terça-feira, 15 de março de 2005

Intervencao internacional e instabilidade

Com a saida das tropas Sirias em curso, muitos lideres internacionais e membros do Conselho de Seguranca da ONU comecam a levantar a hipotese de um envio de uma tropa de pacificacao internacional para ocupar um possivel vacuo de seguranca e estabilidade que poderia ser provocado com a saida das ausencia das forcas sirias no paihs.

Muito porque durante anos o governo libanes manteve a justificativa de que o exercito Sirio soh continuava no paihs pq era responsavel direto pelo mantenimento da paz e estabilidade no Libano, um paihs de quase 200 anos de historia de fortes conflitos entre as diferentes etnias e credos que vivem aqui na regiao.

Mas quando se fala em "substituir" a Siria pela ONU, muitas vozes se levantam em negativa, lembrando que intervencoes internacionais no Libano nao tem um passado muito promissor, indo da tragica Forca Multi-Nacional (MNF) em 1983, que acabou sendo expulsa de Beirute pela sucessao de homens bombas, ateh a impotente UNIFIL, na fronteira entre Libano e Israel.

Um de meus professores, o turco Timur Goksel, um dos responsaveis pelas pelas forcas de pacificacao da ONU no sul do Libano de 1979 a 2003, diz claramente que uma intervencao internacional agora, apohs a saida da Siria, seria catastrofica. "Nao consigo ver a ONU substituindo a presenca Siria no Libano. Seria um suicidio!" Goksel diz. "A situacao hoje eh de politica interna e nao um trabalho para pacificadores. E quando se envolve com as politicas locais de um paihs que nao o seu, vc se torna uma parte do problema e nao da solucao!" complementa.

Um oficial da ONU aqui em Beirute disse que as conversas sobre uma forca de pacificacao no Conselho de Seguranca aconteceram nos primeiros estagios e que nao ha nada de concreto planejado. O Secretario de Relacoes Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, sugeriu no comeco deste mes que 2 mil homens da UNIFIL fossem redirecionados do sul do paihs para as regioes de onde a Siria estah se retirando. Mas agora, com as tropas realmente saindo, o governo libanes diz nem considerar a ideia de pedir uma forca de estabilizacao.

O Hezbollah tambem rejeita de qualquer maneira uma intervencao extrangeira no paihs, dizendo que nao avera nenhum problema de seguranca e que a Siria "ajudou a trazer paz para o paihs".

A historia mostra que o Libano nunca foi um porto seguro para forcas de pacificacao internacional. Em 1958, durante a primeira guerra civil, uma tropa de Marines americanos foram mandado para apoiar o presidente Chamoun. Quando o pelotao chegou a costa libanesa, o embaixador americano mandou um relatorio convencido que nao seria necessaria a intervencao americana e que o exercito libanes seria mais do que capaz de controlar a situacao. O relatorio foi ignorado e quando os Marines desembarcaram nas praias libanesas fortemente armados se viram frente a frente com o milhares de pessoas de calcoes e biquinis, curtindo o verao na maior tranquilidade.

Os mesmos Marines voltaram a Beirute em 1982, mas desta vez nao tiveram a mesma sorte. Vieram como parte da forca de coalizao entre quatro paises para acompanhar a evacuacao das guerrilhas Palestinas de Beirute, apos Israel invadir o Libano. Primeiro foram bem recebidos pelos libaneses, mas atitudes mudaram quando a Marinha Americana, atracada na costa de Beirute, comecou a atacar milicias que se opunham ao presidente Amin Gemaiel. Com isso os americanos se tornaram apenas mais uma das partes envolvidas nessa grande bagunca que foi a guerra no anos 80. Na manha de 23 de outubro de 1983, um homem bomba jougou um caminhao cheio de explosivos contra as bases dos Marines ao lado do aeroporto de Beirute, matando 241 soldados. O ataque foi simultaneo ao contra os paraquedistas franceses, que matou 58 soldados. A forca de coalizao deixou o Libano 4 meses depois.

E entao existe a UNIFIL, as forcas de pacificacao da ONU que estao no sul do Libano desde Marco de 1978, alguns dias apos a invasao Israelense. Primeiro UNIFIL era responsavel apenas por observar a saida das forcas Israelenses. Mas como os israelenses nunca sairam, a UNIFIL se viu no meio de um campo de batalha entre guerrilhas palestinas, ao norte, e exercito Israelense com milicias cristas aliadas, ao sul, tendo que controlar toda essa bagunca que depois contou ainda com a entrada do Hezbollah, que em 2000, venceu os Israelenses pelo cansaco, que se retiraram do sul do Libano. A UNIFIL ainda se mantem na fronteira nao oficial entre os dois paises, controlando-a.

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