terça-feira, 13 de novembro de 2001

Guga perdeu, mas voltou a jogar bem!

Não sei o que estava acontecendo, mas ainda não tinha visto o Guga que conheço jogar nesse segundo semestre. Perdia bizonhamente logo na primeira rodada para adversários fracos, jogando um tênis medíocre e aquém do seu reconhecido talento. Seu jogo havia sumido!

Mas hoje foi diferente e retomou minhas esperanças para mais um final de ano vitorioso, como o do ano passado.

Que Guga vai voltar a jogar bem, eu não tenho a menor dúvida. Fase ruim todo atleta tem e passa. Mas sinceramente não acreditava nessa melhora para a Copa do Mundo.... Mas para minha surpresa, Guga melhorou! A sua genialidade, que havia desaparecido, deu o ar da graça na partida de agora a pouco contra Ivanisevic. Tá certo que foram apenas lampejos, mas pelo menos ele nos lembrou que quem estava alí na quadra era mesmo aquele tri-campeão de Roland Garros, número 1 do mundo, melhor campanha do ano, fenômeno do fundo quadra. Coisa que não acontecia desde agosto, no US Open, quando perdeu jogando mal para Kafelnikov nas quartas de final. Foi muito mal em Salvador, Lyon, Stuttgart, Basel, e Paris. Mas hoje não, hoje Guga conseguiu mostrar o seu jogo em determinados momentos da partida.

Como eu havia dito ontem, Ivanisevic é um jogador perigosíssimo em quadras rápidas, por causa de seu potente saque. Num dia inspirado, seu jogo irrita qualquer adversário. Há games em que você nem pega na bola. Quer um exemplo? Terceiro set, Guga perdendo de 2 a 1, com uma quebra contra e Ivanisevic no saque. De cara meteu dois aces sem chance prá Guga. Depois uma dupla falta e mais dois aces fechando o game sem que a bola encostasse sequer uma vez na raquete do brasileiro. Assim não dá prá pegar ritmo de jogo mesmo. Irrita qualquer um.

E Ivanisevic sacou muito bem hoje. No primeiro set chegou a alcançar a marca de 85% de aproveitamento do primeiro serviço. Sua confiança era tamanha que ele detonou três aces de 2º serviço. Era ace atrás de ace e quando Guga conseguia uma rebatida, o croata logo subia à rede abafando qualquer reação do brasileiro. Guga foi se abatendo e perdeu feio o primeiro set, 6 a 2.

Até aí achei que ia ser como o pesadelo vivido nos últimos 5 torneios, mas no 1º game do segundo set Guga calou minha boca, jogando tudo que sabe. E foi assim até o tie break, com o brasileiro vencendo fácil por 7 a 2. A cara de Guga havia mudado. O semblante abatido tinha sumido, dando lugar ao sorriso e olhar confiante. Ivanisevic pelo contrário. Expressão facial preocupada, como que se estivesse vislumbrando mais um final trágico na sua irregular carreira.

Começava o terceiro set e Guga sacando e fechando com facilidade. Saque de Ivanisevic: Iguais! A barulhenta torcida brasileira ia ao delírio. Visivelmente nervoso, o croata erra o primeiro saque. No segundo, devolução mágica de Guga na linha. Vantagem para o brasileiro e explosão em fúria do adversário, reclamando com o juiz a bola fora. Não tinha erro: era o prenúncio da vitória! Mas não foi. Nesse game Ivanisevic salvou 6 break points de maneira mágica, conseguindo enfim confirmar o serviço e, surpreendentemente, quebrar o saque de Guga no game seguinte. Ducha de água fria! Com uma quebra a seu favor, o croata administrou a vantagem e fechou o 3º set e a partida por 2 sets a 1.

Tá certo que foi uma derrota, mas não como as últimas. Nessa, Guga mostrou seu talento em diversas bolas e se não fosse o dia inspirado de Ivanisevic, teria ganho. Agora é levantar a cabeça que nada está perdido, pelo contrário. O brasileiro mostrou hoje que seu jogo ainda está ali e, como sabemos, tênis ele tem de sobra para superar Ferreiro e Kafelnikov e seguir com força total para as semifinais.

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