terça-feira, 1 de março de 2005

E agora?

Essa eh a pergunta que nao quer calar por aqui... O que vai acontecer agora, depois da renunica do primeiro ministro Karami. Apesar de hoje ter sido um dia mais tranquilo, num clima meio que de ressaca pelas comemoracoes de ontem, a oposicao deixa bem claro que eh apenas o comeco de uma grande revolucao politica no paihs.

Hj estivemos eu e o Paulo Cabral, da BBC, conversando com alguns lideres da oposicao, pra saber quais sao os planos para os proximos dias. Centenas de manifestantes jah passam de 48 horas acampados na Praca dos Martires, centro da capital, protestando contra a ocupacao Siria no paihs. Na sua grande maioria, sao jovens, de caras pintadas e bandeiras libanesas, entoando hinos e cantos patrioticos. Numa onda patriotica que lembra muito o movimento que provocou a queda do Collor, a oposicao liderada por druzos e cristaos insistem em dizer que a disconfianca de uma quebra do grupo eh improvavel neste momento, assim como a volta da guerra civil.

"Nao ha nenhuma chance do Libano voltar aos tempos de guerra civil. Estamos unidos neste momento. De leste a oeste os libaneses sao um soh, clamando pela independencia do paihs" declarou Elias Aattala, um dos lideres da Alianca Democratica, uma das correntes de oposicao druza. Marc Zabbal, da lideranca juvenil do Movimento Patriota Livre - FPM, partido catolico ligado ao ex-primeiro ministro Michel Aon, tbm garante que a a uniao eh fundamental neste momento e que os protestos nao vao parar por aqui.

"Porem temos que tomar medidas eficientes e que, ao mesmo tempo, nao prejudiquem a economia do paihs. Nao podemos simplesmente convocar uma greve geral de 5 dias e ameacar ainda mais a estabilidade libanesa." disse Marc, lembrando que os protestos nao vao parar ateh que toda a cupula do governo ligada a siria renuncie.

Na verdade o proximo passo da oposicao eh exigir a renuncia do comando do servico de inteligencia do exercito, sob a acusacao de acobertar os fatos e investigacoes do atentado que matou Hariri. Os tres nomes que estao na forca sao de Jamil Al Said, chefe de seguranca nacional, General Raymond Azal, chefe do servico secreto, e Eduard Mansour, tbm da cupula da seguranca nacional.

Enquanto isso o governo continua sem se manisfestar, se limitando a dizer que o presidente Lahoud vai nos proximos dias consultar o parlamento para decidir qual serah a formacao do governo tampao que ficara no poder ateh as eleicoes de maio.

Beirute estah cheia de correspondentes estrangeiros e o clima de tensao ainda eh visivel nas ruas, com a indefinicao da situacao politica do paihs e da uniao da oposicao, assim como a posicao dos partidos xiitas que continuam sem muito se manifestar. O que se sabe eh que, a renuncia do primeiro ministro nao vai acalmar os animos oposicionistas, que tem em seu alvo o presidente Lahoud... E enquanto Lahoud estiver no poder, os protestos vao continuar a falar cada vez mais alto.

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