. Sim, amigos... era ele sim ali em quadra, pelo menos de corpo, porque acho que sua alma ficou em Floripa. Uma coisa é perder num jogo disputado e saber que o adversário tinha qualidades melhores que as suas naquele momento... outra é perder para si mesmo, como hj.

Quem me conhece ou que acompanha regularmente esse blog, sabe que não gosto de criticar Gustavo Kuerten. Sempre estive do lado dele, até porque sigo as "pegadas do campeão" desde antes dele ganhar Roland Garros em 1997. Mas, infelizmente, não há mais desculpas... a crítica se tornou inevitável nesse momento.

Crítica porque me nego a acreditar que nossa estrela desaprendeu a jogar tênis, ainda mais no saibro onde ele reinava absoluto. Não consigo acreditar que ele simplesmente não consegue mais chegar nas bolas como aconteceu esse ano em toda a temporada de piso lento, com os adversários praticamente brincando de matar Guga com as deixadinhas. Nào consigo acreditar que é simplesmente uma má fase seus erros bizonhos nos drop shots, na magnífica esquerda que insiste em ficar na rede e no saque decisivo que não entra. Tudo isso era marca registrada desse jogador que era fabuloso no saibro.

Não engulo também essa história de que os adversários estão em mais alto nível do que os de anos atrás... Quer dizer que Muster, Kafelnikov, Agassi, Moya e cia eram piores do que Coria, Ferrero e Hewitt? Não acredito... sinceramente. Acredito sim, que naquela época Guga compensava sua menor velocidade com seus golpes certeiros e que hoje eles não funcionam. Por que? Aí, só podemos levantar hipóteses...

O que está estampado no seu semblante é a confiança abalada, porque Guga com a mente sã nunca se entregaria como vem acontecendo nos últimos torneios... Seu deslocamento em quadra e agressividade não são os mesmos desde a cirurgia, mas como ele não sente mais dores, o que será quer está acontecendo? Será que seus treinamentos não deveriam ser mais focados na parte emocional? Porque, contra os melhores, se tudo isso não funciona, perder é inevitável... E cada vez mais tenho a certeza de que o problema está na cabeça, porque Kuerten fez bons torneios depois da cirurgia, mostrando todo seu potencial (como em Indian Wells).

Guga jogou bem contra Gaudio, mas esteve longe de seu ideal... Hoje foi péssimo, com erros de amador e perdendo para um adversário que se mostrou muito fraco... Nos últimos torneios, não conseguiu ganhar três partidas seguidas... ainda assim, depois do jogo de hj, o brasileiro declarou que "apesar da temporada de saibro não ter sido como eu esperava, saio tranqüilo, sabendo que estou jogando bem e com objetivo de melhorar ainda mais..." Talvez seja a hora de parar um pouquinho para uma auto-crítica... será que vc realmente está jogando bem? Será mesmo, Guga?

Quando penso nisso logo me vem à cabeça uma frase sua de 30 de abril do ano passado, após sua primeira vitória depois da cirurgia no quadril: "Jogar é como andar de bicicleta, a gente nunca esquece!"

Então, amigo, talvez seja a hora de repensar um pouquinho a realidade atual... De repente mudar os treinamentos e corrigir os erros e as deficiências que podem ter ficado da cirurgia. Porque, tenho certeza, você mais do que ninguém deve ser a pessoa que mais quer ver o Guga que orgulha e inspira tantos brasileiros, de volta à quadra.

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