segunda-feira, 7 de março de 2005

Indefinicao sufocante

Tentando nao pensar naquela ditado que fala sobre calmaria, vou vivendo minha vida beirutana num cenario que parece cada vez mais indefinido. Desde a renuncia do fragilissimo primeiro ministro Karami, as coisas se acalmaram e nada mais de concreto aconteceu, criando um clima de apreensao por todos os lados.

Os discursos do fim de semana podem nos ajudar a seguir um caminho, mas que estah longe de ser bem iluminado ou de ter um final proximo. O primeiro discurso veio com Assad, presidente sirio, que declarou que ira seguir o tratado de Taef e retirar suas tropas para o Vale do Bekaa e depois para a regiao da fronteira. Em seguida veio Bush, que nao gostou nada das palavras vagas de Bashar Al-Assad e deixou claro que quer a Siria totalmente fora do Libano, com seu exercito e servico secreto. E depois veio Saied Nazrallah, lider do Hezbollah, convocando uma manifestacao para a proxima terca-feira em apoio a Siria, contra a intervencao internacional e contra Israel. E hoje, uma semana depois da renuncia de Karami, o presidente Emile Lahoud se reune com Assad.

Ninguem realmente acredita que essa saida vai ser assim, tao rapida e simples. Isso eh fato. E a demora do governo para escolher um novo gabinete tbm mostra isso. A oposicao tentou um lobby para derrubar os cabecas do servico secreto libanes, mas ateh agora nao obteve sucesso, com as manifestacoes que vcs veem todos os dias pela CNN sendo chamada de "People Power" se resumindo a adolecentes numa onda hippie, cantando musicas arabes e balancando bandeiras. O libanes, na realidade, nao estah saindo de casa e economizando dinheiro para "uma saida de emergencia". Donos de restaurantes, bares e casas noturnas estao agonizando, pois todos evitam lugares publicos e o risco que eu passei, no sabado, quando estava tranquilo tomando meu cafeh no Starbucks da Praca Sessine quando militantes Sirios passaram atirando.

A verdade eh que todos estao seguros que o Libano estah vivendo um momento historico e que vai passar por mudancas significantes. Mas ao mesmo tempo ninguem sabe ao certo o que estah por vir. Na universidade, rodas de conversas entre professores e alunos de mestrado duram horas, com dezenas de opinioes diferentes mas sem ninguem dar qualquer palpite sobre o que nos reservam as proximas semanas. Especialistas se recusam a dar entrevistas simplesmente porque nao fazem a minimia ideia do que pode acontecer. Ha dias em que pensamos que nada vai acontecer e tudo ira se resolver de forma calma. Ha outros em que nos vemos a beira de um conflito ou de outro atentadado terrosrista contra lideres politicos libaneses. Que agonia!

Os olhos do paihs estarao voltados para esta passeata de amanha. Muita gente aposta em uma adesao massica da maioria xiita que forma o paihs. E muita gente teme atritos com a oposicao. Mais uma vez Beirute vai parar diante de uma manifestacao popular. Basta saber ateh quando elas vao durar tranquilas, sem maiores problemas...

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