Deus abençoe a alma de Mario Covas e amenize a dor de sua família... Como filho de Tucano, Covas é um dos nomes que mais me recordo quando lembro de política na minha infância e adolescencia... Força papai! Eu não me atreveria a escrever nada sobre esse homem... deixe isso prá quem entende: Gilberto Dimenstein.
"Covas morreu quando a festa ia começar"
Por Gilberto Dimenstein - Para a Folha de São Paulo - 06/03/2001
A grandeza administrativa de Mário Covas é conseqüência da mesquinhez e irresponsabilidade de seus antecessores.
Ao assumir seu primeiro mandato de governador, ele viu-se rodeado de dívidas por todos os lados, geradas pela gastança de fundo eleitoral.
Optou pela impopularidade dos cortes e enxugamentos, desativando programas e colocando gente na rua _o que transmitiu aos eleitores a sensação de um governo parado.
Para complicar, Covas não tem aptidão mercadológica, tão marcante na política contemporânea regida pelas pesquisas de opinião e pela regra de que "você vale quanto aparece". Nutria, explicitamente, um desprezo pela combinação de política e da publicidade.
Nos primeiros quatro anos, ele arrumou as finanças e, agora, tinha começado a festa dos gastos, graças ao caixa com mais recursos para investimentos, favorecido pelo crescimento da economia e maior arrecadação dos impostos. Iria passar os próximos dois anos inaugurando obras e drenando mais recursos para a área social _privilégio que deixou a seu sucessor, Geraldo Alckmin.
Covas, porém, perdeu o prazer das realizações, mas morreu como os políticos sonham morrer: glorificado. Uma condição que apenas o martírio é capaz de conferir aos homens públicos.
Como sua maior obra administrativa foi aquela que não se vê _a disciplina nos gastos, sem esbanjamentos e imagina-se que não dê voto, Covas morre como exemplo de que seriedade compensa. E nenhum político consegue ser sério sem ter a coragem de enfrentar a impopularidade.
Governar rodeado de marqueteiros e pilotado por pesquisas de opinião é o melhor caminho para o sucesso fácil e rápido _e o melhor caminho também para a mediocridade.
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