quinta-feira, 8 de março de 2001

Vou pedir licença a vocês e dedicar as próximas linhas a um assunto meio chato... De vez em quando é inevitável falar sério... Todo mundo sabe que sou uma pessoa bem humorada, descontraída, mas quem me conhece sabe o quanto essas minhas características mudam quando o assunto em pauta são os conflitos no Oriente Médio. Sou árabe, árabe cristão como a grande maioria do meu povo libanês (o único país do OM com maioria cristã). Apesar do Líbano estar em paz e sem conflitos no momento, aquela região é uma bomba relógio e a situação continua feia entre palestinos e israelenses. Como ontem o sanguinário general Ariel Sharon assumiu o controle de Israel, todo cuidado é pouco... nas próximas linhas faço uma análise da situação segundo as notícias que chegam aqui palas agências internacionais...

O VOLTA DO GENERAL SHARON

O general Ariel Sharon assumiu ontem o controle de um tenso Estado de
Israel, prometendo a paz com os palestinos se eles encerrarem o seu
levante. Reafirmando em seu discurso a promessa eleitoral de restaurar a
segurança de seu país, Sharon disse estar pronto para encontrar o líder
palestino, Iasser Arafat, assim que este conseguir pôr um fim à violência.
Disposto a evitar as tensões que já teve no passado com governantes
norte-americanos, o novo premier aceitou prontamente um convite para
encontrar o presidente norte-americano, George W. Bush, na Casa Branca, em
20 de março. Sharon disse que espera sair de lá com um esboço de suas idéias
para a paz na região. Líder do partido de direita Likud, o general foi
eleito há um mês com uma vitória esmagadora sobre o seu adversário, o
ex-premier e trabalhista Erud Barak, que entrega o país em estado de alerta.

Tido como general de linha dura, Ariel Sharon é odiado pelos palestinos. Foi
dele a ordem de invadir o Líbano em 1982, ocasião em que dois campos de
refugiados palestinos foram dizimados pelo exército de Israel. Apesar da
desconfiança, os palestinos foram políticos ao se manifestarem sobre o
discurso de posse de Sharon. O ministro palestino do Planejamento, Nabil
Shaath, disse que Arafat enviou carta de congratulações a Sharon. Mas ainda
não se sabe como os dois vão se comportar à mesa de negociações. "Os
palestinos vêem no novo governo de Israel uma chance para o processo de paz
e acham que deve haver interesse em criar a atmosfera adequada para retomar
as negociações com base nos acordos já assinados", disse Shaath.

Mais de 400 pessoas, a maioria palestinos, já morreram na atual fase da rebelião árabe
contra a ocupação israelense, iniciada em 1967. A violência acabou
incentivando os israelenses a votarem em um candidato que, como Sharon,
prometia acima de tudo segurança. Ele venceu Barak por 25 pontos percentuais
de diferença, um recorde no país "Creio que podemos, se houver vontade das
duas partes, deixar o amargo caminho de sangue que temos trilhado. Nossa mão
está estendida para a paz'', disse Sharon no seu discurso de vitória no
Parlamento, pobre em promessas específicas. "Vamos conduzir negociações com
os palestinos para chegar a acordos políticos, mas não sob pressão do terror
e da violência".

O general e lider dos direitistas é responsável por um fato inédito no país que é a
maior coalisão partidária da história de Israel. Ele uniu ao todo sete partidos, entre eles os
Trabalhistas, Religiosos e a Extrema Direita. Com isso ele controla pelo
menos 73 cadeiras no Knesset (Parlamento), composto por 120 membros. "Sinto
o peso da responsabilidade, especialmente nesse período. Tenho certeza de
que junto com meus colegas no governo saberemos como dar a melhor resposta
aos perigos presentes que Israel enfrenta", disse Sharon à "Rádio do
Exército".Ele tornou-se o 11° primeiro-ministro de Israel em 53 anos de
existência do país e quinto nos últimos seis anos.

Outro fato relevante é a volta do ex-primeiro ministro, prêmio Nobel da paz e membro do partido
trabalhista Shimon Peres, como novo Chanceler do Governo de União Nacional,
o equivalente a um Ministro das Relações Exteriores. Perez está sendo alvo
de diversas críticas por ter se juntado ao general Sharon, um homem que é
visto no mundo árabe como promotor de guerras.

Os que conhecem Sharon sabem que não houve nada de bonzinho em suas palavras
iniciais, o que houve foi um aviso... se a sitação continuar assim as conseqüências podem ser
aterrorizantes. Apesar dele se mostrar disposto a firmar um acordo de paz
com os palestinos, etc e tal, não podemos esquecer que Ariel Sharon é
um homem de guerras, um estrategista militar, responsável por batalhas sanguinárias
em seu passado não muito distante...

Nenhum comentário: