Neo-nazy Thugs rules the streets of Sydney in anti-Lebanese riots
By Fernando Kallás to The Lebanese Blogger Forum
"A bare-chested youth in Quicksilver boardshorts tore the headscarf off the girl's head as she slithered down the Cronulla dune seeking safety on the beach from a thousand-strong baying mob.
Up on the road, Marcus "Carcass" Butcher, 28, a builder from Penrith, wearing workboots, war-camouflage shorts and black singlet bearing the words "Mahommid was a camel f---ing faggot" raised both arms to the sky. "F--- off, Leb," he cried victoriously." (The Sydney Morning Herald - December 12th 2005)
First of all, I would like to warn about the strong and shocking images that follows this article. But I think they're necessary under the circumstances.
I'm really sorry also that my first post in the Leb Blogger Forum has to be about such sickening, shameful and outrageous events that are happening in Australian in the last couple of days.
It all started as a beach party in Cronulla - Sydney, celebrating a kind of perverted nationalism that was gatecrashed by racism. A crowd of at least 5000 - overwhelmingly under 25 - took over Cronulla's foreshore and beachside streets. Police were powerless as 200-odd ringleaders, many clutching bottles or cans of beer and smoking marijuana, led assaults on individuals and small groups of Lebanese Australians who risked an appearance during the six-hour protest
Officers arrested 28 people in hours of street battles that left 31 people injured, including two ambulance officers and five policemen. One man was hospitalized after being stabbed in the back.
The violence shocked this city of 4 million which prides itself on being a largely harmonious cultural melting pot, but racism is not new in Australia.
Australia always had the racial question in its internal political agenda. Colonized by the British since 1788, the country was built by white Europeans Emigrants and the State followed an OFICIAL policy of "whitening" the native aborigines population until de 1970's, maintaining concentration camps to facilitate it.
In the 1990's, the racist deputy Pauline Hanson founded the One Nation Party, with a xenophobic platform. The ultra-conservative party earned fast national projection and got 9% of the voters’ preference in the parliament elections of 1998. In her first speech as a deputy, Hanson declared that "the country was in danger of being dominated by the Asians". In the local municipality of Queensland, her fellow colleagues from the One Nation got 11 of the 89 local seats. Pauline didn't get re-elected, but as we can see, some of her ideas are still very actual among the youth.
This anti-Leb sentiment has been brewing for a long time and surfaced radically after the first gang-rapes of a "white girls" by Lebanese boys a few years ago. This spring we had a round table at LAU to debate the subject. The occasion was the release of the book "Bin Laden in the Suburbs", that blame the media, police and conservative politicians for the role thing, using a lot of drama but with no convincing argument. The problem is much deeper than that and there is plenty of blame to go around, evolving poverty, lack of opportunities and even radical Islamic clergy in that country.
As a colleague said in that debate, "The genuine research (and to an extent political) question is whether there is indeed a distinct difference between Muslim immigrant communities and other communities from traditional, underdeveloped regions, e.g. Macedonia, Bulgaria, Greece, Portugal, Latin America, Philippines, etc.; and if this is the case, which steps can facilitate rapid integration into Western society. This is not an academic question."
Meanwhile we stay here; watching astonished the late events and asking ourselves if there is really a way out...
terça-feira, 13 de dezembro de 2005
segunda-feira, 12 de dezembro de 2005
CARRO BOMBA MATA PROEMINENTE JORNALISTA E POLÍTICO LIBANÊS
Por essa poucos esperavam. No dia em que o relatório de investigação da ONU é entregue ao Conselho de Segurança, uma explosão mata o mais importante líder político desde o assassinato de Hariri, um dos responsáveis pelo movimento anti-síria e o dono do jornal mais importante do país, Gebran Tueni.
O enorme carro bomba explodiu há alguns minutos em MKalles, cidade aos pés do Monte Líbano, região metropolitana de Beirute e muito próxima do quartel general do comitê especial de investigação da ONU, em Monteverde. A explosão foi tão forte que mais de 10 carros foram atingidos, sendo que alguns deles jogados ribanceira a baixo pelo impácto dos explosivos.
Editor do jornal An Nahar, Gebran Tueni, foi uma das personalidades mais ativas no cenário político libanês pós-guerra, na luta pelo fim da corrupção e impunidade.
Tueni foi um dos primeiros libaneses a levantar a voz publicamente contra o regime Sírio quando em 2000 escreveu o editorial "Carta Aberta à Bashar El Assad", onde pedia o fim da intervenção militar síria no Líbano. Luta essa que ele travava desde o fim da guerra civíl.
O jornalista herdou o comando do jornal mais importante do Líbano, fundado pelo seu avô em 1933. Seu pai, Ghassan Tueni, é um dos mais influentes intelectuais árabes dos tempos modernos. Além de comandar o jornal por várias décadas, foi membro do parlamento, ministro e representante do Líbano na ONU.
Tueni é o segundo jornalista do An Nahar morto após a morte de Hariri. O primeiro, o colunista Samir Qassir, foi morto em frente à minha casa, após seu carro explodir quando ia ao trabalho pela manhã.
Gebran Tueni, ídolo da juventude libanesa com seus discursos poderosos, energéticos e inspiradores, morre aos 48 anos e deixa esposa e quatro filhas.
Por essa poucos esperavam. No dia em que o relatório de investigação da ONU é entregue ao Conselho de Segurança, uma explosão mata o mais importante líder político desde o assassinato de Hariri, um dos responsáveis pelo movimento anti-síria e o dono do jornal mais importante do país, Gebran Tueni.
O enorme carro bomba explodiu há alguns minutos em MKalles, cidade aos pés do Monte Líbano, região metropolitana de Beirute e muito próxima do quartel general do comitê especial de investigação da ONU, em Monteverde. A explosão foi tão forte que mais de 10 carros foram atingidos, sendo que alguns deles jogados ribanceira a baixo pelo impácto dos explosivos.
Editor do jornal An Nahar, Gebran Tueni, foi uma das personalidades mais ativas no cenário político libanês pós-guerra, na luta pelo fim da corrupção e impunidade.
Tueni foi um dos primeiros libaneses a levantar a voz publicamente contra o regime Sírio quando em 2000 escreveu o editorial "Carta Aberta à Bashar El Assad", onde pedia o fim da intervenção militar síria no Líbano. Luta essa que ele travava desde o fim da guerra civíl.
O jornalista herdou o comando do jornal mais importante do Líbano, fundado pelo seu avô em 1933. Seu pai, Ghassan Tueni, é um dos mais influentes intelectuais árabes dos tempos modernos. Além de comandar o jornal por várias décadas, foi membro do parlamento, ministro e representante do Líbano na ONU.
Tueni é o segundo jornalista do An Nahar morto após a morte de Hariri. O primeiro, o colunista Samir Qassir, foi morto em frente à minha casa, após seu carro explodir quando ia ao trabalho pela manhã.
Gebran Tueni, ídolo da juventude libanesa com seus discursos poderosos, energéticos e inspiradores, morre aos 48 anos e deixa esposa e quatro filhas.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2005
Que sorte, héin "hermanos"!!!
Costa do Marfim é a equipe número um da África... Sérvia e Montenegro só tomou 1 gol em 10 partidas, mandando a Espanha pra repescagem... E a Holanda? Se não bastasse a dispensa de apresentações, algo me leva devolta à Copa de 98...
Pois é "hermanitos" argentinos... pela segunda Copa seguida vcs se deram mal!
O craque da Costa do Marfim e do Chelsea, Didier Drogba.
Mensão honrosa para o grupinho complicado da Itália, que além da eletrizante Gana, de Essien, Muntari, Gyan Asamoah e Appiah, que terminou invicta as eliminatórias da África, vai enfrentar a fortíssima República Tcheca, com o capitão Nedved de volta, e a seleção dos EUA, que chega provavelmente com sua melhor equipe de todos os tempos em uma Copa do Mundo.
O ganês Gyan Asamoah comemora seu gol contra Cabo Verde, nas eliminatórias.
Prá nós, que venha a Croácia!!!
Costa do Marfim é a equipe número um da África... Sérvia e Montenegro só tomou 1 gol em 10 partidas, mandando a Espanha pra repescagem... E a Holanda? Se não bastasse a dispensa de apresentações, algo me leva devolta à Copa de 98...
Pois é "hermanitos" argentinos... pela segunda Copa seguida vcs se deram mal!
O craque da Costa do Marfim e do Chelsea, Didier Drogba.
Mensão honrosa para o grupinho complicado da Itália, que além da eletrizante Gana, de Essien, Muntari, Gyan Asamoah e Appiah, que terminou invicta as eliminatórias da África, vai enfrentar a fortíssima República Tcheca, com o capitão Nedved de volta, e a seleção dos EUA, que chega provavelmente com sua melhor equipe de todos os tempos em uma Copa do Mundo.
O ganês Gyan Asamoah comemora seu gol contra Cabo Verde, nas eliminatórias.
Prá nós, que venha a Croácia!!!
terça-feira, 22 de novembro de 2005
Ronaldinho Gaúcho... EXTRATERRESTRE!
Sábado passado estive no Santiago Bernabeu, onde vi o Barcelona destruir o Real Madrid por 3 a 0, numa partida inacreditável de Ronaldinho Gaúcho, o melhor jogador de futebol do mundo.
Tá certo que o Real Madrid nao jogou nada e que o Barcelona é uma das melhores equipes da Europa, com um elenco super equilibrado e super bem entrosado e preparado fisicamente, enquanto o Real vinha de 3 lesoes graves (Ronaldo, Zidane e Julio Batista). Mas a genialidade de Ronaldinho Gaúcho foi tamanha sábado que levou todo o estádio Madridista a aplaudi-lo de pé após o 3 gol, coisa que só havia acontecido antes uma vez, com Don Diego Maradona.
E após essa derrota humilhante dentro de casa, a crise está instalada no Real Madrid. E a primeira vítima pode ser conhecida amanha, quando o clube da capital enfrenta o Lyon de Juninho Pernambucano, a única equipe invicta da temporada europea. Nao se fala de outra coisa senao da demissao de Luxemburgo em caso de derrota para o Lyon. O treinador brasileiro é acusado de nao ter um esquema de jogo e de, principalmente, pecar na preparacao física dos jogadores.
Mas os espanhois nao culpam apenas Luxemburgo e sua comissao tecnica. O presidente do clube, Florentino Peres, é alvo de uma saraivada de críticas por faltar em critério para a contratacao de jogadores.
O Madrid hoje é claramente uma equipe torta, com deficiencias em praticamente todas as posicoes do campo e sem um banco de reserva a altura da tradicao do clube. Nao sei até que ponto Luxemburgo poderia fazer do elenco que tem uma equipe balanceada, mas a verdade é que, mesmo que fique até o fim da temporada, seu contrato nao será renovado. Flavio Capello já é dado como certo para assumir o clube para a proxima temporada e junto com ele devem chegar vário jogadores novos, um deles o alemao Ballack, anunciado hoje.
Assim como Luxemburgo, outro brasileiro que está mais fora do que dentro do Real Madrid é o Sáo Paulino Cicinho, que deve ser emprestado para alguma outra equipe espanhola já que, segundo os dirigentes e jornalistas espanhois, a lateral direita é uma das poucas posicoes do time onde nao se necessita mais jogadores.
Amanha estarei no Bernabeu de novo, para ver esse que promete ser um jogao.
Sábado passado estive no Santiago Bernabeu, onde vi o Barcelona destruir o Real Madrid por 3 a 0, numa partida inacreditável de Ronaldinho Gaúcho, o melhor jogador de futebol do mundo.
Tá certo que o Real Madrid nao jogou nada e que o Barcelona é uma das melhores equipes da Europa, com um elenco super equilibrado e super bem entrosado e preparado fisicamente, enquanto o Real vinha de 3 lesoes graves (Ronaldo, Zidane e Julio Batista). Mas a genialidade de Ronaldinho Gaúcho foi tamanha sábado que levou todo o estádio Madridista a aplaudi-lo de pé após o 3 gol, coisa que só havia acontecido antes uma vez, com Don Diego Maradona.
E após essa derrota humilhante dentro de casa, a crise está instalada no Real Madrid. E a primeira vítima pode ser conhecida amanha, quando o clube da capital enfrenta o Lyon de Juninho Pernambucano, a única equipe invicta da temporada europea. Nao se fala de outra coisa senao da demissao de Luxemburgo em caso de derrota para o Lyon. O treinador brasileiro é acusado de nao ter um esquema de jogo e de, principalmente, pecar na preparacao física dos jogadores.
Mas os espanhois nao culpam apenas Luxemburgo e sua comissao tecnica. O presidente do clube, Florentino Peres, é alvo de uma saraivada de críticas por faltar em critério para a contratacao de jogadores.
O Madrid hoje é claramente uma equipe torta, com deficiencias em praticamente todas as posicoes do campo e sem um banco de reserva a altura da tradicao do clube. Nao sei até que ponto Luxemburgo poderia fazer do elenco que tem uma equipe balanceada, mas a verdade é que, mesmo que fique até o fim da temporada, seu contrato nao será renovado. Flavio Capello já é dado como certo para assumir o clube para a proxima temporada e junto com ele devem chegar vário jogadores novos, um deles o alemao Ballack, anunciado hoje.
Assim como Luxemburgo, outro brasileiro que está mais fora do que dentro do Real Madrid é o Sáo Paulino Cicinho, que deve ser emprestado para alguma outra equipe espanhola já que, segundo os dirigentes e jornalistas espanhois, a lateral direita é uma das poucas posicoes do time onde nao se necessita mais jogadores.
Amanha estarei no Bernabeu de novo, para ver esse que promete ser um jogao.
domingo, 13 de novembro de 2005
Da Martinica aos suburbios de Paris
Na última quarta-feira, a França venceu a seleção da Costa Rica de virada por 3 a 2, em amistoso jogado na Ilha da Martinica.
Uma partida que teria tudo para ser uma qualquer dentre as dezenas que qualquer seleção joga todos os anos. Mas esse jogo em especial me chamou a atenção, pq me fez refletir alguns pontos sobre os conflitos entre minorias e Estado que chacoalham a França nas últimas semanas.
De um lado, estavam vários treinadores franceses, como Arsène Wenger e Gerard Houllier revoltados com a realização do amistoso que chamavam de "sem sentido", principalmente pelas 20 horas de viagem. Mas ao chegar à Martinica, ainda no aeroporto, Liliam Thuram, uma das estrelas da seleção francesa, disse "Estamos sim cansados, mas para nós jogadores essa viagem é muito mais do que apenas futebol".
Talvez isso tenha a ver com o fato de que ele, Thuram, assim como vários outros colegas de seleção nasceram ou tem suas origens ali nas ilhas do Caribe. Thierry Henry, por exemplo, o maior goleador da história do Arsenal, assim como Nicolas Anelka, estavam voltando para a ilha que um dia seus pais deixaram, buscando vida melhor na França.
Daí eu me pergunto: teria a França ganho a Copa de 98 sem o talento defensivo de Thuram, ou sem os dois gols dele contra a Croácia? O que seria desse time sem jogadores como Marcel Desailly ou Patrick Vieira, nascidos respectivamente em Gana e Senegal? E acima de tudo, o que seria dessa geração sem Zinédine Zidane, muçulmano filho de argelinos?
Hoje em toda Europa Zidade é um dos maiores heróis em meio às minorias árabes. Lembro de uma entrevista que vi num desses especiais de TV sobre a Copa, quando uma menina de seus 8 anos, filha de emigrantes Marroquinos, disse que ao ver Zidane jogar, ela se sentia "mais francesa que os próprios franceses".
Agora, tente dizer à algum francês que Zidane é árabe......
Para uns futebol pode ser apenas um jogo, mas aqui me ajuda a enxergar uma sociedade ridiculamente hipócrita.
Provavelmente políticos e sociedade conservadora Européia nunca vão chegar a esse ponto de raciocínio, numa análise da sua babaquice em diferentes níveis da sociedade. Mas até quando os atletas e emigrantes bem sucedidos vão continuar ignorando o problema que mais me preocupa.
Em 1968, nas Olimpíadas do México, dois sujeitos chamados Tommie Smith and John Carlos, com apenas uma luva negra e o punho cerrado, chamaram a atenção do mundo para o movimento Black Power e a questão racial nos EUA... Quem sabe essa viagem às origens sirva de inspiração para uma nova revolução!
Na última quarta-feira, a França venceu a seleção da Costa Rica de virada por 3 a 2, em amistoso jogado na Ilha da Martinica.
Uma partida que teria tudo para ser uma qualquer dentre as dezenas que qualquer seleção joga todos os anos. Mas esse jogo em especial me chamou a atenção, pq me fez refletir alguns pontos sobre os conflitos entre minorias e Estado que chacoalham a França nas últimas semanas.
De um lado, estavam vários treinadores franceses, como Arsène Wenger e Gerard Houllier revoltados com a realização do amistoso que chamavam de "sem sentido", principalmente pelas 20 horas de viagem. Mas ao chegar à Martinica, ainda no aeroporto, Liliam Thuram, uma das estrelas da seleção francesa, disse "Estamos sim cansados, mas para nós jogadores essa viagem é muito mais do que apenas futebol".
Talvez isso tenha a ver com o fato de que ele, Thuram, assim como vários outros colegas de seleção nasceram ou tem suas origens ali nas ilhas do Caribe. Thierry Henry, por exemplo, o maior goleador da história do Arsenal, assim como Nicolas Anelka, estavam voltando para a ilha que um dia seus pais deixaram, buscando vida melhor na França.
Daí eu me pergunto: teria a França ganho a Copa de 98 sem o talento defensivo de Thuram, ou sem os dois gols dele contra a Croácia? O que seria desse time sem jogadores como Marcel Desailly ou Patrick Vieira, nascidos respectivamente em Gana e Senegal? E acima de tudo, o que seria dessa geração sem Zinédine Zidane, muçulmano filho de argelinos?
Hoje em toda Europa Zidade é um dos maiores heróis em meio às minorias árabes. Lembro de uma entrevista que vi num desses especiais de TV sobre a Copa, quando uma menina de seus 8 anos, filha de emigrantes Marroquinos, disse que ao ver Zidane jogar, ela se sentia "mais francesa que os próprios franceses".
Agora, tente dizer à algum francês que Zidane é árabe......
Para uns futebol pode ser apenas um jogo, mas aqui me ajuda a enxergar uma sociedade ridiculamente hipócrita.
Provavelmente políticos e sociedade conservadora Européia nunca vão chegar a esse ponto de raciocínio, numa análise da sua babaquice em diferentes níveis da sociedade. Mas até quando os atletas e emigrantes bem sucedidos vão continuar ignorando o problema que mais me preocupa.
Em 1968, nas Olimpíadas do México, dois sujeitos chamados Tommie Smith and John Carlos, com apenas uma luva negra e o punho cerrado, chamaram a atenção do mundo para o movimento Black Power e a questão racial nos EUA... Quem sabe essa viagem às origens sirva de inspiração para uma nova revolução!
domingo, 6 de novembro de 2005
Welcome to the jungle!
Se Beirute é a "Paris do Oriente Médio", pq Paris não pode ser a Beirute Européia?
A piadinha de mau gosto em cima desses estereótipos estúpidos, serve pra dar uma noção da explosão de violência nos suburbios da capital Francesa. Porque se vc compara um lugar com Beirute, o que é a primeira coisa que te vem a cabeça?
A verdade é que desde o fim da guerra civil, há quase 15 anos, Beirute é uma das cidades mais seguras que eu já conheci. Fora o clima tenso nos meses após a morte de Hariri, com algumas bombas usadas claramente para assustar e não machucar a população, viver em Beirute é uma tranquilidade só. Não há criminalidade, o povo é simpático e acolhedor, e a qualidade de vida é excelente.
Mas quando vc tenta contar isso pra qualquer pessoa que nunca tenha estado no Líbano, a primeira reação é uma gargalhada, achando que vc está de brincadeira. Assim funciona o esteriótipo... Uma vez que a fama pega, compadre, tás lascado!
Enquanto isso na Europa, primeiro mundo, berço da civilização, a polícia racista e despreparada leva a morte de 2 adolescentes negros e o país vira de cabeça pra baixo. O que começou há uma semana em alguns suburbios isolados de Paris, se espalhou para outras cidade e ontem chegou ao seu pior dia, quando os conflitos atingiram bairros residenciais da capital. Pra ver um lado mais humano e pessoal de tudo que tá rolando, vale um pulo nesse blog.
Enquanto isso Beirute vive tranquila mais um domingo de outono, com as famílias caminhando pelo calçadão da praia e os amigos fumando narguile nas sacadas dos apartamentos... Por quanto tempo, não se sabe, mas pra que pensar nisso agora? O melhor é relaxar e curtir...
Se Beirute é a "Paris do Oriente Médio", pq Paris não pode ser a Beirute Européia?
A piadinha de mau gosto em cima desses estereótipos estúpidos, serve pra dar uma noção da explosão de violência nos suburbios da capital Francesa. Porque se vc compara um lugar com Beirute, o que é a primeira coisa que te vem a cabeça?
A verdade é que desde o fim da guerra civil, há quase 15 anos, Beirute é uma das cidades mais seguras que eu já conheci. Fora o clima tenso nos meses após a morte de Hariri, com algumas bombas usadas claramente para assustar e não machucar a população, viver em Beirute é uma tranquilidade só. Não há criminalidade, o povo é simpático e acolhedor, e a qualidade de vida é excelente.
Mas quando vc tenta contar isso pra qualquer pessoa que nunca tenha estado no Líbano, a primeira reação é uma gargalhada, achando que vc está de brincadeira. Assim funciona o esteriótipo... Uma vez que a fama pega, compadre, tás lascado!
Enquanto isso na Europa, primeiro mundo, berço da civilização, a polícia racista e despreparada leva a morte de 2 adolescentes negros e o país vira de cabeça pra baixo. O que começou há uma semana em alguns suburbios isolados de Paris, se espalhou para outras cidade e ontem chegou ao seu pior dia, quando os conflitos atingiram bairros residenciais da capital. Pra ver um lado mais humano e pessoal de tudo que tá rolando, vale um pulo nesse blog.
Enquanto isso Beirute vive tranquila mais um domingo de outono, com as famílias caminhando pelo calçadão da praia e os amigos fumando narguile nas sacadas dos apartamentos... Por quanto tempo, não se sabe, mas pra que pensar nisso agora? O melhor é relaxar e curtir...
sexta-feira, 23 de setembro de 2005
Amenidades esportivas
Enquando procuro um pouco de paciencia para escrever sobre minha volta a Beirute para esses ultimos 6 meses de mestrado, dou aqui alguns pitacos sobre o que vem acontecendo no mundo dos esportes, que anda super agitado nas ultimas semanas.
Eliminatorias para a Copa do Mundo de basquete
O Brasil venceu a Copa America de Basquete e com o titulo granhou tbm uma das 4 vagas para paises Americanos na Copa do Mundo de basquetebol, que acontece ano que vem no Japao.
O ala Marcelinho, eleito o melhor jogador das eliminatorias americanas
A tarefa do Brasil nao foi das mais dificeis, ja que Argentina, EUA e Canada nao mandaram seus times principais. Na minha opiniao, a selecao do tecnico Lula nao fez mais do que sua obrigacao. Perder a final para a selecao reserva da Argentina seria um fiasco inaceitavel um campeao do mundo como o Brasil, pais que nunca esteve fora de um mundial (apenas Brasil e EUA estiveram em todas as edicoes de Copa do Mundo).
E se engana quem pensa que o Brasil jogou bem... Muito pelo contrario. As eliminatorias americanas foram um fiasco, niveladas por baixo, com pessimo nivel tecnico. Ainda assim, o Brasil mostrou uma arrumacao tatica confusa, principalmente na defesa. Ta certo que estavamos sem nossos dois melhores pivos, os profissionais da NBA Rafael e Nene, mas nada serve de desculpa para a pessima defesa que o Brasil apresentou.
De ponto positivo apenas Leandrinho, que mostrou o quanto a NBA esta fazendo bem pra ele. O armador do Suns parece que encontrou sua verdadeira posicao como segundo armador (shooting guard) e apresentou lideranca, velocidade e nitida evolucao nos arremessos longos.
O meu medo eh que esse "titulo" suba a cabeca dos jogadores e da (pessima) comissao tecnica, como aconteceu com o Pan. Estamos no Mundial sim, mas estamos longe de um basquetebol digno da tradicao brasileira. E eh bom que todos tenham nocao disso. O Brasil precisa sim de Nene na selecao se quer ao menos pensar em classificacao.
Jah nas eliminatorias europeias, a grande surpresa eh a Franca, que jah esta na semifinal, eliminando primeiro a campea do mundo, Servia e Montenegro - EM BELGRADO - e em seguida a fortissima Lituania.
O selecionado frances, comemorando a inacreditavel classificacao para as semifinais
Comandados pelo armador do Spurs, Tony Parker, a Franca tem empolgado pela raca e disposicao que vem mostrando. Ja a Grecia venceu ontem a Russia e serah a adversaria da Franca. Nas outras semis, hoje, Espanha enfrenta a Croacia e, o que promete ser um jogao entre a Alemanha de Nowitzki e a Eslovenia de Nesterovic.
E jah que estamos no Libano, deixamos pra fechar esses 5 minutinhos de basquete com a classificacao dos Libaneses para o mundial. Com o segundo lugar das eliminatorias asiaticas (perdeu apenas para a poderosa China) o Libano vai para sua segunda Copa do Mundo de Basquete.
Os jogadores da selecao de basquete do Libano sao saudados pelos torcedores apos conseguirem a classificacao historica para a Copa do Mundo de Basquete
Enquando procuro um pouco de paciencia para escrever sobre minha volta a Beirute para esses ultimos 6 meses de mestrado, dou aqui alguns pitacos sobre o que vem acontecendo no mundo dos esportes, que anda super agitado nas ultimas semanas.
Eliminatorias para a Copa do Mundo de basquete
O Brasil venceu a Copa America de Basquete e com o titulo granhou tbm uma das 4 vagas para paises Americanos na Copa do Mundo de basquetebol, que acontece ano que vem no Japao.
O ala Marcelinho, eleito o melhor jogador das eliminatorias americanas
A tarefa do Brasil nao foi das mais dificeis, ja que Argentina, EUA e Canada nao mandaram seus times principais. Na minha opiniao, a selecao do tecnico Lula nao fez mais do que sua obrigacao. Perder a final para a selecao reserva da Argentina seria um fiasco inaceitavel um campeao do mundo como o Brasil, pais que nunca esteve fora de um mundial (apenas Brasil e EUA estiveram em todas as edicoes de Copa do Mundo).
E se engana quem pensa que o Brasil jogou bem... Muito pelo contrario. As eliminatorias americanas foram um fiasco, niveladas por baixo, com pessimo nivel tecnico. Ainda assim, o Brasil mostrou uma arrumacao tatica confusa, principalmente na defesa. Ta certo que estavamos sem nossos dois melhores pivos, os profissionais da NBA Rafael e Nene, mas nada serve de desculpa para a pessima defesa que o Brasil apresentou.
De ponto positivo apenas Leandrinho, que mostrou o quanto a NBA esta fazendo bem pra ele. O armador do Suns parece que encontrou sua verdadeira posicao como segundo armador (shooting guard) e apresentou lideranca, velocidade e nitida evolucao nos arremessos longos.
O meu medo eh que esse "titulo" suba a cabeca dos jogadores e da (pessima) comissao tecnica, como aconteceu com o Pan. Estamos no Mundial sim, mas estamos longe de um basquetebol digno da tradicao brasileira. E eh bom que todos tenham nocao disso. O Brasil precisa sim de Nene na selecao se quer ao menos pensar em classificacao.
Jah nas eliminatorias europeias, a grande surpresa eh a Franca, que jah esta na semifinal, eliminando primeiro a campea do mundo, Servia e Montenegro - EM BELGRADO - e em seguida a fortissima Lituania.
O selecionado frances, comemorando a inacreditavel classificacao para as semifinais
Comandados pelo armador do Spurs, Tony Parker, a Franca tem empolgado pela raca e disposicao que vem mostrando. Ja a Grecia venceu ontem a Russia e serah a adversaria da Franca. Nas outras semis, hoje, Espanha enfrenta a Croacia e, o que promete ser um jogao entre a Alemanha de Nowitzki e a Eslovenia de Nesterovic.
E jah que estamos no Libano, deixamos pra fechar esses 5 minutinhos de basquete com a classificacao dos Libaneses para o mundial. Com o segundo lugar das eliminatorias asiaticas (perdeu apenas para a poderosa China) o Libano vai para sua segunda Copa do Mundo de Basquete.
Os jogadores da selecao de basquete do Libano sao saudados pelos torcedores apos conseguirem a classificacao historica para a Copa do Mundo de Basquete
domingo, 4 de setembro de 2005
Sinal de vida e lindas amizades
Essa semana volto à Beirute e reativo esse blog. Sei que prometi escrever uma coisa ou outra por aqui nesse período de férias, mas infelizmente não sobrou tempo nem paciência. Aos leitores, minhas mais sinceras desculpas, mas todo mundo merece um descanso.
Pra quebrar o clima, segue aí abaixo uma Reflexão dA NATA! curiosa e emocionante do meu ilustre padrinho Pe. Ávila, que tive a alegria de reencontrar no curtíssimo tempo que passei no Rio de Janeiro e que mostrou no alto dos seus 87 anos a mesma alegria, sabedoria, alto astral e energia de sempre.
Obrigado pela "homenagem" e pelo carinho com o "xarazinho", Pe. Ávila. Você sabe que o afeto aqui do quarteto é recíproco, assim como o apreço por essa linda amizade. Tão grande quanto nossa admiração por você!
Reflexões dA NATA!
"Meu amigo Oriola convidou-me uma noite para irmos à Ópera de Munique. Assim, pela primeira vez em minha vida, com 31 anos, entrei em um teatro, onde assisti à Carmem de Bizet, cantada em alemão, que me pareceu um tanto áspero para Carmen; isto porém não diminuiu o meu deslumbramento. Anos mais tarde, estava em Paris, preparando um texto na "Action Populaire" dos jesuítas, quando passou por lá um grande amigo, Nelson Parente Ribeiro, e convidou-me para irmos à Ópera de Paris, para assistir... Carmen de Bizet, mas porém todavia contudo cantada por Maria Kallas. A beleza já começava no nome: KALLAS = belo. Foi o êxtase!"
(Padre Fernando Bastos de Ávila, S.J., imortal da Academia Brasileira de Letras, usando do artifício do trocadilho para homenagear uma bonita amizade em seu novo livro, a autobiografia "A Alma de um Padre - Testemunho de uma vida")
Essa semana volto à Beirute e reativo esse blog. Sei que prometi escrever uma coisa ou outra por aqui nesse período de férias, mas infelizmente não sobrou tempo nem paciência. Aos leitores, minhas mais sinceras desculpas, mas todo mundo merece um descanso.
Pra quebrar o clima, segue aí abaixo uma Reflexão dA NATA! curiosa e emocionante do meu ilustre padrinho Pe. Ávila, que tive a alegria de reencontrar no curtíssimo tempo que passei no Rio de Janeiro e que mostrou no alto dos seus 87 anos a mesma alegria, sabedoria, alto astral e energia de sempre.
Obrigado pela "homenagem" e pelo carinho com o "xarazinho", Pe. Ávila. Você sabe que o afeto aqui do quarteto é recíproco, assim como o apreço por essa linda amizade. Tão grande quanto nossa admiração por você!
Reflexões dA NATA!
"Meu amigo Oriola convidou-me uma noite para irmos à Ópera de Munique. Assim, pela primeira vez em minha vida, com 31 anos, entrei em um teatro, onde assisti à Carmem de Bizet, cantada em alemão, que me pareceu um tanto áspero para Carmen; isto porém não diminuiu o meu deslumbramento. Anos mais tarde, estava em Paris, preparando um texto na "Action Populaire" dos jesuítas, quando passou por lá um grande amigo, Nelson Parente Ribeiro, e convidou-me para irmos à Ópera de Paris, para assistir... Carmen de Bizet, mas porém todavia contudo cantada por Maria Kallas. A beleza já começava no nome: KALLAS = belo. Foi o êxtase!"
(Padre Fernando Bastos de Ávila, S.J., imortal da Academia Brasileira de Letras, usando do artifício do trocadilho para homenagear uma bonita amizade em seu novo livro, a autobiografia "A Alma de um Padre - Testemunho de uma vida")
quarta-feira, 6 de julho de 2005
terça-feira, 7 de junho de 2005
Reflexoes dA NATA!
Jorge Drexler - "Milonga del moro judío"
Por cada muro un lamento
en Jerusalén la dorada
y mil vidas malgastadas
por cada mandamiento.
Yo soy polvo de tu viento
y aunque sangro de tu herida
y cada piedra querida
guarda mi amor más profundo,
no hay una piedra en el mundo
que valga lo que una vida.
Yo soy un moro judío
que vive con los cristianos,
no sé que Dios es el mío
ni cuales son mis hermanos....
No hay muerto que no me duela,
no hay un bando ganador,
no hay nada más que dolor
y otra vida que se vuela.
La guerra es muy mala escuela
no importa el disfraz que viste,
perdonen que no me aliste
bajo ninguna bandera,
vale más cualquier quimera
que un trozo de tela triste.
Y a nadie le dí permiso
para matar en mi nombre,
un hombre no es más que un hombre
y si hay Dios, así lo quiso.
El mismo suelo que piso
seguirá, yo me habré ido;
rumbo también del olvido
no hay doctrina que no vaya,
y no hay pueblo que no se haya
creído el pueblo elegido.
Yo soy un moro judío
que vive con los cristianos,
no sé que Dios es el mío
ni cuales son mis hermanos....
No sé que Dios es el mío
ni cuales son mis hermanos!
Jorge Drexler - "Milonga del moro judío"
Por cada muro un lamento
en Jerusalén la dorada
y mil vidas malgastadas
por cada mandamiento.
Yo soy polvo de tu viento
y aunque sangro de tu herida
y cada piedra querida
guarda mi amor más profundo,
no hay una piedra en el mundo
que valga lo que una vida.
Yo soy un moro judío
que vive con los cristianos,
no sé que Dios es el mío
ni cuales son mis hermanos....
No hay muerto que no me duela,
no hay un bando ganador,
no hay nada más que dolor
y otra vida que se vuela.
La guerra es muy mala escuela
no importa el disfraz que viste,
perdonen que no me aliste
bajo ninguna bandera,
vale más cualquier quimera
que un trozo de tela triste.
Y a nadie le dí permiso
para matar en mi nombre,
un hombre no es más que un hombre
y si hay Dios, así lo quiso.
El mismo suelo que piso
seguirá, yo me habré ido;
rumbo también del olvido
no hay doctrina que no vaya,
y no hay pueblo que no se haya
creído el pueblo elegido.
Yo soy un moro judío
que vive con los cristianos,
no sé que Dios es el mío
ni cuales son mis hermanos....
No sé que Dios es el mío
ni cuales son mis hermanos!
quinta-feira, 2 de junho de 2005
Longe do fim
Um carro bomba acaba de matar o jornalista Samir Al-Qaseer em frente a minha casa, em Ashrafiyeh.
Samir Al-Qasser era colunista do jornal An-Nahar, o maior jornal em circulacao do Libano e tambem uma das maiores vozes de oposicao a ocupacao Siria no paihs. Samir ha anos era um dos principais expoentes da imprensa na luta pela retirada Siria, aparecendo sempre na TV e escrevendo artigos fortissimos contra a Siria e o governo marionete Libanes.
Ha algumas semanas um passarinho havia me cantado esta pedra, nao de Samir Al-Qasser pessoalmente, mas dos oposicionistas responsaveis pela retirada humilhante do exercito Sirio. Ele havia me dito que nao seria surpresa alguma, num futuro proximo, ver novos atentados, de menor escala e calculistas, com alvos muito bem definidos. O que foi o caso da bomba de hj, que nao foi muito grande, mas o suficiente para matar o jornalista quando girava a ignicao do seu carro. "Se eu conheco o exercito e servico secreto Sirios e seus comandantes, a forma humilhante que tiveram que deixar o Libano nao vai sair nada barata para algumas pessoas..." disse ele, num tom meio profetico.
Quanto a mim, terei um longo fim de tarde limpando os vidros das janelas que certamente foram quebrados pelo choque da explosao...
Um carro bomba acaba de matar o jornalista Samir Al-Qaseer em frente a minha casa, em Ashrafiyeh.
Samir Al-Qasser era colunista do jornal An-Nahar, o maior jornal em circulacao do Libano e tambem uma das maiores vozes de oposicao a ocupacao Siria no paihs. Samir ha anos era um dos principais expoentes da imprensa na luta pela retirada Siria, aparecendo sempre na TV e escrevendo artigos fortissimos contra a Siria e o governo marionete Libanes.
Ha algumas semanas um passarinho havia me cantado esta pedra, nao de Samir Al-Qasser pessoalmente, mas dos oposicionistas responsaveis pela retirada humilhante do exercito Sirio. Ele havia me dito que nao seria surpresa alguma, num futuro proximo, ver novos atentados, de menor escala e calculistas, com alvos muito bem definidos. O que foi o caso da bomba de hj, que nao foi muito grande, mas o suficiente para matar o jornalista quando girava a ignicao do seu carro. "Se eu conheco o exercito e servico secreto Sirios e seus comandantes, a forma humilhante que tiveram que deixar o Libano nao vai sair nada barata para algumas pessoas..." disse ele, num tom meio profetico.
Quanto a mim, terei um longo fim de tarde limpando os vidros das janelas que certamente foram quebrados pelo choque da explosao...
quarta-feira, 25 de maio de 2005
VAI COMEÇAR A GRANDE FINAL!
Eh hj a grande final da Copa dos Campeoes da UEFA, mais precisamente as 21h45, hora local daqui de Istambul. A cidade promete estar pronta para receber os cerca de 60 mil torcedores ingleses e italianos que sao esperados. Os demais 10 mil serao divididos entre torcedores locais e neutros (como eu), que estao aqui apenas para apreciar o espetaculo.
O esquema de seguranca eh enorme, principalmente pela fama de encrenqueiros que os ingleses carregam e que jah deixou marcas aqui em Istambul, em 2000, quando dois torcedores do Leeds morreram na semifinal da Copa da UEFA contra o Galatasaray.
Mais de 10 mil policiais foram realocados para garantir a segurança do evento, alem de uma enorme equipe de segurança particular no estadio. Ambos estao trabalhando em conjunto com as policias Italiana e Inglesa, que enviaram todas as informacoes e dados sobre hooligans e torcedores com antecedentes violentos nos seus respectivos paises.
A seguranca ja comeca no aeroporto, onde 60 agentes especiais estarao conferindo os antecedentes dos torcedores. Para evitar confrontos ou problemas, os voos vindos da Inglaterra foram realocados para o aeroporto da parte Asiatica, enquanto os Italianos chegam no aeroporto internacional, no lado Europeu. A cidade espera receber cerca de € 30 milhoes pelo fluxo de turistas nesses dias.
Supreendentemente, ainda consegue-se encontrar ingressos para a final, mas por precos bem salgado. Apesar de ter alguns cambistas pedindo mais de €1.000, o preço "justo" tem sido em torno dos €500. Esses ingressos sao provenientes dos 7.500 que foram postos a venda para os torcedores locais, vendidos quase todos para cambistas.
O jogo acontece no novo e modernissimo estadio olimpico de Istambul, inaugurado em 2002 e construido para ser o grande trunfo da cidade na mal sucedida disputa para receber os Jogos Olimpicos. A Turquia investiu cerca de €120 milhoes neste estadio de capacidade para 80.000 torcedores, mas que apos a derrota de Istambul na disputa para receber as Olimpiadas, parece ter se transformado num grande elefante branco. O grande problema eh a enorme distancia do centro da cidade, que desistimula os torcedores Turcos a se deslocarem ateh la. Mesmo com todos os esforcos para torna-lo util, nada parece funcionar. Um exemplo foi a final da Copa Turca, realizada no Estadio Olimpico, que contou com apenas 20 m?l espectadores. Outro foi a experiencia do Galatasaray na temporada passada, que tentou mandar seus jogos lah e teve sua menos media de puplico da historia, levando-os a voltar ao seu antigo e acolhedor estadio Ali Sami Yen, no coracao da cidade.
Quanto aos torcedores, ateh agora a grande maioria eh de ingleses, que ivadiram os pubs e bares da cidade na tarde e noite de ontem, com seus cantos e gritos de guerra regados a muita (mas MUITA) cerveja. Poucos torcedores do Milan sao vistos na rua, mas segundo autoridades locais, eles estao sendo esperados para chegar esta manha, numa enorme caravana de onibus.
Apesar do pontape inicial estar marcado apenas para as 21h45, a festa no estadio jah começa ao meio dia, com duas areas de entretenimento organizadas pela UEFA e seus patrocinadores para receber os torcedores com musica, atividades e promocoes.
A tenda esta armada e o espetaculo jah vai começar... Comigo na plateia! Para quem estare? ali torcendo? Pelo "bom futebol"! Ou seja, para um 5 a 5 no tempo normal, mais 2 gols de cada lado na prorrogaçao e, finalmente, disputa de penaltis! Essa eh minha torcida... serah que estou pedindo demais?
Eh hj a grande final da Copa dos Campeoes da UEFA, mais precisamente as 21h45, hora local daqui de Istambul. A cidade promete estar pronta para receber os cerca de 60 mil torcedores ingleses e italianos que sao esperados. Os demais 10 mil serao divididos entre torcedores locais e neutros (como eu), que estao aqui apenas para apreciar o espetaculo.
O esquema de seguranca eh enorme, principalmente pela fama de encrenqueiros que os ingleses carregam e que jah deixou marcas aqui em Istambul, em 2000, quando dois torcedores do Leeds morreram na semifinal da Copa da UEFA contra o Galatasaray.
Mais de 10 mil policiais foram realocados para garantir a segurança do evento, alem de uma enorme equipe de segurança particular no estadio. Ambos estao trabalhando em conjunto com as policias Italiana e Inglesa, que enviaram todas as informacoes e dados sobre hooligans e torcedores com antecedentes violentos nos seus respectivos paises.
A seguranca ja comeca no aeroporto, onde 60 agentes especiais estarao conferindo os antecedentes dos torcedores. Para evitar confrontos ou problemas, os voos vindos da Inglaterra foram realocados para o aeroporto da parte Asiatica, enquanto os Italianos chegam no aeroporto internacional, no lado Europeu. A cidade espera receber cerca de € 30 milhoes pelo fluxo de turistas nesses dias.
Supreendentemente, ainda consegue-se encontrar ingressos para a final, mas por precos bem salgado. Apesar de ter alguns cambistas pedindo mais de €1.000, o preço "justo" tem sido em torno dos €500. Esses ingressos sao provenientes dos 7.500 que foram postos a venda para os torcedores locais, vendidos quase todos para cambistas.
O jogo acontece no novo e modernissimo estadio olimpico de Istambul, inaugurado em 2002 e construido para ser o grande trunfo da cidade na mal sucedida disputa para receber os Jogos Olimpicos. A Turquia investiu cerca de €120 milhoes neste estadio de capacidade para 80.000 torcedores, mas que apos a derrota de Istambul na disputa para receber as Olimpiadas, parece ter se transformado num grande elefante branco. O grande problema eh a enorme distancia do centro da cidade, que desistimula os torcedores Turcos a se deslocarem ateh la. Mesmo com todos os esforcos para torna-lo util, nada parece funcionar. Um exemplo foi a final da Copa Turca, realizada no Estadio Olimpico, que contou com apenas 20 m?l espectadores. Outro foi a experiencia do Galatasaray na temporada passada, que tentou mandar seus jogos lah e teve sua menos media de puplico da historia, levando-os a voltar ao seu antigo e acolhedor estadio Ali Sami Yen, no coracao da cidade.
Quanto aos torcedores, ateh agora a grande maioria eh de ingleses, que ivadiram os pubs e bares da cidade na tarde e noite de ontem, com seus cantos e gritos de guerra regados a muita (mas MUITA) cerveja. Poucos torcedores do Milan sao vistos na rua, mas segundo autoridades locais, eles estao sendo esperados para chegar esta manha, numa enorme caravana de onibus.
Apesar do pontape inicial estar marcado apenas para as 21h45, a festa no estadio jah começa ao meio dia, com duas areas de entretenimento organizadas pela UEFA e seus patrocinadores para receber os torcedores com musica, atividades e promocoes.
A tenda esta armada e o espetaculo jah vai começar... Comigo na plateia! Para quem estare? ali torcendo? Pelo "bom futebol"! Ou seja, para um 5 a 5 no tempo normal, mais 2 gols de cada lado na prorrogaçao e, finalmente, disputa de penaltis! Essa eh minha torcida... serah que estou pedindo demais?
segunda-feira, 23 de maio de 2005
Festa Brasileira em Istambul!
Cheguei em Istambul essa manha e a cidade estava em festa, respirando futebol, com bandeiras e camisetas por todos os lados. Mas para minha surpresa nao eram nem do Milan nem do Liverpool.
A festa Turca hj eh do Fenerbahçe, que venceu o Galatasaray ontem com um gol de cabeca do ex-Cruzeirense Marcio Nobre, sagrando-se campeao nacional. O mar de amarelo e azul tomou conta das ruas de Istambul deixando de lado a grande final da Copa dos Campeoes da UEFA.
Alem de Marcio Nobre, o Fenerbahçe conta com o ex-corinthiano Fabio Luciano, o ex-flamenguista Marco Aurelio e o cabeçudo Alex, ex-palmeiras e cruzeiro... Todos no time titular. Nem preciso dizer como esta sendo a reacao das pessoas quando digo que sou brasileiro... Ate sanduiche gratis eu ganhei!
Cheguei em Istambul essa manha e a cidade estava em festa, respirando futebol, com bandeiras e camisetas por todos os lados. Mas para minha surpresa nao eram nem do Milan nem do Liverpool.
A festa Turca hj eh do Fenerbahçe, que venceu o Galatasaray ontem com um gol de cabeca do ex-Cruzeirense Marcio Nobre, sagrando-se campeao nacional. O mar de amarelo e azul tomou conta das ruas de Istambul deixando de lado a grande final da Copa dos Campeoes da UEFA.
Alem de Marcio Nobre, o Fenerbahçe conta com o ex-corinthiano Fabio Luciano, o ex-flamenguista Marco Aurelio e o cabeçudo Alex, ex-palmeiras e cruzeiro... Todos no time titular. Nem preciso dizer como esta sendo a reacao das pessoas quando digo que sou brasileiro... Ate sanduiche gratis eu ganhei!
sexta-feira, 20 de maio de 2005
Na estrada para Istambul
Faltando menos de uma semana para a final da Liga dos Campeoes da UEFA, vou contar aqui como estao os preparativos para a minha viagem.
Nao ha mais vagas em nenhum hotel em Istambul para os dois dias que antecedem a grande final entre Liverpool e Milan. Ouvi dizer que ha gente oferecendo quartos em suas proprias casas pelo absurdo de 100 Euros a noite! Como eu vou ficar na casa de um amigo, nao terei mais problemas a nao ser aqueles que serao inevitaveis durante essa semana, como a inflacao dos precos de taxis, restaurantes, etc e tal.
E continuando a saga daqueles que resolveram de ultima hora encarar a viagem, ainda ha ingressos a venda no Global Ticketz, com o preco variando entre 750 e 1150 Euros. Meu ingresso eu consegui pelo preco mais barato, 50 Euros, pois fui sorteado na primeira rodada do sistema de loteria do website da UEFA, aberto dois meses antes da final... Eita sorte!
Sobre o jogo, a grande espectativa do Milan eh o retorno de Filippo Inzaghi. Numa entrevista para a rede Eurosport ontem, o tecnico do Milan, Carlo Ancelotti, disse que Inzaghi "vai comecar jogando" e que "eh hoje um dos mais bem preparados fisicamente da equipe". Inzaghi voltou ha equipe no domingo, no empate contra o Lecce, depois de 6 meses afastado por contusao. Mas para preocupacao da torcida, tres pecas fundamentais da equipe ficaram de fora do jogo de domingo. Sao eles Clarence Seedorf, Hernán Crespo e Andrea Pirlo, poupados por nao estarem 100%. Mas a comissao tecnica garante que estarao prontos para a final. O Milan joga de camisas brancas a grande partida.
Outro que tambem deve comecar jogando eh o atacante Frances Djibril Cissé, pelo Liverpool. No domingo Cissé foi o grande destaque da equipe inglesa na vitoria contra o Aston Villa, marcando os gols da vitoria de 2 a 1. Foi a primeira partida como titular desde que quebrou a perna, em outubro do ano passado. O tecnico espanhol do Liverpool, Rafa Benitez, poupou varios titulares, entre eles Djimi Traoré, Steven Gerrard e Luis García. Steve Finnan, Dietmar Hamann e Milan Baroš entraram apenas no segundo tempo.
Faltando menos de uma semana para a final da Liga dos Campeoes da UEFA, vou contar aqui como estao os preparativos para a minha viagem.
Nao ha mais vagas em nenhum hotel em Istambul para os dois dias que antecedem a grande final entre Liverpool e Milan. Ouvi dizer que ha gente oferecendo quartos em suas proprias casas pelo absurdo de 100 Euros a noite! Como eu vou ficar na casa de um amigo, nao terei mais problemas a nao ser aqueles que serao inevitaveis durante essa semana, como a inflacao dos precos de taxis, restaurantes, etc e tal.
E continuando a saga daqueles que resolveram de ultima hora encarar a viagem, ainda ha ingressos a venda no Global Ticketz, com o preco variando entre 750 e 1150 Euros. Meu ingresso eu consegui pelo preco mais barato, 50 Euros, pois fui sorteado na primeira rodada do sistema de loteria do website da UEFA, aberto dois meses antes da final... Eita sorte!
Sobre o jogo, a grande espectativa do Milan eh o retorno de Filippo Inzaghi. Numa entrevista para a rede Eurosport ontem, o tecnico do Milan, Carlo Ancelotti, disse que Inzaghi "vai comecar jogando" e que "eh hoje um dos mais bem preparados fisicamente da equipe". Inzaghi voltou ha equipe no domingo, no empate contra o Lecce, depois de 6 meses afastado por contusao. Mas para preocupacao da torcida, tres pecas fundamentais da equipe ficaram de fora do jogo de domingo. Sao eles Clarence Seedorf, Hernán Crespo e Andrea Pirlo, poupados por nao estarem 100%. Mas a comissao tecnica garante que estarao prontos para a final. O Milan joga de camisas brancas a grande partida.
Outro que tambem deve comecar jogando eh o atacante Frances Djibril Cissé, pelo Liverpool. No domingo Cissé foi o grande destaque da equipe inglesa na vitoria contra o Aston Villa, marcando os gols da vitoria de 2 a 1. Foi a primeira partida como titular desde que quebrou a perna, em outubro do ano passado. O tecnico espanhol do Liverpool, Rafa Benitez, poupou varios titulares, entre eles Djimi Traoré, Steven Gerrard e Luis García. Steve Finnan, Dietmar Hamann e Milan Baroš entraram apenas no segundo tempo.
quarta-feira, 18 de maio de 2005
Copa do Mundo de Beisebol eh confirmada com todos os astros da Liga Profissional Americana!
Os fans de beisebol ao redor do mundo finalmente tem motivos para comemorar. Foi confirmada, semana passada, a Copa do Mundo de Beisebol com a presenca de todos os astros da Liga Profissional Americana. O torneio acontece em Marco do ano que vem e ira reunir 16 equipes nacionais, incluindo EUA, Japao, Republica Dominicana e, muito provavelmente, Cuba.
Qual a importancia disso? O que isso quer dizer? Tudo bem... eu sei que beisebol nao eh nada popular no Brasil e por isso vou tentar explicar melhor.
O beisebol passou por maus bocados durante os anos 90, quando a Liga Profissional Americana, principal campeonato de beisebol do mundo, enfrentou greves e crises de popularidade. Mas nos ultimos anos, mesmo com os recentes escandalos de doping, o campeonato voltou a ganhar forca, principalmente pelo carisma de astros internacionais e de times tradicionais como o Boston Red Sox voltando a brilhar. Mas ao mesmo tempo em que a popularidade vai voltando aos poucos nos EUA, o beisebol internacional estah em crise. Como todos os astros estao concentrados nos EUA, que nao liberam os jogadores para jogarem competicoes internacionais pelos seus paises, competicoes como as Olimpiadas perderam totalmente o interesse, jah que apenas os Cubanos iam com forca total. Nao havia mais motivo para torcer pelos seus paises, jah que eles nunca estao representados com seus melhores jogadores. Imagina uma Copa do Mundo sem Ronaldo, Ronaldinho, Beckham, Raul, Henry, Ballack, Zidane, Del Piero, Figo...? De que adianta torcer pelo seu idolo se ele nao pode vestir a camisa da selecao? Entao... eh isso o que acontecia com o beisebol. A popularidade nos EUA cresce, mas o mundo comecou a perder o interesse pelo esporte.
E numa sabia e mais do que oportuna decisao, a Major League Baseball - associacao responsavel pelo campeonato americano - e a Uniao de Jogadores Profissionais, decidiram realizar a inedita competicao internacional que jah foi batizada de World Baseball Classic.
Eh claro que a competicao, organizada pela liga americana, serah um grande caca niquel e serve para tirar a atencao dos escandalos de doping, mas isso pouco importa para os fans do esporte, que finalmente poderao ver os tao esperados confrontos entre os amadores Cubanos contra os profissionais Dominicanos, Japoneses e Americanos. E verao um campeonato mais do que equilibrado entre essas quatro potencias do esporte. Alem do fato de ser muito mais interessante para um extrangeiro torcer por Cuba ou Republica Dominicana contra a grande potencia Americana.
E quem eh fan de beisebol jah comeca a montar suas selecoes favoritas... Eu jah tenho a minha, a Dominicana, prontinha na cabeca. Comecando pelo marrento arremecador Pedro Martinez, com um infield formado por Albert Pujols na primeira base, Alfonso Soriano na segunda, Miguel Tejada no shortstop e Adrien Beltre na terceira. Ja o outfield contaria com Manny Ramirez, Vladmir Guerrero, Sammy Sosa ou Jose Guillen, tendo como rebatedor o Papi, David Ortiz.
Vixi... jah imaginou o show?! Quem viver vera!
Os fans de beisebol ao redor do mundo finalmente tem motivos para comemorar. Foi confirmada, semana passada, a Copa do Mundo de Beisebol com a presenca de todos os astros da Liga Profissional Americana. O torneio acontece em Marco do ano que vem e ira reunir 16 equipes nacionais, incluindo EUA, Japao, Republica Dominicana e, muito provavelmente, Cuba.
Qual a importancia disso? O que isso quer dizer? Tudo bem... eu sei que beisebol nao eh nada popular no Brasil e por isso vou tentar explicar melhor.
O beisebol passou por maus bocados durante os anos 90, quando a Liga Profissional Americana, principal campeonato de beisebol do mundo, enfrentou greves e crises de popularidade. Mas nos ultimos anos, mesmo com os recentes escandalos de doping, o campeonato voltou a ganhar forca, principalmente pelo carisma de astros internacionais e de times tradicionais como o Boston Red Sox voltando a brilhar. Mas ao mesmo tempo em que a popularidade vai voltando aos poucos nos EUA, o beisebol internacional estah em crise. Como todos os astros estao concentrados nos EUA, que nao liberam os jogadores para jogarem competicoes internacionais pelos seus paises, competicoes como as Olimpiadas perderam totalmente o interesse, jah que apenas os Cubanos iam com forca total. Nao havia mais motivo para torcer pelos seus paises, jah que eles nunca estao representados com seus melhores jogadores. Imagina uma Copa do Mundo sem Ronaldo, Ronaldinho, Beckham, Raul, Henry, Ballack, Zidane, Del Piero, Figo...? De que adianta torcer pelo seu idolo se ele nao pode vestir a camisa da selecao? Entao... eh isso o que acontecia com o beisebol. A popularidade nos EUA cresce, mas o mundo comecou a perder o interesse pelo esporte.
E numa sabia e mais do que oportuna decisao, a Major League Baseball - associacao responsavel pelo campeonato americano - e a Uniao de Jogadores Profissionais, decidiram realizar a inedita competicao internacional que jah foi batizada de World Baseball Classic.
Eh claro que a competicao, organizada pela liga americana, serah um grande caca niquel e serve para tirar a atencao dos escandalos de doping, mas isso pouco importa para os fans do esporte, que finalmente poderao ver os tao esperados confrontos entre os amadores Cubanos contra os profissionais Dominicanos, Japoneses e Americanos. E verao um campeonato mais do que equilibrado entre essas quatro potencias do esporte. Alem do fato de ser muito mais interessante para um extrangeiro torcer por Cuba ou Republica Dominicana contra a grande potencia Americana.
E quem eh fan de beisebol jah comeca a montar suas selecoes favoritas... Eu jah tenho a minha, a Dominicana, prontinha na cabeca. Comecando pelo marrento arremecador Pedro Martinez, com um infield formado por Albert Pujols na primeira base, Alfonso Soriano na segunda, Miguel Tejada no shortstop e Adrien Beltre na terceira. Ja o outfield contaria com Manny Ramirez, Vladmir Guerrero, Sammy Sosa ou Jose Guillen, tendo como rebatedor o Papi, David Ortiz.
Vixi... jah imaginou o show?! Quem viver vera!
Fugindo novamente do tema Libano, vou novamente para esportes, um dos temas mais frenquentes desse blog ateh a morte de Hariri. Tenho andado tao estressado nas ultimas semanas com o trabalho e universidade que me falta tempo e, principalmente, paciencia para escrever sobre os caminhos que esta tomando a politica Libanesa as vesperas da eleicao. Vou tentar escrever alguma coisa ainda esta semana, mas os proximos posts serao sobre as decisoes do futebol europeu, os playoffs da NBA, as transacoes de pre-temporada da NFL, a Copa do Mundo de Beisebol e, o meu tema favorito do momento, o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas na lideranca do Campeonato Brasileiro.
Brasil comanda a batalha final da Copa da UEFA
Eh hoje a final da Copa da UEFA. E CSKA Moscou e Sporting Lisboa se enfrentam, em Portugal, comandados por um esquadrao de Brasileiros.
Copa da UEFA esta que teve em seus ultimos jogos eliminatorios algumas das melhores partidas do ano, principalmente no segundo confronto entre Sporting e AZ Alkmaar da Holanda, decidido com um gol salvador na prorrogacao. Foi, para mim, a melhor partida de futebol do ano.
O CSKA teve um caminho mais tranquilo que o seu adversario, vencendo facilmente o Parma na semi-final. O time de Moscou eh comandado pela dupla Wagner Love e Daniel Carvalho, este ultimo que marcou dois dos tres gols que selaram a vitoria contra o Parma.
Jah o Sporting enfrentou verdadeiras batalhas contra seus ultimos adversarios, Newcastle e AZ. Nas quartas, contra o Newcastle, perdeu a primeira partida e conseguiu uma virada heroica no jogo de volta, que perdia de 1 a 0. Contra o AZ, grande surpresa da competicao, protagonizou a melhor partida do ano em Moscou, conseguindo a classificacao nos acrescimos do segundo tempo da prorrogacao. O time Portugues conta com quatro Brasileiros que sao pecas fundamentais na equipe. Anderson Polga, na defesa, Fabio Rochemback e Rogerio, no meio campo, e o grande destaque do time, o atacante Liedson.
Promessa de uma grande partida hoje em Lisboa... uma celebracao Europeia do futebol Brasileiro!
Brasil comanda a batalha final da Copa da UEFA
Eh hoje a final da Copa da UEFA. E CSKA Moscou e Sporting Lisboa se enfrentam, em Portugal, comandados por um esquadrao de Brasileiros.
Copa da UEFA esta que teve em seus ultimos jogos eliminatorios algumas das melhores partidas do ano, principalmente no segundo confronto entre Sporting e AZ Alkmaar da Holanda, decidido com um gol salvador na prorrogacao. Foi, para mim, a melhor partida de futebol do ano.
O CSKA teve um caminho mais tranquilo que o seu adversario, vencendo facilmente o Parma na semi-final. O time de Moscou eh comandado pela dupla Wagner Love e Daniel Carvalho, este ultimo que marcou dois dos tres gols que selaram a vitoria contra o Parma.
Jah o Sporting enfrentou verdadeiras batalhas contra seus ultimos adversarios, Newcastle e AZ. Nas quartas, contra o Newcastle, perdeu a primeira partida e conseguiu uma virada heroica no jogo de volta, que perdia de 1 a 0. Contra o AZ, grande surpresa da competicao, protagonizou a melhor partida do ano em Moscou, conseguindo a classificacao nos acrescimos do segundo tempo da prorrogacao. O time Portugues conta com quatro Brasileiros que sao pecas fundamentais na equipe. Anderson Polga, na defesa, Fabio Rochemback e Rogerio, no meio campo, e o grande destaque do time, o atacante Liedson.
Promessa de uma grande partida hoje em Lisboa... uma celebracao Europeia do futebol Brasileiro!
quarta-feira, 11 de maio de 2005
sexta-feira, 6 de maio de 2005
Pessima Noticia
Quando todos achavam que a onda de violencia e terror havia terminado e o Libano estava comecando uma nova era de paz e democracia, mais uma bomba explode ao norte de Beirute.
A explosao aconteceu ha pouco mais de 5 minutos, na regiao central de Jounieh e ateh agora as informacoes que chegaram aqui na ONU sao de 6 feridos.
A tragedia acontece ha pouco mais de duas semanas do comeco das eleicoes e na vespera da tao esperada volta de Michel Aoun para o paihs.
Pobre Libano...
Quando todos achavam que a onda de violencia e terror havia terminado e o Libano estava comecando uma nova era de paz e democracia, mais uma bomba explode ao norte de Beirute.
A explosao aconteceu ha pouco mais de 5 minutos, na regiao central de Jounieh e ateh agora as informacoes que chegaram aqui na ONU sao de 6 feridos.
A tragedia acontece ha pouco mais de duas semanas do comeco das eleicoes e na vespera da tao esperada volta de Michel Aoun para o paihs.
Pobre Libano...
Saudades, tia Marcilia!
Faleceu nesta quinta-feira pela manha, depois de muita luta e perseveranca, dona Marcilia Camargo de Oliveira, a tao querida mae do meu amigo Mirandinha.
Minhas oracoes estao com voces, Gustavo, assim como minha dor e tristeza pela perda de uma pessoa tao doce e carinhosa como era a tia Marcilia. Que a familia se mantenha unida no exemplo de amor que ela foi e sua lembranca seja sempre motivo de alegria e esperanca.
Um beijo enorme, fiquem com Deus e que Ele lhes de muita forca para atravessar esse momento tao dificil!
Faleceu nesta quinta-feira pela manha, depois de muita luta e perseveranca, dona Marcilia Camargo de Oliveira, a tao querida mae do meu amigo Mirandinha.
Minhas oracoes estao com voces, Gustavo, assim como minha dor e tristeza pela perda de uma pessoa tao doce e carinhosa como era a tia Marcilia. Que a familia se mantenha unida no exemplo de amor que ela foi e sua lembranca seja sempre motivo de alegria e esperanca.
Um beijo enorme, fiquem com Deus e que Ele lhes de muita forca para atravessar esse momento tao dificil!
quinta-feira, 28 de abril de 2005
VALEU, BAIXINHO!!!
"Romario nao é 9, como foi no Vasco durante o inicio de carreira...
Romario nao é 10, como foi no Barcelona...
Romario é 11!
No futebol, desde 70, so existiu um gênio dentro da area e certamente sera unico!
Parabéns Romario, o baixinho marrento, camisa 11, eterno nos coraçoes dos torcedores brasileiros por tudo o que você fez pelo nosso futebol!"
(Marcelo Fiorito, flamenguista-vascaino, meio campo dibrador e irmao de sangue italiano)
"Romario nao é 9, como foi no Vasco durante o inicio de carreira...
Romario nao é 10, como foi no Barcelona...
Romario é 11!
No futebol, desde 70, so existiu um gênio dentro da area e certamente sera unico!
Parabéns Romario, o baixinho marrento, camisa 11, eterno nos coraçoes dos torcedores brasileiros por tudo o que você fez pelo nosso futebol!"
(Marcelo Fiorito, flamenguista-vascaino, meio campo dibrador e irmao de sangue italiano)
segunda-feira, 25 de abril de 2005
sábado, 23 de abril de 2005
Crimes contra a humanidade e o futuro da democracia Libanesa
Pensei muito em introduzir este topico aqui, nao soh por ser mega polemico mas tbm porque eh super complexo e mexe com toda a estrutura politica libanesa estabelecida no pos guerra.
O que quero por em discussao eh o assunto do momento aqui no Libano, com a manifestacao que estah ocorrendo hoje nos arredores de Jounieh pelas Forcas Libanesas, movimento radical conservador cristao Libanes. A manisfestacao tem como principal objetivo reividicar a libertacao do lider das Forcas Libanesas, Samir Jeajea, preso sob acusacao de ter explodido uma igreja no bairro de Kaslik apos o fim da guerra.
Sem contar nos meios envolvidos emocionalmente com a questao, quando falamos de Samir Jeajea quase nao se fala se ele deveria estar em carcere ou nao. O que se discute eh por que soh ele? Por que nao estao presos tambem Michel Aoun, Walid Jumblat e cia?
Prisao politica ou nao, Jeajea estah em carcere nao por crimes de guerra e sim por algo que teria cometido apos o fim da mesma. Isso pq em 1991 o governo libanes aprovou a "Lei de Anistia" que exime os criminosos de guerra de responderem pelos seus crimes. Coincidencia ou nao, esta lei foi oficialmente aceita apenas pela Siria.
Um dia desses, por exemplo, conversando com uma autoridade canadense sobre a postura do seu pais contra criminosos de guerra e criminosos contra a humanidade, a ordem explicita eh ao pisarem em solo canadense, serem levados a carcere e deportados imediatamente para seus paises de origem para serem julgados, quando nao (em casos extremos) serem julgados no Canada mesmo.
Eu lhe perguntei entao: "Se Michel Aoun resolvesse ir um dia de viagem para o Canada...?" e ele nem me deixou continuar respondendo "Seria preso imediatamente". O que coloca mais uma vez em discussao a politica internacional francesa em questao, jah que nao eh novidade nenhuma a Franca agindo de forma diplomaticamente hipocrita e mentirosa (vide o ataque frances a embarcacao do Green Peace na Nova Zelandia que terminou na Franca prometendo as autoridades Neozelandesas levar os criminosos a prisao se fossem deportados e os libertando assim que chegaram em Paris).
Trago esses exemplos extremos do asilo Frances a Aoun e da prisao de Jeajea em questao porque com a saida do regime Sirio e o "sol da democracia" comecando a brilhar no Libano, este assunto estah mais do que em pauta. Porque para o Libano se transformar em uma verdadeira democracia, a Lei de Anistia tera que ser revogada e TODOS os criminosos de guerra obrigados a responder pelos seus crimes, como ocorreu na Africa do Sul e Servia, por exemplo.
Nao estou discutindo se Jeajea deveria estar preso ou nao e sim o porque de sua prisao. Eu particularmente acho que com toda essa pressao ele serah libertado em breve. A questao eh que se o Libano se transformar em uma verdadeira democracia, Jeajea deveria mesmo ser libertado e, junto com todos os outros criminosos de guerra, levado finalmente a justica de verdade.
Na Africa do Sul os criminosos contra a humanidade tiveram a opcao de pedir perdao pelos seus crimes e, uma vez assumindo os crimes e pedindo perdao publicamente, eram automaticamente perdoados. Caso se recusassem (como uma minoria o fez) eram levados a julgamento e depois a carcere, onde muitos ainda estao hoje em dia. Algum de voces acreditam que seria possivel ver no Libano os criminosos de guerra indo a TV e assumindo seus crimes e se desculpando?
Onde eu quero chegar eh "ateh onde vc acha que a democracia libanesa vai chegar?"
Teremos realmente um paihs de verdade, onde os criminosos tem que responder pelos seus crimes seja ele cristao, druzo ou muculmano, ou o paihs continuara com essa hipocrisia se fingindo de cegos, com a Franca e o ocidente continuando com essa politica canalha apoiando os mesmos "lideres" politico-religiosos que levaram o paihs a uma terrivel guerra civil continuando a comandar o cenario politico do paihs?
Pensei muito em introduzir este topico aqui, nao soh por ser mega polemico mas tbm porque eh super complexo e mexe com toda a estrutura politica libanesa estabelecida no pos guerra.
O que quero por em discussao eh o assunto do momento aqui no Libano, com a manifestacao que estah ocorrendo hoje nos arredores de Jounieh pelas Forcas Libanesas, movimento radical conservador cristao Libanes. A manisfestacao tem como principal objetivo reividicar a libertacao do lider das Forcas Libanesas, Samir Jeajea, preso sob acusacao de ter explodido uma igreja no bairro de Kaslik apos o fim da guerra.
Sem contar nos meios envolvidos emocionalmente com a questao, quando falamos de Samir Jeajea quase nao se fala se ele deveria estar em carcere ou nao. O que se discute eh por que soh ele? Por que nao estao presos tambem Michel Aoun, Walid Jumblat e cia?
Prisao politica ou nao, Jeajea estah em carcere nao por crimes de guerra e sim por algo que teria cometido apos o fim da mesma. Isso pq em 1991 o governo libanes aprovou a "Lei de Anistia" que exime os criminosos de guerra de responderem pelos seus crimes. Coincidencia ou nao, esta lei foi oficialmente aceita apenas pela Siria.
Um dia desses, por exemplo, conversando com uma autoridade canadense sobre a postura do seu pais contra criminosos de guerra e criminosos contra a humanidade, a ordem explicita eh ao pisarem em solo canadense, serem levados a carcere e deportados imediatamente para seus paises de origem para serem julgados, quando nao (em casos extremos) serem julgados no Canada mesmo.
Eu lhe perguntei entao: "Se Michel Aoun resolvesse ir um dia de viagem para o Canada...?" e ele nem me deixou continuar respondendo "Seria preso imediatamente". O que coloca mais uma vez em discussao a politica internacional francesa em questao, jah que nao eh novidade nenhuma a Franca agindo de forma diplomaticamente hipocrita e mentirosa (vide o ataque frances a embarcacao do Green Peace na Nova Zelandia que terminou na Franca prometendo as autoridades Neozelandesas levar os criminosos a prisao se fossem deportados e os libertando assim que chegaram em Paris).
Trago esses exemplos extremos do asilo Frances a Aoun e da prisao de Jeajea em questao porque com a saida do regime Sirio e o "sol da democracia" comecando a brilhar no Libano, este assunto estah mais do que em pauta. Porque para o Libano se transformar em uma verdadeira democracia, a Lei de Anistia tera que ser revogada e TODOS os criminosos de guerra obrigados a responder pelos seus crimes, como ocorreu na Africa do Sul e Servia, por exemplo.
Nao estou discutindo se Jeajea deveria estar preso ou nao e sim o porque de sua prisao. Eu particularmente acho que com toda essa pressao ele serah libertado em breve. A questao eh que se o Libano se transformar em uma verdadeira democracia, Jeajea deveria mesmo ser libertado e, junto com todos os outros criminosos de guerra, levado finalmente a justica de verdade.
Na Africa do Sul os criminosos contra a humanidade tiveram a opcao de pedir perdao pelos seus crimes e, uma vez assumindo os crimes e pedindo perdao publicamente, eram automaticamente perdoados. Caso se recusassem (como uma minoria o fez) eram levados a julgamento e depois a carcere, onde muitos ainda estao hoje em dia. Algum de voces acreditam que seria possivel ver no Libano os criminosos de guerra indo a TV e assumindo seus crimes e se desculpando?
Onde eu quero chegar eh "ateh onde vc acha que a democracia libanesa vai chegar?"
Teremos realmente um paihs de verdade, onde os criminosos tem que responder pelos seus crimes seja ele cristao, druzo ou muculmano, ou o paihs continuara com essa hipocrisia se fingindo de cegos, com a Franca e o ocidente continuando com essa politica canalha apoiando os mesmos "lideres" politico-religiosos que levaram o paihs a uma terrivel guerra civil continuando a comandar o cenario politico do paihs?
quinta-feira, 14 de abril de 2005
O renascimento de Beirute
Um dia apos o outro Beirute vai comecando a respirar os novos ares de um pais em mudancas. Mesmo com um pouco de receio de novos problemas e intabilidade pelas eleicoes ainda por vir, os libaneses estao finalmente voltando a sair de casa e por fim podendo saborear os frutos colhidos pela revolucao pacifica popular.
Ao que tudo indica, minha analise otimista dos ultimos atentados estava correta e parece que eles realmente chegaram ao fim devido a enorme pressao interna e internacional nos governos Sirio e Libanes. Omar Karami renunciou pela terceira vez e, dessa vez, promete que nao volta mais ao poder, dizendo que acredita que as eleicoes possam ser realizadas em maio, na data marcada.
No fim de semana, depois de muita insistencia e negociacoes, os donos dos restaurantes e bares do centro da cidade decidiram baixar os precos numa super promocao de 50%. Nao deu outra e desde sabado Downtown Beirute estah lotado, com as pessoas voltando a habitar aquelas ruas que desde a morte de Hariri estavam desertas. Era o estimulo que faltava para acabar de vez com o medo do Beirutano e faze-lo sair de casa. E pra quem estah acostumado a ver o centro sempre cheio de gente, eh muito legal ve-lo vivo novamente! Principalmente pq agora nao estah vivo de turistas e sim de Libaneses, que na sua grande maioria nao tem poder aquisitivo para encarar os carissimos precos de Downtown.
Domingo aconteceu uma maratona simbolica, sem premios ou inscricao, aberta para todos que quisessem correr pela liberdade ateh o centro de Beirute. Uma especie de comemoracao pela saida do exercito Sirio e pelo enfraquecimento desse governo Libanes manipulado. Lahoud estah com os dias contados, principalmente se as eleicoes nao forem adiadas.
E ontem, dia 13 de abril, foi criado um novo feriado nacional num dia que eh historicamente triste e tragico para a regiao e que por isso nao deve ser esquecido. No dia que eh tido simbolicamente como o dia do inicio da guerra civil, trinta anos depois se transformou no Dia da Unidade Nacional, numa celebracao da uniao de catolicos, druzos e muculmanos na oposicao, lutando juntos pela liberdade do Libano.
Parece que, junto com o frio inverno que castigou o Libano este ano, o medo e a opressao tambem vao ficando pra tras. O sol e o calor jah chegaram a Beirute e as praias vao enchendo novamente. A impressao que se tem eh que os motivos para sorrir sao cada vez maiores e que a tristeza vai ficando no passado. Os Libaneses estao comecando a perceber que soh depende deles para o paihs funcionar. De que o verao cheio de turistas que parecia perdido ainda pode ser salvo. O sol comeca a brilhar nessa cidade que viveu dois dos meses mais intensos de sua historia recente. Uma historia que comecou triste e tragica, mas que esta tendo um final feliz.
Um dia apos o outro Beirute vai comecando a respirar os novos ares de um pais em mudancas. Mesmo com um pouco de receio de novos problemas e intabilidade pelas eleicoes ainda por vir, os libaneses estao finalmente voltando a sair de casa e por fim podendo saborear os frutos colhidos pela revolucao pacifica popular.
Ao que tudo indica, minha analise otimista dos ultimos atentados estava correta e parece que eles realmente chegaram ao fim devido a enorme pressao interna e internacional nos governos Sirio e Libanes. Omar Karami renunciou pela terceira vez e, dessa vez, promete que nao volta mais ao poder, dizendo que acredita que as eleicoes possam ser realizadas em maio, na data marcada.
No fim de semana, depois de muita insistencia e negociacoes, os donos dos restaurantes e bares do centro da cidade decidiram baixar os precos numa super promocao de 50%. Nao deu outra e desde sabado Downtown Beirute estah lotado, com as pessoas voltando a habitar aquelas ruas que desde a morte de Hariri estavam desertas. Era o estimulo que faltava para acabar de vez com o medo do Beirutano e faze-lo sair de casa. E pra quem estah acostumado a ver o centro sempre cheio de gente, eh muito legal ve-lo vivo novamente! Principalmente pq agora nao estah vivo de turistas e sim de Libaneses, que na sua grande maioria nao tem poder aquisitivo para encarar os carissimos precos de Downtown.
Domingo aconteceu uma maratona simbolica, sem premios ou inscricao, aberta para todos que quisessem correr pela liberdade ateh o centro de Beirute. Uma especie de comemoracao pela saida do exercito Sirio e pelo enfraquecimento desse governo Libanes manipulado. Lahoud estah com os dias contados, principalmente se as eleicoes nao forem adiadas.
E ontem, dia 13 de abril, foi criado um novo feriado nacional num dia que eh historicamente triste e tragico para a regiao e que por isso nao deve ser esquecido. No dia que eh tido simbolicamente como o dia do inicio da guerra civil, trinta anos depois se transformou no Dia da Unidade Nacional, numa celebracao da uniao de catolicos, druzos e muculmanos na oposicao, lutando juntos pela liberdade do Libano.
Parece que, junto com o frio inverno que castigou o Libano este ano, o medo e a opressao tambem vao ficando pra tras. O sol e o calor jah chegaram a Beirute e as praias vao enchendo novamente. A impressao que se tem eh que os motivos para sorrir sao cada vez maiores e que a tristeza vai ficando no passado. Os Libaneses estao comecando a perceber que soh depende deles para o paihs funcionar. De que o verao cheio de turistas que parecia perdido ainda pode ser salvo. O sol comeca a brilhar nessa cidade que viveu dois dos meses mais intensos de sua historia recente. Uma historia que comecou triste e tragica, mas que esta tendo um final feliz.
quarta-feira, 6 de abril de 2005
Um excelente texto que li esta semana no The Guardian e resolvi traduzir para colocar aqui. Que visao maravilhosa desse escritor judeu sobre a historia do seu povo!
Precisamos pular para uma mentalidade pos-sionista
John Rose - The Guardian – 02/04/2005
Os lacos historicos e religiosos que ligam tantos judeus a “terra de Israel” justificam o projeto Sionista? A ideia de uma terra natal judaica continua a causar dois problemas. O primeiro eh a negacao dos direitos dos Palestinos, principalmente aos direitos dos refugiados, que veem Israel ser contruida em sua terra natal. E o segundo eh o que “terra natal” significa para a grande maioria judeus que vivem for a de Israel.
Ha uma interessante e pouco explorada ligacao entre estes dois problemas. Resolver o segundo pode contribuir para resolver o primeiro. Mas isso significa que nos judeus ocidentais renunciemos nosso direito automatico de sermos cidadaos de Israel.
Essa posicao segue o ritmo da historia judaica, especialmente e de forma paradoxa, no Oriente Medio. Mais de dois mil anos atras, muito antes da queda do Segundo templo em Jerusalem em 70 DC, o filosofo judeu Philo de Alexandria fez exatamente esta pergunta. “Terra Natal”, patria, seria a terra de nacimento e educacao de uma pessoa. Existia a peregrinacao judaica ao templo de Jerusalem, mas isso significava abandonar sua patria para visitar o que Philo nao chamava de “terra natal” mas sim de “terra estranha”.
Falando disso, a existencia de importantes comunidades judaicas como a de Philo por todo o Mediterraneo e alem, muito antes da queda do Segundo templo, tiram todo o credito do mito sionista do “exilio” que diz que os judeus foram obrigados a deixarem sua terra pelos Romanos, na queda do segundo templo. O sionismo deveria superar a ideia do exilio dois mil anos depois, porque tal “exilio” parece ser mais uma forma “natural” de se adaptar a uma condicao historica.
Mais de mil anos depois, tambem no Egito, tivemos uma extremamente bem sucedida comunidade judaica na recem contruida cidade do Cairo. O professor ShelomoGoitein, um brilhante academico das relacoes Islamicas Arabes-Judaicas, na sua analise dos documentos de “Geniza”, descobertos em uma sinagoga medieval, deixou claro como os judeus da cidade viam sua “terra natal”. Isto eh um ponto alto nas relacoes Islamico-Judaicas simbolizada por Saladin, o maior lider Islamico do mundo, protegendo Cairo dos Cruzados e tambem os expulsando de Jerusalem.
E eh importante lembrarnos que foram os Cruzados Europeus que mataram os judeus em Jerusalem e que foi Saladin que nos chamou para voltar. Mas nos judeus nao tinhamos intensao nenhuma intensao de viver em Jerusalem. Jerusalem era um centro espiritual e religioso, nao nossa “terra natal”. As comunidades judaicas se sentiam “em casa” nas suas vilas e cidades, por todo o mundo Islamico.
Judeus migraram da Europa para o mundo Islamico para escapar dos Cruzados. Os judeus do Cairo prontamente ofereceram ajudas aos seus irmaos de fe. De acordo com Goitein, autoridades Islamicas nunca impediram tal migracao. Que contraste com nossas attitudes “civilizadas” de migracao contemporanea.
Os judeus do inicio do seculo XX no Iraque tem licoes semelhantes para nos. Ateh o dia de hoje, judeus iraquianos mantem e se orgulham da sua historia initerrupta de mais de 2500 anos desde a Babilonia a Baghdad. Aderindo aos movimento nacionalista Iraquiano que expulsou os Britanicos loco apos a primeira guerra mundial, eles certamente nao queriam os sionistas. Menahem Daniel, um notavel judeu de Baghdad, escreveu em 1922: “Voces sao uma ameaca a vida nacional Arabe. Por favor fiquem longe daqui!”
A cultura judaica floreceu como parte da cultura Iraquiana. Mais de um terco dos musicos iraquianos eram judeus. Em 1949, quando a crise entre Judeus Iraquianos aconteceu cinicamente orquestrada por Israel e Inglaterra, assim como pelo governo pro-Ingles, o Jewish Chronicle reportou a seguinte passagem para que os judeus iraquianos aguentasse as pontas: “A tolerancia islamica eh a grande responsavel pelo florecimento da comunidade judaica de Baghdad como centro educacional e de comercio. Eles em nosso lugar ficariam!”
Mas a experiencia judaica Iraquiana seria posta frente a experiencia europeia, que via a necessidade de uma “terra natal” segura como uma especie de compensacao pelo Holocauto. Ainda hoje aqui no ocidente temos a chamada “visao lacrimejante” da historia judaica: de um povo que sofreu durante toda sua historia pela maos dos nao-judeus. Assim como um escritor disse uma vez, estamos frente ao perigo de ter uma cicatriz fazer o papel de uma ferida ainda aberta.
Em verdade, a experiencia judaica europeia eh muito mais complexa do que simplesmente o Holocausto. A resposta aos projetos anti-semitas da Russia Tsarista mais de 100 anos atras merecem um estudo particular. A massiva migracao judaica para a Europa Ocidental e America comecam ai. E onde os sionistas desenvolveram sua base ai. Mesmo com a enorme participacao de judeus na resistencia contra o Tsar, usando sempre a tradicao judaica de solidariedade entre judeus e nao-judeus. O socilist judeu Bund foi um dos pioneiros nessa ideologia, que os sionistas simplesmente nao conseguiam entender.
O valor da solidariedade foi construido pelas promessas do Iluminismo e da Revolucao Francesa, que deram aos judeus o direito de serem cidadaos comuns em suas terras natais.
Nao seria isso a expressao dos judeus em tempos modernos? Nao seriam a comunidades judaicas na Europa occidental e na America modelos iluminados de assimilacao onde podemos expressar nossa identidade judaica, assim como nos sentimos em casa em nossas terras natais?
E a expulsao dos Palestinos apenas reforca esse argumento. Como podemos justificar nosso direito de cidadania israelense quando os palestinos nao tem uma pais?
Uma reconciliacao Arabe-Judaica precisa de um approach alternativo. Uma “fagulha de esperanca” vinda do passado historico das relacoes Arabe-Judaicas no Oriente Medio. Varios israelenses entendem isso. Intelectuais israelenses associados a uma imagem pos-sionista imaginam com confianca uma vida judaica numa regiao sem um Estado Sionista. Um pequeno numero de ex-lideres sionistas, como Mero Benvenisti, ex-prefeito de Jerusalem, concordam. Ele diz qe a revolucao sionista acabou. Ele sugere que acabemos com a lei do retorno, que permite aos judeus de qualquer nacionalidade se tornarem cidadaos israelenses.
Benvenisti diz que ele ama esta terra e que eh uma terra Arabe. Talvez os antigos pensadores Judeus Iluministas que acreditavam na assimilacao estavam muito mais corretos do que imaginavam. Imagine os tataranetos dos judeus Europeus hoje vivendo na Palestina assimilando a cultura arabe, absorvendo e contribuindo para o seu desenvolvimento, em algum lugar desse seculo.
Uma mudanca de mentalidade? Sim, mas nos judeus sempre fomos sempre bons nisso!
John Rose, politico Ingles, eh um dos lideres do Partido Socialista dos Trabalhadores e autor de “The Myths of Zionism” - Email johnrose88@yahoo.co.uk. Texto traduzido por Fernando Kallas.
Precisamos pular para uma mentalidade pos-sionista
John Rose - The Guardian – 02/04/2005
Os lacos historicos e religiosos que ligam tantos judeus a “terra de Israel” justificam o projeto Sionista? A ideia de uma terra natal judaica continua a causar dois problemas. O primeiro eh a negacao dos direitos dos Palestinos, principalmente aos direitos dos refugiados, que veem Israel ser contruida em sua terra natal. E o segundo eh o que “terra natal” significa para a grande maioria judeus que vivem for a de Israel.
Ha uma interessante e pouco explorada ligacao entre estes dois problemas. Resolver o segundo pode contribuir para resolver o primeiro. Mas isso significa que nos judeus ocidentais renunciemos nosso direito automatico de sermos cidadaos de Israel.
Essa posicao segue o ritmo da historia judaica, especialmente e de forma paradoxa, no Oriente Medio. Mais de dois mil anos atras, muito antes da queda do Segundo templo em Jerusalem em 70 DC, o filosofo judeu Philo de Alexandria fez exatamente esta pergunta. “Terra Natal”, patria, seria a terra de nacimento e educacao de uma pessoa. Existia a peregrinacao judaica ao templo de Jerusalem, mas isso significava abandonar sua patria para visitar o que Philo nao chamava de “terra natal” mas sim de “terra estranha”.
Falando disso, a existencia de importantes comunidades judaicas como a de Philo por todo o Mediterraneo e alem, muito antes da queda do Segundo templo, tiram todo o credito do mito sionista do “exilio” que diz que os judeus foram obrigados a deixarem sua terra pelos Romanos, na queda do segundo templo. O sionismo deveria superar a ideia do exilio dois mil anos depois, porque tal “exilio” parece ser mais uma forma “natural” de se adaptar a uma condicao historica.
Mais de mil anos depois, tambem no Egito, tivemos uma extremamente bem sucedida comunidade judaica na recem contruida cidade do Cairo. O professor ShelomoGoitein, um brilhante academico das relacoes Islamicas Arabes-Judaicas, na sua analise dos documentos de “Geniza”, descobertos em uma sinagoga medieval, deixou claro como os judeus da cidade viam sua “terra natal”. Isto eh um ponto alto nas relacoes Islamico-Judaicas simbolizada por Saladin, o maior lider Islamico do mundo, protegendo Cairo dos Cruzados e tambem os expulsando de Jerusalem.
E eh importante lembrarnos que foram os Cruzados Europeus que mataram os judeus em Jerusalem e que foi Saladin que nos chamou para voltar. Mas nos judeus nao tinhamos intensao nenhuma intensao de viver em Jerusalem. Jerusalem era um centro espiritual e religioso, nao nossa “terra natal”. As comunidades judaicas se sentiam “em casa” nas suas vilas e cidades, por todo o mundo Islamico.
Judeus migraram da Europa para o mundo Islamico para escapar dos Cruzados. Os judeus do Cairo prontamente ofereceram ajudas aos seus irmaos de fe. De acordo com Goitein, autoridades Islamicas nunca impediram tal migracao. Que contraste com nossas attitudes “civilizadas” de migracao contemporanea.
Os judeus do inicio do seculo XX no Iraque tem licoes semelhantes para nos. Ateh o dia de hoje, judeus iraquianos mantem e se orgulham da sua historia initerrupta de mais de 2500 anos desde a Babilonia a Baghdad. Aderindo aos movimento nacionalista Iraquiano que expulsou os Britanicos loco apos a primeira guerra mundial, eles certamente nao queriam os sionistas. Menahem Daniel, um notavel judeu de Baghdad, escreveu em 1922: “Voces sao uma ameaca a vida nacional Arabe. Por favor fiquem longe daqui!”
A cultura judaica floreceu como parte da cultura Iraquiana. Mais de um terco dos musicos iraquianos eram judeus. Em 1949, quando a crise entre Judeus Iraquianos aconteceu cinicamente orquestrada por Israel e Inglaterra, assim como pelo governo pro-Ingles, o Jewish Chronicle reportou a seguinte passagem para que os judeus iraquianos aguentasse as pontas: “A tolerancia islamica eh a grande responsavel pelo florecimento da comunidade judaica de Baghdad como centro educacional e de comercio. Eles em nosso lugar ficariam!”
Mas a experiencia judaica Iraquiana seria posta frente a experiencia europeia, que via a necessidade de uma “terra natal” segura como uma especie de compensacao pelo Holocauto. Ainda hoje aqui no ocidente temos a chamada “visao lacrimejante” da historia judaica: de um povo que sofreu durante toda sua historia pela maos dos nao-judeus. Assim como um escritor disse uma vez, estamos frente ao perigo de ter uma cicatriz fazer o papel de uma ferida ainda aberta.
Em verdade, a experiencia judaica europeia eh muito mais complexa do que simplesmente o Holocausto. A resposta aos projetos anti-semitas da Russia Tsarista mais de 100 anos atras merecem um estudo particular. A massiva migracao judaica para a Europa Ocidental e America comecam ai. E onde os sionistas desenvolveram sua base ai. Mesmo com a enorme participacao de judeus na resistencia contra o Tsar, usando sempre a tradicao judaica de solidariedade entre judeus e nao-judeus. O socilist judeu Bund foi um dos pioneiros nessa ideologia, que os sionistas simplesmente nao conseguiam entender.
O valor da solidariedade foi construido pelas promessas do Iluminismo e da Revolucao Francesa, que deram aos judeus o direito de serem cidadaos comuns em suas terras natais.
Nao seria isso a expressao dos judeus em tempos modernos? Nao seriam a comunidades judaicas na Europa occidental e na America modelos iluminados de assimilacao onde podemos expressar nossa identidade judaica, assim como nos sentimos em casa em nossas terras natais?
E a expulsao dos Palestinos apenas reforca esse argumento. Como podemos justificar nosso direito de cidadania israelense quando os palestinos nao tem uma pais?
Uma reconciliacao Arabe-Judaica precisa de um approach alternativo. Uma “fagulha de esperanca” vinda do passado historico das relacoes Arabe-Judaicas no Oriente Medio. Varios israelenses entendem isso. Intelectuais israelenses associados a uma imagem pos-sionista imaginam com confianca uma vida judaica numa regiao sem um Estado Sionista. Um pequeno numero de ex-lideres sionistas, como Mero Benvenisti, ex-prefeito de Jerusalem, concordam. Ele diz qe a revolucao sionista acabou. Ele sugere que acabemos com a lei do retorno, que permite aos judeus de qualquer nacionalidade se tornarem cidadaos israelenses.
Benvenisti diz que ele ama esta terra e que eh uma terra Arabe. Talvez os antigos pensadores Judeus Iluministas que acreditavam na assimilacao estavam muito mais corretos do que imaginavam. Imagine os tataranetos dos judeus Europeus hoje vivendo na Palestina assimilando a cultura arabe, absorvendo e contribuindo para o seu desenvolvimento, em algum lugar desse seculo.
Uma mudanca de mentalidade? Sim, mas nos judeus sempre fomos sempre bons nisso!
John Rose, politico Ingles, eh um dos lideres do Partido Socialista dos Trabalhadores e autor de “The Myths of Zionism” - Email johnrose88@yahoo.co.uk. Texto traduzido por Fernando Kallas.
terça-feira, 5 de abril de 2005
Precaucao ou Paranoia? De volta a Beirute
Cheguei ontem a Beirute e encontrei uma cidade pouco diferente daquela que deixei duas semanas atras, quando parti de viagem para Espanha e Marrocos. Como era de se esperar, o clima de tensao e medo estah quatro vezes maior, quantificado pelas duas outras bombas que abalaram bairros cristaos da capital libanesa num intervalo de uma semana. Agora jah sao quatro os atentados nesse segundo mes apos a morte de Hariri. Bombas essas sem motivo, alvo ou autor aparente, tendo em comum apenas o fato de terem explodido durante a noite, em locais sem movimento de bairros cristaos.
O paihs estah em panico e os moradores de Beirute aterrorizados. Grupos de homens das comunidades se revesam todas as noites fazendo rondas nas ruas dos bairros, exigindo identificacao para qualquer carro estranho que queira estacionar e revistando pessoas nas portas de edificios, centros comerciais e shopping centers. Funcionarios da ONU e de embaixadas recebem instrucoes de seguranca severissimas, como sair de casa apos o anoitecer, mudar todos os dias o caminho e hora de ida e volta do trabalho, nao usar servicos de transporte publicos e ateh nao subir em qualquer elevador com estranhos. Ainda nao se sentindo segura em apenas fechar o transito do quarteirao em volta do nosso predio, a equipe de seguranca da ONU apaca de contruir uma barricada militar de sacos de terra de quase 10 metros de altura e 3 de largura em volta do edificio, protegido por soldados do exercito libanes. Restaurantes, bares e casas noturnas estao fechando as portas e centenas de pessoas sendo demitidas todas as semanas.
Analisando a situacao atual do paihs, ha duas perspectivas para se ver os ultimos ataques terroristas. A "otimista" eh de que sao ataques isolados em lugares e horarios que causam apenas danos materiais, com o intuito de desestabilizar ainda mais a politica e economia do paihs. Com essa visao, bairros residenciais, locais publicos e movimentados e ataques a luz do dia ficam praticamente descartados, visto que o unico objetivo eh levar o paihs para o colapso economico. Jah a visao pessimista eh bem mais preocupante e eh a que estah levando a todo esse panico e paranoia. Segundo essa perspectiva pessimista, os ataques noturnos e sem grande numero de feridos e vitimas estao servindo apenas para "acostumar" a midia e comunidade internacional com a violencia para que quando os verdadeiros alvos forem atacados, a repercussao nao seja tao grande como a de Hariri. Serah coincidencia o fato de que realmente a bomba de sexta-feira teve uma repercussao na midia muito menor do que a primeira, em Jdeide?
O medo hoje nao eh de guerra civil, pq nao ha um sentimento de odio ou um inimigo claro. O medo hoje eh o mesmo para catolicos, muculmanos, druzos e palestinos: o de terem uma bomba na na esquina da sua casa ou no estacionamento do shopping ou supermercado onde vc faz as suas compras. E o que estah levando a uma revolta nacional contra o governo e autoridades eh o fato de nao se falar nada em investigacao ou na autoria dos atentados. A sensacao que se tem eh que a seguranca do paihs estah entregue nas maos de Deus. E jah que mesmo com todas as diferencas que sempre separaram o povo libanes, pela primeira vez eles se veem unidos nas preces a uma das poucas coisas que tem em comum, a feh em um soh Deus. E ha muita gente dizendo que essa feh pode mais uma vez levar o povo a um levante, mas nao contra eles mesmos e sim contra um governo que nunca os representou.
Cheguei ontem a Beirute e encontrei uma cidade pouco diferente daquela que deixei duas semanas atras, quando parti de viagem para Espanha e Marrocos. Como era de se esperar, o clima de tensao e medo estah quatro vezes maior, quantificado pelas duas outras bombas que abalaram bairros cristaos da capital libanesa num intervalo de uma semana. Agora jah sao quatro os atentados nesse segundo mes apos a morte de Hariri. Bombas essas sem motivo, alvo ou autor aparente, tendo em comum apenas o fato de terem explodido durante a noite, em locais sem movimento de bairros cristaos.
O paihs estah em panico e os moradores de Beirute aterrorizados. Grupos de homens das comunidades se revesam todas as noites fazendo rondas nas ruas dos bairros, exigindo identificacao para qualquer carro estranho que queira estacionar e revistando pessoas nas portas de edificios, centros comerciais e shopping centers. Funcionarios da ONU e de embaixadas recebem instrucoes de seguranca severissimas, como sair de casa apos o anoitecer, mudar todos os dias o caminho e hora de ida e volta do trabalho, nao usar servicos de transporte publicos e ateh nao subir em qualquer elevador com estranhos. Ainda nao se sentindo segura em apenas fechar o transito do quarteirao em volta do nosso predio, a equipe de seguranca da ONU apaca de contruir uma barricada militar de sacos de terra de quase 10 metros de altura e 3 de largura em volta do edificio, protegido por soldados do exercito libanes. Restaurantes, bares e casas noturnas estao fechando as portas e centenas de pessoas sendo demitidas todas as semanas.
Analisando a situacao atual do paihs, ha duas perspectivas para se ver os ultimos ataques terroristas. A "otimista" eh de que sao ataques isolados em lugares e horarios que causam apenas danos materiais, com o intuito de desestabilizar ainda mais a politica e economia do paihs. Com essa visao, bairros residenciais, locais publicos e movimentados e ataques a luz do dia ficam praticamente descartados, visto que o unico objetivo eh levar o paihs para o colapso economico. Jah a visao pessimista eh bem mais preocupante e eh a que estah levando a todo esse panico e paranoia. Segundo essa perspectiva pessimista, os ataques noturnos e sem grande numero de feridos e vitimas estao servindo apenas para "acostumar" a midia e comunidade internacional com a violencia para que quando os verdadeiros alvos forem atacados, a repercussao nao seja tao grande como a de Hariri. Serah coincidencia o fato de que realmente a bomba de sexta-feira teve uma repercussao na midia muito menor do que a primeira, em Jdeide?
O medo hoje nao eh de guerra civil, pq nao ha um sentimento de odio ou um inimigo claro. O medo hoje eh o mesmo para catolicos, muculmanos, druzos e palestinos: o de terem uma bomba na na esquina da sua casa ou no estacionamento do shopping ou supermercado onde vc faz as suas compras. E o que estah levando a uma revolta nacional contra o governo e autoridades eh o fato de nao se falar nada em investigacao ou na autoria dos atentados. A sensacao que se tem eh que a seguranca do paihs estah entregue nas maos de Deus. E jah que mesmo com todas as diferencas que sempre separaram o povo libanes, pela primeira vez eles se veem unidos nas preces a uma das poucas coisas que tem em comum, a feh em um soh Deus. E ha muita gente dizendo que essa feh pode mais uma vez levar o povo a um levante, mas nao contra eles mesmos e sim contra um governo que nunca os representou.
quarta-feira, 30 de março de 2005
O quarto dia
Desde a primeira explosao, em Jdeide, quatro dias depois explodiu a segunda em Kaslik e, mais quatro dias, a de Decueine, ultimo domingo, quatro dias atras.
Imagino como deve estar Beirute hoje, com essa bizzara "certeza" de que outro atentado hj vai acontecer. Vim passar uns dias em Madrid mas diariamente falo com amigos lah no Libano e nao vejo sinais de melhoras na situacao. Mesmo com a segunda renuncia de Karami, esperada para amanha, parece que a tensao nao vai melhorar.
Um sinal eh a ONU, que alem de ter instalado agora um sistema de mensagem de texto para o celular todos seus funcionarios com um update diario da situacao, decidiu hoje em uma reuniao "aconselhar" todos os seus estagiarios extrangeiros a deixar o paihs. Pra quem nao sabe, 90% dos estagiarios da ONU sao como eu, extrangeiros que tiram de 3 a 6 meses de um ano para vir a Beirute trabalhar na ONU e complementar suas pesquisas de mestrado ou doutorado. Se a intensao foi assustar-nos, ponto pra eles, mas em uma coisa estao corretos: com a resolucao 1559 e agora esse relatorio de investigacao da morte de Hariri, qualquer escritorio da ONU em Beirute se tornou top 3 em alvos potenciais para novos ataques.
Desde a primeira explosao, em Jdeide, quatro dias depois explodiu a segunda em Kaslik e, mais quatro dias, a de Decueine, ultimo domingo, quatro dias atras.
Imagino como deve estar Beirute hoje, com essa bizzara "certeza" de que outro atentado hj vai acontecer. Vim passar uns dias em Madrid mas diariamente falo com amigos lah no Libano e nao vejo sinais de melhoras na situacao. Mesmo com a segunda renuncia de Karami, esperada para amanha, parece que a tensao nao vai melhorar.
Um sinal eh a ONU, que alem de ter instalado agora um sistema de mensagem de texto para o celular todos seus funcionarios com um update diario da situacao, decidiu hoje em uma reuniao "aconselhar" todos os seus estagiarios extrangeiros a deixar o paihs. Pra quem nao sabe, 90% dos estagiarios da ONU sao como eu, extrangeiros que tiram de 3 a 6 meses de um ano para vir a Beirute trabalhar na ONU e complementar suas pesquisas de mestrado ou doutorado. Se a intensao foi assustar-nos, ponto pra eles, mas em uma coisa estao corretos: com a resolucao 1559 e agora esse relatorio de investigacao da morte de Hariri, qualquer escritorio da ONU em Beirute se tornou top 3 em alvos potenciais para novos ataques.
segunda-feira, 28 de março de 2005
Descanso
Estou na Espanha aproveitando a semana de folga no trabalho e mestrado. Para nao deixar o blog desatualizado, vou tentar fazer sempre que possivel um balancao das noticias publicadas por meios de comunicacao arabes. E no dia 3 de abril estou de volta a Beirute e volto a fazer meus relatos da capital Libanesa.
Estou na Espanha aproveitando a semana de folga no trabalho e mestrado. Para nao deixar o blog desatualizado, vou tentar fazer sempre que possivel um balancao das noticias publicadas por meios de comunicacao arabes. E no dia 3 de abril estou de volta a Beirute e volto a fazer meus relatos da capital Libanesa.
quarta-feira, 23 de março de 2005
Sinais
*O enviado da ONU, Terje Roed-Larsen, diz temer pela escalada da vilencia;
*A CNN acaba de mandar mais um correspondente para o Libano... agora sao quatro jornalistas que a rede americana estah mantendo em alerta no pais;
*A ONU fecha para transito o quarteirao do seu predio, por tempo indeterminado, "por motivos de seguranca";
*Duas bombas explodem em diferentes bairros cristaos, sendo que a segunda mata 3 em Kaslik, norte de Beirute.
Podem ser apenas coincidencias, mas os sinais dados nesses ultimos dias estao elevando o nivel de tensao aqui no Libano. As pessoas estao assustadas e temem que os ultimos atentados sejam apenas o comeco. Por enquanto foram durante a madrugada, em lugares sem movimento, mas nos ultimos dias os beirutanos estao evitando lugares publicos, movimentados ou que representem qualquer simbolismo para qualquer das partes envolvidas no cenario politico libanes. O medo estah crescendo e o clima de ansiedade criado em torno do relatorio dos investigadores da ONU sobre a morte de Hariri, que deve sair essa semana, soh faz aumentar o nervosismo. E se os resultados forem realmente estes que estao comentando, de envolvimento de autoridades Sirias e Libanesas na morte do ex-primeiro ministro, o paihs pode estar prestes a encarar o momento mais dificil da sua historia pos-guerra civil.
*O enviado da ONU, Terje Roed-Larsen, diz temer pela escalada da vilencia;
*A CNN acaba de mandar mais um correspondente para o Libano... agora sao quatro jornalistas que a rede americana estah mantendo em alerta no pais;
*A ONU fecha para transito o quarteirao do seu predio, por tempo indeterminado, "por motivos de seguranca";
*Duas bombas explodem em diferentes bairros cristaos, sendo que a segunda mata 3 em Kaslik, norte de Beirute.
Podem ser apenas coincidencias, mas os sinais dados nesses ultimos dias estao elevando o nivel de tensao aqui no Libano. As pessoas estao assustadas e temem que os ultimos atentados sejam apenas o comeco. Por enquanto foram durante a madrugada, em lugares sem movimento, mas nos ultimos dias os beirutanos estao evitando lugares publicos, movimentados ou que representem qualquer simbolismo para qualquer das partes envolvidas no cenario politico libanes. O medo estah crescendo e o clima de ansiedade criado em torno do relatorio dos investigadores da ONU sobre a morte de Hariri, que deve sair essa semana, soh faz aumentar o nervosismo. E se os resultados forem realmente estes que estao comentando, de envolvimento de autoridades Sirias e Libanesas na morte do ex-primeiro ministro, o paihs pode estar prestes a encarar o momento mais dificil da sua historia pos-guerra civil.
segunda-feira, 21 de março de 2005
domingo, 20 de março de 2005
Crise e drama na noite de Beirute
Uma das maiores preocupacoes hoje dos libaneses nao eh a escalada da violencia ou dos atritos entre as partes envolvidas no cenario politico, mas sim a crise economica que ameaca o paihs ha anos e que agora parece inevitavel.
E os primeiros sinais comecam a ser vistos na um dia movimentada e agitada noite da capital. Garcons estao sendo demitidos aos montes e os donos de restaurantes e casas noturnas estao em panico pela queda brutal de clientes no centro novo de Beirute e na regiao de Mono, famosa pelas boates e pubs sempre lotados de libaneses e turistas do mundo todo. Os hoteis comecam a fazer ofertas e mais ofertas, assim como as lojas de material de esqui, que comecaram suas promocoes muito antes da hora. A morte de Hariri e o medo da violencia nao soh afastou os turistas. Os Libaneses nao estao saindo mais de casa para se divertirem, declaradamente numa politica de corte de gastos e economias para uma emergencia qualquer.
Como em tudo aqui no Libano, nao ha numeros concretos sobre essas mudancas, mas nao precisa nem ser pesquisador ou analista para notar a diferenca. Essa semana a Associacao Comercial de Beirute mandou faxes para todas as embaixadas da capital, declarando abertamente a crise de clientes, quase que implorando aos extrangeiros que aqui trabalham para irem comer ou fazer comprar nos estabelecimentos do centro reconstruido.
Taxistas sao outros que sofrem com a queda de movimento, pois dependem do fluxo de clientes. Ontem, sabado, o dia mais movimentado da semana, a rua Mono estava completamente vazia, com as discotecas e bares fechando as portas antes das duas da manha. No taxi que peguei para ir para casa, conversando com o motorista sobre esse assunto, um senhor de seus 50 e poucos anos, se pos a chorar torrencialmente mostrando a agonia daqueles que dependem da noite para sustentar suas familias.
A situacao criada no paihs apos a morte de Hariri estah afentando profundamente a vida dos libaneses que temem por tempos ainda mais dificeis. A economia libanesa hoje depende totalmente do turismo e entretenimento, uma industria que soh funciona com estabilidade e seguranca. E enquanto a situacao politica estiver nessa indefinicao, a possibilidade de uma crise de grandes proporcoes eh cada vez mais evidente.
Uma das maiores preocupacoes hoje dos libaneses nao eh a escalada da violencia ou dos atritos entre as partes envolvidas no cenario politico, mas sim a crise economica que ameaca o paihs ha anos e que agora parece inevitavel.
E os primeiros sinais comecam a ser vistos na um dia movimentada e agitada noite da capital. Garcons estao sendo demitidos aos montes e os donos de restaurantes e casas noturnas estao em panico pela queda brutal de clientes no centro novo de Beirute e na regiao de Mono, famosa pelas boates e pubs sempre lotados de libaneses e turistas do mundo todo. Os hoteis comecam a fazer ofertas e mais ofertas, assim como as lojas de material de esqui, que comecaram suas promocoes muito antes da hora. A morte de Hariri e o medo da violencia nao soh afastou os turistas. Os Libaneses nao estao saindo mais de casa para se divertirem, declaradamente numa politica de corte de gastos e economias para uma emergencia qualquer.
Como em tudo aqui no Libano, nao ha numeros concretos sobre essas mudancas, mas nao precisa nem ser pesquisador ou analista para notar a diferenca. Essa semana a Associacao Comercial de Beirute mandou faxes para todas as embaixadas da capital, declarando abertamente a crise de clientes, quase que implorando aos extrangeiros que aqui trabalham para irem comer ou fazer comprar nos estabelecimentos do centro reconstruido.
Taxistas sao outros que sofrem com a queda de movimento, pois dependem do fluxo de clientes. Ontem, sabado, o dia mais movimentado da semana, a rua Mono estava completamente vazia, com as discotecas e bares fechando as portas antes das duas da manha. No taxi que peguei para ir para casa, conversando com o motorista sobre esse assunto, um senhor de seus 50 e poucos anos, se pos a chorar torrencialmente mostrando a agonia daqueles que dependem da noite para sustentar suas familias.
A situacao criada no paihs apos a morte de Hariri estah afentando profundamente a vida dos libaneses que temem por tempos ainda mais dificeis. A economia libanesa hoje depende totalmente do turismo e entretenimento, uma industria que soh funciona com estabilidade e seguranca. E enquanto a situacao politica estiver nessa indefinicao, a possibilidade de uma crise de grandes proporcoes eh cada vez mais evidente.
Preocupacoes
"Eu estava e continuo muito preocupado com o potencial de violencia no Libano. Eh por isso que tenho pedido tanto para todas as partes envolvidas de se alcamem, pois os animos estao muitos exaltados"
Essas foram as palavras de Terje Roed-Larsen, enviado especial da ONU e representante de Kofi Annan para coordenar os dialogos entre autoridades Sirias e Libanesas. Essa declaracao foi dada poucas horas antes da explosao da ultima sexta-feira.
Roed-Larsen completou dizendo que se preocupa muito com a possibilidade de outro atentado contra expoentes da politica libanesa, como o que matou Hariri a 5 semanas.
No sabado pela manha mais 3 bombas foram desarmadas no bairro de Bourj Hammoud, regiao armenia nos suburbios ao norte de Beirute.
"Eu estava e continuo muito preocupado com o potencial de violencia no Libano. Eh por isso que tenho pedido tanto para todas as partes envolvidas de se alcamem, pois os animos estao muitos exaltados"
Essas foram as palavras de Terje Roed-Larsen, enviado especial da ONU e representante de Kofi Annan para coordenar os dialogos entre autoridades Sirias e Libanesas. Essa declaracao foi dada poucas horas antes da explosao da ultima sexta-feira.
Roed-Larsen completou dizendo que se preocupa muito com a possibilidade de outro atentado contra expoentes da politica libanesa, como o que matou Hariri a 5 semanas.
No sabado pela manha mais 3 bombas foram desarmadas no bairro de Bourj Hammoud, regiao armenia nos suburbios ao norte de Beirute.
sábado, 19 de março de 2005
CARRO BOMBA EXPLODE EM BEIRUTE!
Cinco semanas apos o atentado que matou Hafik Hariri, outra explosao de grandes proporcoes trouxe de novo panico para as ruas da capital libanesa. Por volta da meia noite, um carro bomba explodiu no bairro de Jdeide, leste de Beirut. Ateh agora nao ha noticias de mortos, mas varias pessoas estao hospitalizadas.
Cinco semanas apos o atentado que matou Hafik Hariri, outra explosao de grandes proporcoes trouxe de novo panico para as ruas da capital libanesa. Por volta da meia noite, um carro bomba explodiu no bairro de Jdeide, leste de Beirut. Ateh agora nao ha noticias de mortos, mas varias pessoas estao hospitalizadas.
quarta-feira, 16 de março de 2005
Libano e Siria
Por Charley Reese*
Tinhamos acabado de terminar nosso jantar. Carneiro, arroz e tabule. Nosso anfitriao e fluente em varias linguas estava falando sobre Oriente Medio. Ele eh Curdo e Sirio.
"E um general Frances colocou seus pehs na cova de Saladin e disse 'Saladin, nohs voltamos'"
Ele joga essa frase e seu rosto comeca a ficar vermelho, seguindo de soco na mesa que faz ateh os pratos pularem. Sua esposa parece um pouco envergonhada com a situacao criada com esse subito ataque de emocao. O incidente que o fez ficar tao furioso soh de lembrar-lo aconteceu muito antes dele nascer.
Ele estava falando da grande traicao que ocorreu no fim da 1a. Guerra Mundial. Os Arabes contavam com a promessa de um paihs independente se lutassem contra os Turcos e a dominacao do Imperio Otomano.
Era uma grande mentira!
Pelas costas dos Arabes os Ingleses e Franceses negociaram um acordo secreto para dividir o Oriente Medio entre os dois paises. Franca ficou com a Siria e, cortando a parte oeste das montanhas ateh o Mediterraneo, criou o Libano. Assim como os Britanicos criaram a Jordania separando a Palestina a leste do Rio Jordao.
Saladin era um Curdo nascido em Tikrit, onde Saddan Hussei nasceu. Saladin foi quem lutou contra os Cruzados e expulsou-os de Jerusalem.
O motivo de estar dizendo isso tudo eh para mostrar que nada no Oriente Medio eh tao simples como nosso presidente e sua gangue neoconservativa pensam. Para muitos Sirios , o Libano ainda eh uma parte da Siria, assim como muitos Libaneses tbm o pensam. E nao eh supresa nenhuma ver a Franca se juntando aos EUA para pedir a saida da Siria do Libano. Franca tbm nao eh assim tao popular tanto na Siria quanto no Libano. E o presidente Siro nao estah retirando suas tropas do paihs, como a midia internacional estah reportando. Ele estah apenas movendo-as e coloncando-as ao longo da fronteira - e do lado Libanes.
A situacao nao eh, como Bush insiste em dizer, uma ocupacao extrangeira que tira a soberania de um paihs contra sua vontade. Eh mais parecida com o caso daquele parente que foi convidado para sua casa e acabou ficando um pouco mais do que o anfitriao esperava. A verdadeira ocupacao extrangeira eh a Americana no Iraque e a Israelense nas Colinas de Golan e Wes Bank.
Mas mesmo se a Siria resolver tirar suas tropas do Libano, nao serah o fim da influencia Siria no paihs. Ha os Druzos, os Maronitas, os Ortodoxos, os Sunitas, os Xiitas e os Refugiados Palestinos. Eles estiveram em uma sangrenta guerra civil e foram os Sirios que, quando chamados, termiram com os conflitos.
Se o nosso presidente nao estivesse tao bebado de imperialismo e tao sucetivel a aceitar as beisteiras que os Israelenses sussurram em seu ouvido, ele iria nos tirar imediatamente do Oriente Medio e deixar terrorismo por conta da CIA e das Forcas de Operacoes Especiais. Como meu amigo ilustrou, o povo daquela parte do mundo tem uma memoria muito diferente da nossa aqui no ocidente. Para nohs, o passado eh mais como uma historia que lemos nos livros. Mas para eles, eh uma coisa que faz do presente. E eles tambem veem o tempo de uma forma diferente da gente. Quarenta... cinquenta... Nunca eh tarde demais para eles buscaram vinganca. Se nosso presidente continuar se intromentendo naquela parte do mundo, ele vai terminar em mais guerras do que podera aguentar.
A atual administracao insiste em ir a midia e dizer com orgulho que a democracia finalmente esta chegando ao Oriente Medio. O povo do Oriente Medio jah vem tendo eleicoes ha varias decadas. Bush esqueceu, convenientemente, que Yasser Arafat foi eleito em eleicoes livres. O problema eh que os resultados das eleicoes nao duram muito... E nao ha razao alguma que leve a crer que no Iraque serah diferente.
O Oriente Medio eh cheio de ruinas deixadas pelas superpotencias do passado. E como um amigo Palestino costuma dizer, apontando para aquelas ruinas: "Eles todos jah se foram. Nohs continuamos aqui!"
(*Charley Reese eh jornalista ha 49 anos, foi editor do Orlando Sentinel de 1971 a 2001 e hoje escreve regularmente seus artigos em varios jornais e sites da internet. Este artigo foi escrito em 14 de marco de 2005 para o site LewRockwell.com e traduzido para portugues por Fernando Kallas)
Por Charley Reese*
Tinhamos acabado de terminar nosso jantar. Carneiro, arroz e tabule. Nosso anfitriao e fluente em varias linguas estava falando sobre Oriente Medio. Ele eh Curdo e Sirio.
"E um general Frances colocou seus pehs na cova de Saladin e disse 'Saladin, nohs voltamos'"
Ele joga essa frase e seu rosto comeca a ficar vermelho, seguindo de soco na mesa que faz ateh os pratos pularem. Sua esposa parece um pouco envergonhada com a situacao criada com esse subito ataque de emocao. O incidente que o fez ficar tao furioso soh de lembrar-lo aconteceu muito antes dele nascer.
Ele estava falando da grande traicao que ocorreu no fim da 1a. Guerra Mundial. Os Arabes contavam com a promessa de um paihs independente se lutassem contra os Turcos e a dominacao do Imperio Otomano.
Era uma grande mentira!
Pelas costas dos Arabes os Ingleses e Franceses negociaram um acordo secreto para dividir o Oriente Medio entre os dois paises. Franca ficou com a Siria e, cortando a parte oeste das montanhas ateh o Mediterraneo, criou o Libano. Assim como os Britanicos criaram a Jordania separando a Palestina a leste do Rio Jordao.
Saladin era um Curdo nascido em Tikrit, onde Saddan Hussei nasceu. Saladin foi quem lutou contra os Cruzados e expulsou-os de Jerusalem.
O motivo de estar dizendo isso tudo eh para mostrar que nada no Oriente Medio eh tao simples como nosso presidente e sua gangue neoconservativa pensam. Para muitos Sirios , o Libano ainda eh uma parte da Siria, assim como muitos Libaneses tbm o pensam. E nao eh supresa nenhuma ver a Franca se juntando aos EUA para pedir a saida da Siria do Libano. Franca tbm nao eh assim tao popular tanto na Siria quanto no Libano. E o presidente Siro nao estah retirando suas tropas do paihs, como a midia internacional estah reportando. Ele estah apenas movendo-as e coloncando-as ao longo da fronteira - e do lado Libanes.
A situacao nao eh, como Bush insiste em dizer, uma ocupacao extrangeira que tira a soberania de um paihs contra sua vontade. Eh mais parecida com o caso daquele parente que foi convidado para sua casa e acabou ficando um pouco mais do que o anfitriao esperava. A verdadeira ocupacao extrangeira eh a Americana no Iraque e a Israelense nas Colinas de Golan e Wes Bank.
Mas mesmo se a Siria resolver tirar suas tropas do Libano, nao serah o fim da influencia Siria no paihs. Ha os Druzos, os Maronitas, os Ortodoxos, os Sunitas, os Xiitas e os Refugiados Palestinos. Eles estiveram em uma sangrenta guerra civil e foram os Sirios que, quando chamados, termiram com os conflitos.
Se o nosso presidente nao estivesse tao bebado de imperialismo e tao sucetivel a aceitar as beisteiras que os Israelenses sussurram em seu ouvido, ele iria nos tirar imediatamente do Oriente Medio e deixar terrorismo por conta da CIA e das Forcas de Operacoes Especiais. Como meu amigo ilustrou, o povo daquela parte do mundo tem uma memoria muito diferente da nossa aqui no ocidente. Para nohs, o passado eh mais como uma historia que lemos nos livros. Mas para eles, eh uma coisa que faz do presente. E eles tambem veem o tempo de uma forma diferente da gente. Quarenta... cinquenta... Nunca eh tarde demais para eles buscaram vinganca. Se nosso presidente continuar se intromentendo naquela parte do mundo, ele vai terminar em mais guerras do que podera aguentar.
A atual administracao insiste em ir a midia e dizer com orgulho que a democracia finalmente esta chegando ao Oriente Medio. O povo do Oriente Medio jah vem tendo eleicoes ha varias decadas. Bush esqueceu, convenientemente, que Yasser Arafat foi eleito em eleicoes livres. O problema eh que os resultados das eleicoes nao duram muito... E nao ha razao alguma que leve a crer que no Iraque serah diferente.
O Oriente Medio eh cheio de ruinas deixadas pelas superpotencias do passado. E como um amigo Palestino costuma dizer, apontando para aquelas ruinas: "Eles todos jah se foram. Nohs continuamos aqui!"
(*Charley Reese eh jornalista ha 49 anos, foi editor do Orlando Sentinel de 1971 a 2001 e hoje escreve regularmente seus artigos em varios jornais e sites da internet. Este artigo foi escrito em 14 de marco de 2005 para o site LewRockwell.com e traduzido para portugues por Fernando Kallas)
terça-feira, 15 de março de 2005
Intervencao internacional e instabilidade
Com a saida das tropas Sirias em curso, muitos lideres internacionais e membros do Conselho de Seguranca da ONU comecam a levantar a hipotese de um envio de uma tropa de pacificacao internacional para ocupar um possivel vacuo de seguranca e estabilidade que poderia ser provocado com a saida das ausencia das forcas sirias no paihs.
Muito porque durante anos o governo libanes manteve a justificativa de que o exercito Sirio soh continuava no paihs pq era responsavel direto pelo mantenimento da paz e estabilidade no Libano, um paihs de quase 200 anos de historia de fortes conflitos entre as diferentes etnias e credos que vivem aqui na regiao.
Mas quando se fala em "substituir" a Siria pela ONU, muitas vozes se levantam em negativa, lembrando que intervencoes internacionais no Libano nao tem um passado muito promissor, indo da tragica Forca Multi-Nacional (MNF) em 1983, que acabou sendo expulsa de Beirute pela sucessao de homens bombas, ateh a impotente UNIFIL, na fronteira entre Libano e Israel.
Um de meus professores, o turco Timur Goksel, um dos responsaveis pelas pelas forcas de pacificacao da ONU no sul do Libano de 1979 a 2003, diz claramente que uma intervencao internacional agora, apohs a saida da Siria, seria catastrofica. "Nao consigo ver a ONU substituindo a presenca Siria no Libano. Seria um suicidio!" Goksel diz. "A situacao hoje eh de politica interna e nao um trabalho para pacificadores. E quando se envolve com as politicas locais de um paihs que nao o seu, vc se torna uma parte do problema e nao da solucao!" complementa.
Um oficial da ONU aqui em Beirute disse que as conversas sobre uma forca de pacificacao no Conselho de Seguranca aconteceram nos primeiros estagios e que nao ha nada de concreto planejado. O Secretario de Relacoes Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, sugeriu no comeco deste mes que 2 mil homens da UNIFIL fossem redirecionados do sul do paihs para as regioes de onde a Siria estah se retirando. Mas agora, com as tropas realmente saindo, o governo libanes diz nem considerar a ideia de pedir uma forca de estabilizacao.
O Hezbollah tambem rejeita de qualquer maneira uma intervencao extrangeira no paihs, dizendo que nao avera nenhum problema de seguranca e que a Siria "ajudou a trazer paz para o paihs".
A historia mostra que o Libano nunca foi um porto seguro para forcas de pacificacao internacional. Em 1958, durante a primeira guerra civil, uma tropa de Marines americanos foram mandado para apoiar o presidente Chamoun. Quando o pelotao chegou a costa libanesa, o embaixador americano mandou um relatorio convencido que nao seria necessaria a intervencao americana e que o exercito libanes seria mais do que capaz de controlar a situacao. O relatorio foi ignorado e quando os Marines desembarcaram nas praias libanesas fortemente armados se viram frente a frente com o milhares de pessoas de calcoes e biquinis, curtindo o verao na maior tranquilidade.
Os mesmos Marines voltaram a Beirute em 1982, mas desta vez nao tiveram a mesma sorte. Vieram como parte da forca de coalizao entre quatro paises para acompanhar a evacuacao das guerrilhas Palestinas de Beirute, apos Israel invadir o Libano. Primeiro foram bem recebidos pelos libaneses, mas atitudes mudaram quando a Marinha Americana, atracada na costa de Beirute, comecou a atacar milicias que se opunham ao presidente Amin Gemaiel. Com isso os americanos se tornaram apenas mais uma das partes envolvidas nessa grande bagunca que foi a guerra no anos 80. Na manha de 23 de outubro de 1983, um homem bomba jougou um caminhao cheio de explosivos contra as bases dos Marines ao lado do aeroporto de Beirute, matando 241 soldados. O ataque foi simultaneo ao contra os paraquedistas franceses, que matou 58 soldados. A forca de coalizao deixou o Libano 4 meses depois.
E entao existe a UNIFIL, as forcas de pacificacao da ONU que estao no sul do Libano desde Marco de 1978, alguns dias apos a invasao Israelense. Primeiro UNIFIL era responsavel apenas por observar a saida das forcas Israelenses. Mas como os israelenses nunca sairam, a UNIFIL se viu no meio de um campo de batalha entre guerrilhas palestinas, ao norte, e exercito Israelense com milicias cristas aliadas, ao sul, tendo que controlar toda essa bagunca que depois contou ainda com a entrada do Hezbollah, que em 2000, venceu os Israelenses pelo cansaco, que se retiraram do sul do Libano. A UNIFIL ainda se mantem na fronteira nao oficial entre os dois paises, controlando-a.
Com a saida das tropas Sirias em curso, muitos lideres internacionais e membros do Conselho de Seguranca da ONU comecam a levantar a hipotese de um envio de uma tropa de pacificacao internacional para ocupar um possivel vacuo de seguranca e estabilidade que poderia ser provocado com a saida das ausencia das forcas sirias no paihs.
Muito porque durante anos o governo libanes manteve a justificativa de que o exercito Sirio soh continuava no paihs pq era responsavel direto pelo mantenimento da paz e estabilidade no Libano, um paihs de quase 200 anos de historia de fortes conflitos entre as diferentes etnias e credos que vivem aqui na regiao.
Mas quando se fala em "substituir" a Siria pela ONU, muitas vozes se levantam em negativa, lembrando que intervencoes internacionais no Libano nao tem um passado muito promissor, indo da tragica Forca Multi-Nacional (MNF) em 1983, que acabou sendo expulsa de Beirute pela sucessao de homens bombas, ateh a impotente UNIFIL, na fronteira entre Libano e Israel.
Um de meus professores, o turco Timur Goksel, um dos responsaveis pelas pelas forcas de pacificacao da ONU no sul do Libano de 1979 a 2003, diz claramente que uma intervencao internacional agora, apohs a saida da Siria, seria catastrofica. "Nao consigo ver a ONU substituindo a presenca Siria no Libano. Seria um suicidio!" Goksel diz. "A situacao hoje eh de politica interna e nao um trabalho para pacificadores. E quando se envolve com as politicas locais de um paihs que nao o seu, vc se torna uma parte do problema e nao da solucao!" complementa.
Um oficial da ONU aqui em Beirute disse que as conversas sobre uma forca de pacificacao no Conselho de Seguranca aconteceram nos primeiros estagios e que nao ha nada de concreto planejado. O Secretario de Relacoes Exteriores da Inglaterra, Jack Straw, sugeriu no comeco deste mes que 2 mil homens da UNIFIL fossem redirecionados do sul do paihs para as regioes de onde a Siria estah se retirando. Mas agora, com as tropas realmente saindo, o governo libanes diz nem considerar a ideia de pedir uma forca de estabilizacao.
O Hezbollah tambem rejeita de qualquer maneira uma intervencao extrangeira no paihs, dizendo que nao avera nenhum problema de seguranca e que a Siria "ajudou a trazer paz para o paihs".
A historia mostra que o Libano nunca foi um porto seguro para forcas de pacificacao internacional. Em 1958, durante a primeira guerra civil, uma tropa de Marines americanos foram mandado para apoiar o presidente Chamoun. Quando o pelotao chegou a costa libanesa, o embaixador americano mandou um relatorio convencido que nao seria necessaria a intervencao americana e que o exercito libanes seria mais do que capaz de controlar a situacao. O relatorio foi ignorado e quando os Marines desembarcaram nas praias libanesas fortemente armados se viram frente a frente com o milhares de pessoas de calcoes e biquinis, curtindo o verao na maior tranquilidade.
Os mesmos Marines voltaram a Beirute em 1982, mas desta vez nao tiveram a mesma sorte. Vieram como parte da forca de coalizao entre quatro paises para acompanhar a evacuacao das guerrilhas Palestinas de Beirute, apos Israel invadir o Libano. Primeiro foram bem recebidos pelos libaneses, mas atitudes mudaram quando a Marinha Americana, atracada na costa de Beirute, comecou a atacar milicias que se opunham ao presidente Amin Gemaiel. Com isso os americanos se tornaram apenas mais uma das partes envolvidas nessa grande bagunca que foi a guerra no anos 80. Na manha de 23 de outubro de 1983, um homem bomba jougou um caminhao cheio de explosivos contra as bases dos Marines ao lado do aeroporto de Beirute, matando 241 soldados. O ataque foi simultaneo ao contra os paraquedistas franceses, que matou 58 soldados. A forca de coalizao deixou o Libano 4 meses depois.
E entao existe a UNIFIL, as forcas de pacificacao da ONU que estao no sul do Libano desde Marco de 1978, alguns dias apos a invasao Israelense. Primeiro UNIFIL era responsavel apenas por observar a saida das forcas Israelenses. Mas como os israelenses nunca sairam, a UNIFIL se viu no meio de um campo de batalha entre guerrilhas palestinas, ao norte, e exercito Israelense com milicias cristas aliadas, ao sul, tendo que controlar toda essa bagunca que depois contou ainda com a entrada do Hezbollah, que em 2000, venceu os Israelenses pelo cansaco, que se retiraram do sul do Libano. A UNIFIL ainda se mantem na fronteira nao oficial entre os dois paises, controlando-a.
Investigadores da ONU denunciam acobertamento de evidencias sobre a morte de Hariri
O correspondente do The Independent no Oriente Medio, Robert Fisk, adiantou em sua coluna de hoje que os investigadores forenses da ONU vao anunciar nos proximos dias que houve acobertamento de evidencias nas investigacoes da morte de Hariri. E vai alem: diz que o relatorio das investigacoes da ONU serah "devastante" e que deve atingir o alto escalao dos governos Sirio e Libanes.
Os tres investigadores, que agora tbm contam com mais 3 especialistas em bombas Suicos, foram enviados ha duas semanas para fazer uma investigacao paralela a das autoridades libanesas, que estavam sendo acusadas constantemente pela oposicao de lentidao e acobertamento dos fatos.
Segundo Fisk, junto (ou antes) do anuncio dos investigadores, o presidente dos EUA, George W. Bush, vira a publico acusar formalmente autoridades Sirias e tambem Libanesas de co-planejamento e execucao do atentado.
Coincidencia ou nao, a noticia chega pouco depois de dois dos filhos de Hariri, Bahar e Saad, terem deixado as pressas o paihs, sob a ameaca de um novo atendado. Tbm vem com uma nova onda de rumores de que o exercito sirio estaria armando milicias Palestinas pro-siria nos campos de refugiados de Chatila, em Beirute, e Ein el-Helwe, em Saida.
Apos a massiça demonstracao de insatisfacao de ontem, a tendencia eh que a tensao aumente ainda mais pois a pressao sobre os governos sirio e libanes vao alcancar niveis maximos. E a possibilidade de conflitos e de um vacuo de poder comecam a preocupar lideres libaneses e autoridades internacionais... Mas isso eh assunto para o proximo topico.
O correspondente do The Independent no Oriente Medio, Robert Fisk, adiantou em sua coluna de hoje que os investigadores forenses da ONU vao anunciar nos proximos dias que houve acobertamento de evidencias nas investigacoes da morte de Hariri. E vai alem: diz que o relatorio das investigacoes da ONU serah "devastante" e que deve atingir o alto escalao dos governos Sirio e Libanes.
Os tres investigadores, que agora tbm contam com mais 3 especialistas em bombas Suicos, foram enviados ha duas semanas para fazer uma investigacao paralela a das autoridades libanesas, que estavam sendo acusadas constantemente pela oposicao de lentidao e acobertamento dos fatos.
Segundo Fisk, junto (ou antes) do anuncio dos investigadores, o presidente dos EUA, George W. Bush, vira a publico acusar formalmente autoridades Sirias e tambem Libanesas de co-planejamento e execucao do atentado.
Coincidencia ou nao, a noticia chega pouco depois de dois dos filhos de Hariri, Bahar e Saad, terem deixado as pressas o paihs, sob a ameaca de um novo atendado. Tbm vem com uma nova onda de rumores de que o exercito sirio estaria armando milicias Palestinas pro-siria nos campos de refugiados de Chatila, em Beirute, e Ein el-Helwe, em Saida.
Apos a massiça demonstracao de insatisfacao de ontem, a tendencia eh que a tensao aumente ainda mais pois a pressao sobre os governos sirio e libanes vao alcancar niveis maximos. E a possibilidade de conflitos e de um vacuo de poder comecam a preocupar lideres libaneses e autoridades internacionais... Mas isso eh assunto para o proximo topico.
segunda-feira, 14 de março de 2005
UM MAR DE GENTE CLAMA PELA LIBERDADE!
A multidao desce em procissao pelas ruas de Achrafie em direcao ao centro da cidade
Anote aih: dia 14 de marco de 2005, uma segunda-feira, um da que entra para historia do Libano e do Oriente Medio. Um dia em que o paihs inteiro parou, de norte a sul, com um terco da populacao se reunindo na praca central de Beirute numa manifestacao sem precedentes na historia libanesa e de todo mundo arabe.
Manifestacao essa que comecou muito antes das 15h de hoje, seu horario oficial. Comecou no fim da tarde de ontem quando milhares de carros pararam o transito da cidade com musicas e bandeiras, dando um pequeno sinal do que estaria por vir. Carreatas que foram madrugada a dentro, com muita gente amanhecendo na Praca dos Martires, em frente a mesquita onde Hariri estah enterrado, e onde algumas horas depois iria reunir pelo menos 1 milhao pessoas carregando bandeiras e cantando gritos de liberdade, soberania e independencia, junto ao hino nacional de seu paihs.
A Praca dos Martires foi pequena para o numero imenso de manifestantes, que tiveram que se extender a Praca Riad El-SolaH e as ruas e viadutos que cercam o centro de Beirute. E isso sem contar o enorme numero de pessoas que nao conseguiram chegar ao centro da cidade devido aos engarrafamentos que pararam as ruas beirutanas. Alem da grande maioria formada por cristaos de todo o paihs que vieram em caravana em centenas de onibus e milhares de carros, surpreendeu o grande numero de muculmanos entre os manifestantes, alem eh claro dos druzos tbm em grande numero.
A manifestacao de hoje acontece apos exatos 30 dias da morte de Hariri e uma semana depois da tbm grande manifestacao organizada pelo Hezbollah em apoio a Siria e que fortaleceu o atual governo de Emile Lahoud. Como eu jah disse aqui, a oposicao se sentiu com o orgulho mais do que ferido apohs ver o numero superior de manifestantes da semana passada e tbm de ver o ex-primeiro ministro Omar Karami de volta ao poder. A soma de todos esses fatores levou o paihs a uma mobilizacao popular jamais vista em terras Libanesas.
E mais uma vez mostra que o grande problema da situacao nao eh a Siria e a saida de suas tropas, que jah estao com o rumo de casa, mas sim o governo repressor e manipulado do atual presidente Emile Lahoud, um personagem que com a saida das tropas Sirias vai ser alvo de uma enorme pressao politica e popular nao soh dos libaneses, mas da comunidade internacional.
Os libaneses hoje mostraram realmente o que eh Forca Popular levando as ruas da capital um terco de toda a populacao do paihs num dia que eles estao chamando de "Novo Dia da Independencia". O caminho jah nao tem mais volta... Eh questao de tempo para Lahoud cair do poder e o povo libanes ter finalmente a chance de escolher o seu futuro!
A multidao desce em procissao pelas ruas de Achrafie em direcao ao centro da cidade
Anote aih: dia 14 de marco de 2005, uma segunda-feira, um da que entra para historia do Libano e do Oriente Medio. Um dia em que o paihs inteiro parou, de norte a sul, com um terco da populacao se reunindo na praca central de Beirute numa manifestacao sem precedentes na historia libanesa e de todo mundo arabe.
Manifestacao essa que comecou muito antes das 15h de hoje, seu horario oficial. Comecou no fim da tarde de ontem quando milhares de carros pararam o transito da cidade com musicas e bandeiras, dando um pequeno sinal do que estaria por vir. Carreatas que foram madrugada a dentro, com muita gente amanhecendo na Praca dos Martires, em frente a mesquita onde Hariri estah enterrado, e onde algumas horas depois iria reunir pelo menos 1 milhao pessoas carregando bandeiras e cantando gritos de liberdade, soberania e independencia, junto ao hino nacional de seu paihs.
A Praca dos Martires foi pequena para o numero imenso de manifestantes, que tiveram que se extender a Praca Riad El-SolaH e as ruas e viadutos que cercam o centro de Beirute. E isso sem contar o enorme numero de pessoas que nao conseguiram chegar ao centro da cidade devido aos engarrafamentos que pararam as ruas beirutanas. Alem da grande maioria formada por cristaos de todo o paihs que vieram em caravana em centenas de onibus e milhares de carros, surpreendeu o grande numero de muculmanos entre os manifestantes, alem eh claro dos druzos tbm em grande numero.
A manifestacao de hoje acontece apos exatos 30 dias da morte de Hariri e uma semana depois da tbm grande manifestacao organizada pelo Hezbollah em apoio a Siria e que fortaleceu o atual governo de Emile Lahoud. Como eu jah disse aqui, a oposicao se sentiu com o orgulho mais do que ferido apohs ver o numero superior de manifestantes da semana passada e tbm de ver o ex-primeiro ministro Omar Karami de volta ao poder. A soma de todos esses fatores levou o paihs a uma mobilizacao popular jamais vista em terras Libanesas.
E mais uma vez mostra que o grande problema da situacao nao eh a Siria e a saida de suas tropas, que jah estao com o rumo de casa, mas sim o governo repressor e manipulado do atual presidente Emile Lahoud, um personagem que com a saida das tropas Sirias vai ser alvo de uma enorme pressao politica e popular nao soh dos libaneses, mas da comunidade internacional.
Os libaneses hoje mostraram realmente o que eh Forca Popular levando as ruas da capital um terco de toda a populacao do paihs num dia que eles estao chamando de "Novo Dia da Independencia". O caminho jah nao tem mais volta... Eh questao de tempo para Lahoud cair do poder e o povo libanes ter finalmente a chance de escolher o seu futuro!
Os erros do Hezbollah
Nas duas ultimas semanas a mudanca de postura do Hezbollah no cenario politico formado no pais apos a morte de Hariri pode custar caro para as pretensoes politicas do Partido de Deus (Hezb=Partido, Allah=Deus) num futuro proximo.
Como jah disse aqui antes, a popularidade do Hezbollah cresceu muito nos ultimos 10 anos, nao soh entre os xiitas mas em todas as etinias e movimentos sectarios libaneses. Muito pelo que os libaneses chamam de "Resistencia", nome dado para a luta travada pela milicia muculmana para "libertar" o sul do Libano da "ameaca de Israel". E desde que Hassan Nasrallah assumiu o controle do grupo, a mudanca de postura do Hezbollah tem sido evidente, investindo muito na sua imagem politica e social, principalmente no sul do paihs e no Vale do Bekaa.
E o maior exemplo da forca do Hezbollah veio nas eleicoes municipais de 2004, quando pela primeira vez teve a oportunidade de concorrer de forma independente.
Esse ponto vale uma explicacao. Ateh o ano passado o Hezbollah era obrigado a concorrer em uma chapa conjunta com o outro partido xiita, o Amal, ateh entao a grande forca politica xiita libanesa. Fundado pelo carismatico lider religioso Musa as-Sadr, o Amal assumiu oficialmente uma postura secularista (sem cunho religioso) em 1979 atraves de Husayn Husayni e conta com a lideranca de Nabih Berri desde 1980.
Jah o Hezbollah insiste em manter sua lideranca nas maos de lideres religiosos desde sua fundacao, em 1982, mantendo o link ideologico do partido com os Aiatolas Iranianos. A fundacao do Hezbollah se deu principalmente por essa decisao do Amal de seguir a linha secularista. Os fundadores do Hezbollah foram os xiitas mais radicais que discordavam da separacao do islam da ideologia do partido.
E, como jah disse, desde o fim da guerra os dois eram obrigados a concorrer numa chapa conjunta nas eleicoes municipais e parlamentares, o que mantia a forca do tradicional Amal (acusado por muitos de corrupcao) e nao deixava o poder popular do Hezbollah deslanchar de vez no paihs. Coisa que foi provada nas eleicoes municipais do ano passado, quando os dois finalmente foram separados e concorreram com candidatos diferentes.
No sul do paihs o Hezbollah emergiu vitorioso em mais de 60% das "prefeituras" (o sistema de municipalidade, diferente do nosso aih no Brasil) enquanto o Amal conseguiu apenas 30%. Jah na parte sul de Beirute e no BeKaa (onde fica Baalbek, o coracao do Hezbollah) a vitoria foi ainda maior: 27 das 30 municipalidades da regiao ficaram nas maos dos seguidores de Nasrallah. E eh evidente que a vitoria esmagadora do Hezbollah sobre o Amal nas eleicoes municipais foi apenas uma previa do que estah por vir nas proximas eleicoes parlamentares.
E o poder e popularidade do Hezbollah nas primeiras duas semanas apohs a morte de Hariri cresceram ainda mais com a postura neutra e moderada de Nasrallah frente toda a situacao, sem apoiar abertamente o governo ou a Siria, recebendo ateh entao impossiveis elogios de muitos lideres da oposicao. Mas nao sei se por medo de perder forcas pela perda do apoio financeiro e armamenticio Sirio, na semana passada o Hezbollah tomou o partido do governo e da Siria, convocando uma enorme manifestacao.
Mesmo que a grande maioria das pessoas que ali estavam nao estavam ali para apoiar a Siria e o governo e sim o Hezbollah e se mostrar contra a intervencao extrangeira, a manifestacao serviu direitinho para as pretensoes do presidente Emile Lahoud de se manter forte no poder do paihs. Num gesto de prepotencia e humilhacao, trouxe de volta o ex-primeiro ministro Karami ao posto que havia renunciado a pouco mais de uma semana, por pressoes da oposicao. Lahoud veio tbm pela primeira vez a publico dar uma entrevista coletiva, onde disse, entre outras coisas, num tom ameacador, que a oposicao estava indo longe demais e que se as manifestacoes continuassem iriam terminar em catastrofe.
O que o Hezbollah nao entedeu eh que a forca popular que eles tem hoje no paihs eh muito mais importante do que o apoio dos frageis, corruptos e autoritarios governos sirio e libanes. Que colocar-se ao lado de Lahoud e Bashar eh fazer exatamente o que os EUA e Israel esperam do Hezbollah, podendo assim taxa-los de "terroristas" e ter uma desculpa a mais para enfraquece-los. E, o pior, eles fecham assim uma porta que estava quase aberta de dialogo com a oposicao, que poderia levar o paihs a uma uniao jamais imaginada nessa partezinha tao tumultuada do mundo arabe.
Nas duas ultimas semanas a mudanca de postura do Hezbollah no cenario politico formado no pais apos a morte de Hariri pode custar caro para as pretensoes politicas do Partido de Deus (Hezb=Partido, Allah=Deus) num futuro proximo.
Como jah disse aqui antes, a popularidade do Hezbollah cresceu muito nos ultimos 10 anos, nao soh entre os xiitas mas em todas as etinias e movimentos sectarios libaneses. Muito pelo que os libaneses chamam de "Resistencia", nome dado para a luta travada pela milicia muculmana para "libertar" o sul do Libano da "ameaca de Israel". E desde que Hassan Nasrallah assumiu o controle do grupo, a mudanca de postura do Hezbollah tem sido evidente, investindo muito na sua imagem politica e social, principalmente no sul do paihs e no Vale do Bekaa.
E o maior exemplo da forca do Hezbollah veio nas eleicoes municipais de 2004, quando pela primeira vez teve a oportunidade de concorrer de forma independente.
Esse ponto vale uma explicacao. Ateh o ano passado o Hezbollah era obrigado a concorrer em uma chapa conjunta com o outro partido xiita, o Amal, ateh entao a grande forca politica xiita libanesa. Fundado pelo carismatico lider religioso Musa as-Sadr, o Amal assumiu oficialmente uma postura secularista (sem cunho religioso) em 1979 atraves de Husayn Husayni e conta com a lideranca de Nabih Berri desde 1980.
Jah o Hezbollah insiste em manter sua lideranca nas maos de lideres religiosos desde sua fundacao, em 1982, mantendo o link ideologico do partido com os Aiatolas Iranianos. A fundacao do Hezbollah se deu principalmente por essa decisao do Amal de seguir a linha secularista. Os fundadores do Hezbollah foram os xiitas mais radicais que discordavam da separacao do islam da ideologia do partido.
E, como jah disse, desde o fim da guerra os dois eram obrigados a concorrer numa chapa conjunta nas eleicoes municipais e parlamentares, o que mantia a forca do tradicional Amal (acusado por muitos de corrupcao) e nao deixava o poder popular do Hezbollah deslanchar de vez no paihs. Coisa que foi provada nas eleicoes municipais do ano passado, quando os dois finalmente foram separados e concorreram com candidatos diferentes.
No sul do paihs o Hezbollah emergiu vitorioso em mais de 60% das "prefeituras" (o sistema de municipalidade, diferente do nosso aih no Brasil) enquanto o Amal conseguiu apenas 30%. Jah na parte sul de Beirute e no BeKaa (onde fica Baalbek, o coracao do Hezbollah) a vitoria foi ainda maior: 27 das 30 municipalidades da regiao ficaram nas maos dos seguidores de Nasrallah. E eh evidente que a vitoria esmagadora do Hezbollah sobre o Amal nas eleicoes municipais foi apenas uma previa do que estah por vir nas proximas eleicoes parlamentares.
E o poder e popularidade do Hezbollah nas primeiras duas semanas apohs a morte de Hariri cresceram ainda mais com a postura neutra e moderada de Nasrallah frente toda a situacao, sem apoiar abertamente o governo ou a Siria, recebendo ateh entao impossiveis elogios de muitos lideres da oposicao. Mas nao sei se por medo de perder forcas pela perda do apoio financeiro e armamenticio Sirio, na semana passada o Hezbollah tomou o partido do governo e da Siria, convocando uma enorme manifestacao.
Mesmo que a grande maioria das pessoas que ali estavam nao estavam ali para apoiar a Siria e o governo e sim o Hezbollah e se mostrar contra a intervencao extrangeira, a manifestacao serviu direitinho para as pretensoes do presidente Emile Lahoud de se manter forte no poder do paihs. Num gesto de prepotencia e humilhacao, trouxe de volta o ex-primeiro ministro Karami ao posto que havia renunciado a pouco mais de uma semana, por pressoes da oposicao. Lahoud veio tbm pela primeira vez a publico dar uma entrevista coletiva, onde disse, entre outras coisas, num tom ameacador, que a oposicao estava indo longe demais e que se as manifestacoes continuassem iriam terminar em catastrofe.
O que o Hezbollah nao entedeu eh que a forca popular que eles tem hoje no paihs eh muito mais importante do que o apoio dos frageis, corruptos e autoritarios governos sirio e libanes. Que colocar-se ao lado de Lahoud e Bashar eh fazer exatamente o que os EUA e Israel esperam do Hezbollah, podendo assim taxa-los de "terroristas" e ter uma desculpa a mais para enfraquece-los. E, o pior, eles fecham assim uma porta que estava quase aberta de dialogo com a oposicao, que poderia levar o paihs a uma uniao jamais imaginada nessa partezinha tao tumultuada do mundo arabe.
domingo, 13 de março de 2005
Orgulho ferido
Muita coisa rolou nesses ultimos dias aqui em Beirute e infelizmente (por nao conseguir nem sair da cama) nao foi possivel atualizar o blog. Vou pular maiores detalhes sobre a volta de Karami ao governo e das repercussoes da passeata de terca passada e ir direto ao que estah rolando hoje em Beirute.
O numero brutal de manifestantes na reuniao da ultima terca-feira serviu para muitas coisas, principalmente para fortalecer o governo de Lahoud, que finalmente veio a imprensa falar suas besteiras e trouxe de volta o marionete Karami. Mas serviu tambem para mexer com os brios da oposicao e da comunidade crista libanesa.
Inconformada em ver a derrota da volta de Karami, de ver a multidao da semana passada nas ruas e de estar encarando a possibilidade de uma grande frustracao que seria a continuidade dessse governo e da atual politica manipulada pela Siria, a populacao druza e catolica de todo o paihs estah se mobilizando para o que eles estao chamando de "A Manifestacao" para mostrar "a verdadeira forca" da oposicao. A parte leste de Beirute e os arredores ao norte (de Bourj Hammoud a Jounieh) estao um caos, com o transito parado por carreatas e carros de som, armados com bandeiras do paihs e fotos de lideres e martires cristaos dos tempos de guerra.
Enquanto isso o exercito estah novamente as ruas, observando tudo de longe... Mas os manifestantes nao estao nem aih. Olham para os soldados e buzinam, balancam suas bandeiras... se ha uma coisa bonita disso tudo eh como os libaneses perderam o medo de protestar... de levantar sua voz contra a repressao de um governo que nao aprovam. Eh muito bacana estar acompanhando essa transicao. Quando cheguei, ha quase uma ano atras, as manifestacoes eram estritamente proibidas, com a promessa de hostilidade militar e policial... Lembro-me da primeira manifestacao da oposicao, em novembro do ano passado, em frente ao museu nacional... pouca gente... as pessoas com medo, escondendo suas bandeiras e cartazes dentro dos carros ateh lah chegar. Eh bonito ver a liberdade de expressao vencendo a tirania e repressao.
Mesmo com o presidente Emile Lahoud tentando de todas as formas fazer voltar sua politica do cala boca, ameacando em sua entrevista que "se a oposicao insistir nas manifestacoes, tudo pode terminar em catastrofe", nesse aspecto a oposicao jah venceu uma batalha... E estah claro que apenas uma mudanca farah eles pararem. Pq os oposicionistas mesmo assumem e dizem em voz alta: eh apenas o comeco de um longa guerra contra o governo de Lahoud... Uma guerra que eles esperam conseguir manter pacifica.
Muita coisa rolou nesses ultimos dias aqui em Beirute e infelizmente (por nao conseguir nem sair da cama) nao foi possivel atualizar o blog. Vou pular maiores detalhes sobre a volta de Karami ao governo e das repercussoes da passeata de terca passada e ir direto ao que estah rolando hoje em Beirute.
O numero brutal de manifestantes na reuniao da ultima terca-feira serviu para muitas coisas, principalmente para fortalecer o governo de Lahoud, que finalmente veio a imprensa falar suas besteiras e trouxe de volta o marionete Karami. Mas serviu tambem para mexer com os brios da oposicao e da comunidade crista libanesa.
Inconformada em ver a derrota da volta de Karami, de ver a multidao da semana passada nas ruas e de estar encarando a possibilidade de uma grande frustracao que seria a continuidade dessse governo e da atual politica manipulada pela Siria, a populacao druza e catolica de todo o paihs estah se mobilizando para o que eles estao chamando de "A Manifestacao" para mostrar "a verdadeira forca" da oposicao. A parte leste de Beirute e os arredores ao norte (de Bourj Hammoud a Jounieh) estao um caos, com o transito parado por carreatas e carros de som, armados com bandeiras do paihs e fotos de lideres e martires cristaos dos tempos de guerra.
Enquanto isso o exercito estah novamente as ruas, observando tudo de longe... Mas os manifestantes nao estao nem aih. Olham para os soldados e buzinam, balancam suas bandeiras... se ha uma coisa bonita disso tudo eh como os libaneses perderam o medo de protestar... de levantar sua voz contra a repressao de um governo que nao aprovam. Eh muito bacana estar acompanhando essa transicao. Quando cheguei, ha quase uma ano atras, as manifestacoes eram estritamente proibidas, com a promessa de hostilidade militar e policial... Lembro-me da primeira manifestacao da oposicao, em novembro do ano passado, em frente ao museu nacional... pouca gente... as pessoas com medo, escondendo suas bandeiras e cartazes dentro dos carros ateh lah chegar. Eh bonito ver a liberdade de expressao vencendo a tirania e repressao.
Mesmo com o presidente Emile Lahoud tentando de todas as formas fazer voltar sua politica do cala boca, ameacando em sua entrevista que "se a oposicao insistir nas manifestacoes, tudo pode terminar em catastrofe", nesse aspecto a oposicao jah venceu uma batalha... E estah claro que apenas uma mudanca farah eles pararem. Pq os oposicionistas mesmo assumem e dizem em voz alta: eh apenas o comeco de um longa guerra contra o governo de Lahoud... Uma guerra que eles esperam conseguir manter pacifica.
quarta-feira, 9 de março de 2005
PEOPLE POWER!
Multidao caminha em procissao para se juntar aos cerca de 400 mil manifestantes que se reuniram ontem, no centro de Beirute
A CNN disse dezenas de milhares... As fontes governamentais oficiais disseram 1 milhao... Nem um nem outro. Eu diria que foram entre 300 e 400 mil manifestantes que formaram esse mar de gente nas ruas do centro da cidade ontem a tarde. Por mais que a oposicao tente aumentar os numeros de suas manifestacoes, quem estah em Beirute e acompanhando tudo de perto sabe que nao tem nem como comparar com o que aconteceu nesta terca-feira, dia 8 de marco de 2005. Centenas de milhares de pessoas, convocadas pelo Hezbollah, foram ao centro da cidade para mostrar o seu apoio ao Partido de Deus como forca de resistencia libanesa contra a ameaca de Israel e contra qualquer tipo de intervensao extrangeira.
Manifestantes carregam cartazes com mensagens anti-americanas
A imensa maioria era xiita mas muitos sunnitas e cristaos completavam o batalhao... Todos querendo se expressar de alguma forma. Mas alem do numero infinitamente maior de pessoas, outra diferenca marcante foi que, enquanto nas manifestacoes da oposicao o que se via era basicamente a classe media e alta libanesa, ontem era o povao que estava na rua, gritando e balancando as bandeiras. Brandando os mesmos gritos de guerra da oposicao "Liberdade! Soberania! Democracia!"
Realmente essa onda nacionalista tomou conta do paihs. Todos os lados mostram seu orgulho de ser libanes, de cantar o hino, pedir independencia... Mas o que divide o povo nao eh a saida das tropas Sirias e sim o desarmamento do Hezbollah e a intervencao internacional. A manifestacao de ontem nao foi "pro-siria" e sim "pro-Hezbollah e anti-EUA e Israel".
Menina carrega a bandeira do Hezbollah
O que muita gente temia, que era qualquer tipo de violencia ou confronto, nao aconteceu, com a manifestacao pacifica e calma, terminando com um discurso de Hassan Nasrallah.
Tanques e soltados fortemente armados observavam tudo de perto
Agora Beirute volta para a mesma situacao de antes, indefinicao. Mas eu hoje estou numa onda otimista. A manifestacao de ontem mostrou que, se depender do povo libanes, todo esse episodio terminarah bem, com as coisas tomando seu rumo tranquilamente depois da eleicao de maio. Mas como raramente o futuro de um povo ou paihs eh deixado nas maos do seu povo, sempre ha a possibilidade de outra tragedia (como a morte de Hariri) acontecer e levar de vez o paihs ralo abaixo!
Multidao caminha em procissao para se juntar aos cerca de 400 mil manifestantes que se reuniram ontem, no centro de Beirute
A CNN disse dezenas de milhares... As fontes governamentais oficiais disseram 1 milhao... Nem um nem outro. Eu diria que foram entre 300 e 400 mil manifestantes que formaram esse mar de gente nas ruas do centro da cidade ontem a tarde. Por mais que a oposicao tente aumentar os numeros de suas manifestacoes, quem estah em Beirute e acompanhando tudo de perto sabe que nao tem nem como comparar com o que aconteceu nesta terca-feira, dia 8 de marco de 2005. Centenas de milhares de pessoas, convocadas pelo Hezbollah, foram ao centro da cidade para mostrar o seu apoio ao Partido de Deus como forca de resistencia libanesa contra a ameaca de Israel e contra qualquer tipo de intervensao extrangeira.
Manifestantes carregam cartazes com mensagens anti-americanas
A imensa maioria era xiita mas muitos sunnitas e cristaos completavam o batalhao... Todos querendo se expressar de alguma forma. Mas alem do numero infinitamente maior de pessoas, outra diferenca marcante foi que, enquanto nas manifestacoes da oposicao o que se via era basicamente a classe media e alta libanesa, ontem era o povao que estava na rua, gritando e balancando as bandeiras. Brandando os mesmos gritos de guerra da oposicao "Liberdade! Soberania! Democracia!"
Realmente essa onda nacionalista tomou conta do paihs. Todos os lados mostram seu orgulho de ser libanes, de cantar o hino, pedir independencia... Mas o que divide o povo nao eh a saida das tropas Sirias e sim o desarmamento do Hezbollah e a intervencao internacional. A manifestacao de ontem nao foi "pro-siria" e sim "pro-Hezbollah e anti-EUA e Israel".
Menina carrega a bandeira do Hezbollah
O que muita gente temia, que era qualquer tipo de violencia ou confronto, nao aconteceu, com a manifestacao pacifica e calma, terminando com um discurso de Hassan Nasrallah.
Tanques e soltados fortemente armados observavam tudo de perto
Agora Beirute volta para a mesma situacao de antes, indefinicao. Mas eu hoje estou numa onda otimista. A manifestacao de ontem mostrou que, se depender do povo libanes, todo esse episodio terminarah bem, com as coisas tomando seu rumo tranquilamente depois da eleicao de maio. Mas como raramente o futuro de um povo ou paihs eh deixado nas maos do seu povo, sempre ha a possibilidade de outra tragedia (como a morte de Hariri) acontecer e levar de vez o paihs ralo abaixo!
terça-feira, 8 de março de 2005
MEDO!
No meu caminho para o trabalho hoje, caminhando pelas ruas desertas do centro de Beirute, sou abordado por um sujeito vestido todo de negro, com um radio comunicador no ouvido e cara de poucos amigos:
_Com licenca, senhor, mas o senhor nao pode passar!
_Como assim nao posso??!!" Eu trabalho ali, do outro lado do quarteirao!
_Me desculpe, senhor, mas o senhor terah que dar a volta... Esta rua estah interditada.
_Interditada por que?! Nao ha nada nela! Nao estou armado ou carregando uma bomba! Soh quero ir trabalhar!
_Me desculpe, senhor, ordens superiores.
_Superiores de quem?
_Do Hezbollah!
Sem argumentos, fui obrigado a dar a volta e soh assim vi o que estava acontecendo. O palanque da manifestacao de hoje em "agradecimento a ajuda Siria" e contra a intervencao internacional estava terminando de ser montado uma rua abaixo, bem em frente ao edificio da ONU. Em volta do nosso predio, dezenas de soldados do exercito libanes armados ateh os dentes montam guarda e impedem qualquer um de passar. Assim como no centro comercial da cidade, interditado pelo exercito desde hoje de manha. Fui obrigado a passar pelo centro para ir a sede do jornal Al-Nahar, que fica no extremo oposto daqui da ONU e fui parado pelo menos umas 10 vezes por soldados me perguntando para onde ia e se nao fosse meu cracha de identificacao teria que ter dado outra volta, ainda maior. Mas o caminho foi interessante, pois tive um acesso ao "backstage" da manifestacao que pouquissimos (ou talvez nenhum) jornalistas terao. Dezenas de caminhoes, jipes e tanques, com metralhadoras carregadas e centenas de soldados do exercito estao prontos para agir a qualquer momento. Agentes do Hezbollah (centenas deles) inspecionam bueiro por bueiro atras de bombas ou surpresas desagradaveis.
Taih uma caracteristica curioso de hoje. Fora a UN House e os predios governamentais, toda a seguranca da manifestacao, num bloco de pelo menos 10 quarteiroes, estah sendo feito por agentes do Hezbollah. Todos vestidos de negro e interligados por radios de comunicacao. Os predios em volta todos com atiradores de elite. Contei uns 10 deles... Nao adianta, estou aqui ha 8 meses e mesmo assim acho que nunca vou me acostumar com essa presenca militar nas ruas de Beirute. Me dao calafrios.
Agora sao quase meio dia e faltam pouco mais de 3 horas para o comeco da manifestacao. O povo jah comeca a se agrupar na Praca Riad Al-Solah, a cerca de 200 metros da mesquita onde Hariri estah enterrado. A decisao de fazer aqui em vez da Praca dos Martires, em frente a mesquita, foi justificada por respeito ao falecido. Mas todo mundo sabe que, alem do respeito, a escolha do local foi para evitar conflitos com membros da oposicao que ali ainda estao acampados.
Medo... apreensao... frio na barriga... Ninguem mais aguenta esse clima de cidade sitiada!
No meu caminho para o trabalho hoje, caminhando pelas ruas desertas do centro de Beirute, sou abordado por um sujeito vestido todo de negro, com um radio comunicador no ouvido e cara de poucos amigos:
_Com licenca, senhor, mas o senhor nao pode passar!
_Como assim nao posso??!!" Eu trabalho ali, do outro lado do quarteirao!
_Me desculpe, senhor, mas o senhor terah que dar a volta... Esta rua estah interditada.
_Interditada por que?! Nao ha nada nela! Nao estou armado ou carregando uma bomba! Soh quero ir trabalhar!
_Me desculpe, senhor, ordens superiores.
_Superiores de quem?
_Do Hezbollah!
Sem argumentos, fui obrigado a dar a volta e soh assim vi o que estava acontecendo. O palanque da manifestacao de hoje em "agradecimento a ajuda Siria" e contra a intervencao internacional estava terminando de ser montado uma rua abaixo, bem em frente ao edificio da ONU. Em volta do nosso predio, dezenas de soldados do exercito libanes armados ateh os dentes montam guarda e impedem qualquer um de passar. Assim como no centro comercial da cidade, interditado pelo exercito desde hoje de manha. Fui obrigado a passar pelo centro para ir a sede do jornal Al-Nahar, que fica no extremo oposto daqui da ONU e fui parado pelo menos umas 10 vezes por soldados me perguntando para onde ia e se nao fosse meu cracha de identificacao teria que ter dado outra volta, ainda maior. Mas o caminho foi interessante, pois tive um acesso ao "backstage" da manifestacao que pouquissimos (ou talvez nenhum) jornalistas terao. Dezenas de caminhoes, jipes e tanques, com metralhadoras carregadas e centenas de soldados do exercito estao prontos para agir a qualquer momento. Agentes do Hezbollah (centenas deles) inspecionam bueiro por bueiro atras de bombas ou surpresas desagradaveis.
Taih uma caracteristica curioso de hoje. Fora a UN House e os predios governamentais, toda a seguranca da manifestacao, num bloco de pelo menos 10 quarteiroes, estah sendo feito por agentes do Hezbollah. Todos vestidos de negro e interligados por radios de comunicacao. Os predios em volta todos com atiradores de elite. Contei uns 10 deles... Nao adianta, estou aqui ha 8 meses e mesmo assim acho que nunca vou me acostumar com essa presenca militar nas ruas de Beirute. Me dao calafrios.
Agora sao quase meio dia e faltam pouco mais de 3 horas para o comeco da manifestacao. O povo jah comeca a se agrupar na Praca Riad Al-Solah, a cerca de 200 metros da mesquita onde Hariri estah enterrado. A decisao de fazer aqui em vez da Praca dos Martires, em frente a mesquita, foi justificada por respeito ao falecido. Mas todo mundo sabe que, alem do respeito, a escolha do local foi para evitar conflitos com membros da oposicao que ali ainda estao acampados.
Medo... apreensao... frio na barriga... Ninguem mais aguenta esse clima de cidade sitiada!
segunda-feira, 7 de março de 2005
Indefinicao sufocante
Tentando nao pensar naquela ditado que fala sobre calmaria, vou vivendo minha vida beirutana num cenario que parece cada vez mais indefinido. Desde a renuncia do fragilissimo primeiro ministro Karami, as coisas se acalmaram e nada mais de concreto aconteceu, criando um clima de apreensao por todos os lados.
Os discursos do fim de semana podem nos ajudar a seguir um caminho, mas que estah longe de ser bem iluminado ou de ter um final proximo. O primeiro discurso veio com Assad, presidente sirio, que declarou que ira seguir o tratado de Taef e retirar suas tropas para o Vale do Bekaa e depois para a regiao da fronteira. Em seguida veio Bush, que nao gostou nada das palavras vagas de Bashar Al-Assad e deixou claro que quer a Siria totalmente fora do Libano, com seu exercito e servico secreto. E depois veio Saied Nazrallah, lider do Hezbollah, convocando uma manifestacao para a proxima terca-feira em apoio a Siria, contra a intervencao internacional e contra Israel. E hoje, uma semana depois da renuncia de Karami, o presidente Emile Lahoud se reune com Assad.
Ninguem realmente acredita que essa saida vai ser assim, tao rapida e simples. Isso eh fato. E a demora do governo para escolher um novo gabinete tbm mostra isso. A oposicao tentou um lobby para derrubar os cabecas do servico secreto libanes, mas ateh agora nao obteve sucesso, com as manifestacoes que vcs veem todos os dias pela CNN sendo chamada de "People Power" se resumindo a adolecentes numa onda hippie, cantando musicas arabes e balancando bandeiras. O libanes, na realidade, nao estah saindo de casa e economizando dinheiro para "uma saida de emergencia". Donos de restaurantes, bares e casas noturnas estao agonizando, pois todos evitam lugares publicos e o risco que eu passei, no sabado, quando estava tranquilo tomando meu cafeh no Starbucks da Praca Sessine quando militantes Sirios passaram atirando.
A verdade eh que todos estao seguros que o Libano estah vivendo um momento historico e que vai passar por mudancas significantes. Mas ao mesmo tempo ninguem sabe ao certo o que estah por vir. Na universidade, rodas de conversas entre professores e alunos de mestrado duram horas, com dezenas de opinioes diferentes mas sem ninguem dar qualquer palpite sobre o que nos reservam as proximas semanas. Especialistas se recusam a dar entrevistas simplesmente porque nao fazem a minimia ideia do que pode acontecer. Ha dias em que pensamos que nada vai acontecer e tudo ira se resolver de forma calma. Ha outros em que nos vemos a beira de um conflito ou de outro atentadado terrosrista contra lideres politicos libaneses. Que agonia!
Os olhos do paihs estarao voltados para esta passeata de amanha. Muita gente aposta em uma adesao massica da maioria xiita que forma o paihs. E muita gente teme atritos com a oposicao. Mais uma vez Beirute vai parar diante de uma manifestacao popular. Basta saber ateh quando elas vao durar tranquilas, sem maiores problemas...
Tentando nao pensar naquela ditado que fala sobre calmaria, vou vivendo minha vida beirutana num cenario que parece cada vez mais indefinido. Desde a renuncia do fragilissimo primeiro ministro Karami, as coisas se acalmaram e nada mais de concreto aconteceu, criando um clima de apreensao por todos os lados.
Os discursos do fim de semana podem nos ajudar a seguir um caminho, mas que estah longe de ser bem iluminado ou de ter um final proximo. O primeiro discurso veio com Assad, presidente sirio, que declarou que ira seguir o tratado de Taef e retirar suas tropas para o Vale do Bekaa e depois para a regiao da fronteira. Em seguida veio Bush, que nao gostou nada das palavras vagas de Bashar Al-Assad e deixou claro que quer a Siria totalmente fora do Libano, com seu exercito e servico secreto. E depois veio Saied Nazrallah, lider do Hezbollah, convocando uma manifestacao para a proxima terca-feira em apoio a Siria, contra a intervencao internacional e contra Israel. E hoje, uma semana depois da renuncia de Karami, o presidente Emile Lahoud se reune com Assad.
Ninguem realmente acredita que essa saida vai ser assim, tao rapida e simples. Isso eh fato. E a demora do governo para escolher um novo gabinete tbm mostra isso. A oposicao tentou um lobby para derrubar os cabecas do servico secreto libanes, mas ateh agora nao obteve sucesso, com as manifestacoes que vcs veem todos os dias pela CNN sendo chamada de "People Power" se resumindo a adolecentes numa onda hippie, cantando musicas arabes e balancando bandeiras. O libanes, na realidade, nao estah saindo de casa e economizando dinheiro para "uma saida de emergencia". Donos de restaurantes, bares e casas noturnas estao agonizando, pois todos evitam lugares publicos e o risco que eu passei, no sabado, quando estava tranquilo tomando meu cafeh no Starbucks da Praca Sessine quando militantes Sirios passaram atirando.
A verdade eh que todos estao seguros que o Libano estah vivendo um momento historico e que vai passar por mudancas significantes. Mas ao mesmo tempo ninguem sabe ao certo o que estah por vir. Na universidade, rodas de conversas entre professores e alunos de mestrado duram horas, com dezenas de opinioes diferentes mas sem ninguem dar qualquer palpite sobre o que nos reservam as proximas semanas. Especialistas se recusam a dar entrevistas simplesmente porque nao fazem a minimia ideia do que pode acontecer. Ha dias em que pensamos que nada vai acontecer e tudo ira se resolver de forma calma. Ha outros em que nos vemos a beira de um conflito ou de outro atentadado terrosrista contra lideres politicos libaneses. Que agonia!
Os olhos do paihs estarao voltados para esta passeata de amanha. Muita gente aposta em uma adesao massica da maioria xiita que forma o paihs. E muita gente teme atritos com a oposicao. Mais uma vez Beirute vai parar diante de uma manifestacao popular. Basta saber ateh quando elas vao durar tranquilas, sem maiores problemas...
Diarios
Foi no meu caminho por Qalandia, rumando para Jerusalem, que eu tive meu primeiro encontro com O Muro. No bairro de Al-Ram, uma grande sessao da barreira de separacao que Israel comecou a construir em 2003 tinham acabado de subir, apesar de alguns espacos ainda existirem na parte norte do distrito. Vendo a construcao do muro ao norte de Jerusalem entrar na sua fase final, estah claro que 50 mil Palestinos na area proxima a Al-Ram serao inteiramente rodeados por concreto, isolados dos seus visinhos e do resto do mundo. Ali por perto, o muro tbm isolarah 70 mil Palestinos na area de Nabala - povo que jah vive entre sessoes do muro em Al-Ram, leste, e Al-Jib, oeste, e que tem o "posto de fiscalizacao" de Beit Hanina ao sul e o famoso posto de Qalandia ao norte. A esse ponto, para chegar ao lado oeste do muro, tivemos que dirigir por uma minuscula estrada de terra paralela ao muro. Outros Palestino, na grande maioria a peh, tem que fazer o mesmo, correndo o risco de serem atropelados.
No posto de Qalandia, encontramos um engarrafamento enorme de taxis, carros, onibus, vans e caminhoes. Centenas de pessoas amontoadas: mulheres, criancas, homens carregando caixas e maletas, fazendeiros carregando materiais, comerciantes cheios de mercadorias, todos esperando encontrar carros ou onibus ou caminhoes que os levem ateh seu destino final. Ou melhor, ateh o proximo posto de fiscalizacao, onde terao de passar por tudo isso novamente. "Nablus! Nablus! Nablus!" uns motoristas gritam seu destino. "Beit Lahem! Beit Lahem! Beit Lahem!" outros tbm, que rumam a Belem. "Al-Quds! Al-Quds! Al-Quds!" gritam aqueles que vao a Jerusalem. Em algum lugar deste caos encontramos Hani, o motorista que havia combinado de me levar ao proximo estagio da minha jornada. Assim que Hani rumou a Qalqilia, me preocupei com a placa verde de West Bank do seu carro, se ela poderia nos trazer problemas. Os residentes de Jerusalem tem placas amarelas, o que muda completamente o tratamento nos "postos de fiscalizacao" e barreiras, evitando as longas revistas militares. "Ultimamente nao estao tao mal assim" diz Hani. "Ha alguns meses era terrivel; nos nao conseguiamos ir a lugar nenhum, mas ultimamente o exercito relaxou um pouco. Eh assim o tempo todo: eles te torturam ateh vc estar a ponto de morrer, entao relaxam ateh vc sentir apenas uma dorzinha, daih comecam tudo novamente. Ainda existem barreiras e postos, revistas e humilhacoes, mas como na maioria das vezes podemos encontrar um caminho 'alternativo', vamos levando". Estavamos em uma estrada "restrita", que pudemos usar por termos autorizacao escrita do governo, coisa rara de se conseguir.
Os sistemas operacionais dos Acordos de Oslo facilitaram em muito o controle Israelense sobre a vida Palestina. Oslo repartiu os Palestinos de West Bank em o que o acordo chama de Areas A, B e C. A Area A sao as grandes cidades Palestinas, como Nablus e Ramallah, que foram revertidas a um controle nominal dos Palestinos sob o acordo, mas a Area A consiste em apenas 18% de West Bank. Area C, sob total controle de Israel, consiste em 60%, e Area B, com administracao Palestina mas com sob controle militar israelense, forma os outros 22%. As Areas A e B sao completamente separadas uma da outra, transformando-as em ilhas cercadas pela Area C. Oslo deu a Israel uma mao livre sobre a Area C enquanto o Acordo - o que nunca chegou ao fim - fosse concluido. Foi muito por causa disso que a construcao Israelense de colonias e estradas continua se multiplicando durante esse tempo de, digamos, negociacoes. Em 1995 apenas, Israel, contruiu 100km de estradas novas para West Bank: 20% das estradas construidas aquele ano. E quanto mais Israel consolida seu controle pela Area C, mais os Palestinos sao forcados a achar caminhos marginais as estradas que eles sao devidamente proibido de usarem - sao chamadas estradas "esterilizadas".
Durante o caminho Hani me mostrava as estradas de terra e caminhos pedregosos sobres as colinas que os Palestinos sao obrigados a passar para ir de uma vila para a outra, isso porque as cidades Palestinas sao ignoradas na construcao das estradas, que parecem inclusive evita-las. Ha dois sistemas semi-independetes de estradas nesta regiao: a bem elaborada, bem pavimentada e bem sinalizada Israelense e a tortuosa, esburacada, varias vezes interrompida e bloqueada Palestina. E para completar a total separacao dos dois sistemas em West Bank, Israel estah planejando um novo sistema de tuneis e viadutos que linkaria as areas fragmentadas e permitiria aos Israelenses cruzarem todo West Bank em estradas "esterilizadas".
O exercito gosta dessa ideia porque em um futuro proximo seria possivel interromper a comunicacao entre as areas Palestinas com um simples abrir ou fechar de pontes ou tuneis. A coisa toda esta sendo planejada para parecer que faria a vida mais simples para os Palestinos, mas na verdade vai eh simplificar a ocupacao e controle israelense na regiao. Em janeiro de 2004, de acordo com o Escritorio da ONU para Assuntos de Coordenacao Humanitaria (OCHA), hoje exitem 59 "postos de fiscalizacao" fixos isralenses em West Bank, 10 parciais, 479 montes de terra para bloqueio, 75 trincheiras, 100 bloqueios de estradas e 40 portoes fechando estradas, todos planejado para interromper e controlar o trafico de Palestinos.
Todos os Palestinos precisam de permissao para viajar por West Bank (o que nao eh pelo Acordo de Oslo). Conseguir uma permissao requer um procedimento administrativo demorado e dezenas de milhares de pedidos sao negados por uma razao ou outra, na maioria das vezes alegando "riscos de seguranca". A maior parte dos pedidos emitidos sao para pedestres e passageiros de transporte publico. Dos mais de 2 milhoes de Palestinos em West Bank, apnas 3 mil tem permissao de dirigir seus proprios veiculos. O carro de Hani na verdade pertence a empresa que ele trabalha. Em qualquer caso, mesmo com permissao todos sao obrigados a passar pela mesma peregrinacao dos "postos de fiscalizacao" e suas aberturas irregulares.
No caminho a Qalqilia, passamos por cidades palestinas e vilarejos onde as estradas de acesso foram completamente interrompidas ou bloqueadas por montes de terra ou blocos de cimento. Em todos eles haviam carros e vans estacionados ou pessoas esperando. Jah as colonias judias sao bem diferentes. Sempre no alto das colinas, cercadas de grades, casas em formatos de chales, arvores e jardins, oferecendo um contraste visual radical com as comunidades que as rodeiam. Todos contam com estradas bem pavimentadas.
Qalqilia tem uma populacao de 60 mil e eh a maior cidade agricola, cercade de campos verdes, pomares, plantacoes e oliveiras. Como qualquer outra grande cidade palestina, eh um centro comercial e administrativo para os vilarejos em volta, que formam uma populacao de 40 a 50 mil mais. Como Qalqilia estah ao lado da chamada Linha Verde que existe supostamente para separar West Bank de Israel - uma fronteira que estah sendo feita atraves de um muro que em 90% da sua extensao estah sendo construido a leste da Linha Verde, roubando terras de West Bank - antigamente era possivel para os Palestinos das cidades vizinhas irem ateh lah para o mercado ou para encontrar seus amigos e familiares. A barreira de separacao estah destruindo um complexo historico, comercial, agricultural, social, cultural e de relacoes familiares. Apesar da desculpa do muro ser uma "cerca de seguranca", eh obvio que o verdadeiro objetivo da barreira eh absorver o quanto mais de terras e o quanto menos de Palestinos possivel, adquirindo um territorio de facil coneccao - e de fato jah anexados - a Israel. E em nenhum outro lugar estah mais claro do que na regiao fertil e bem irrigada de Qalqilia. Ao norte da cidade, o muro absorve cerca de 6 mil acres de terras produzidas, fazendas cheias de hortas e plantacoes. Qalqilia hj eh formada apenas pela parte oeste da peninsula territorial criada pelo muro.
Qalqilia e Tulkarem, ao norte, assim como 20 e poucas outras cidades e vilarejos na mesma area, agora se encontram separadas de suas terras de cultivo pela rede de concreto, cercas eletricas, radares e soldados que formam o muro isralense. Ainda pior estao seis ou sete cidades Palestinas entre a Linha Verde e o Muro. Isso apenas nos arredores de Qalqilia, pq ha muitos casos mais por toda a extensao do Muro.
Em Outubro de 2003, pouco depois do muro comecar a subir, o exercito declarou que a terra entre a barreira e a Linha vermelha sao "area militar". A declaracao explicita que ninguem pode entrar na area senao cidadaos Israeleses ou qualquer outro aplicavel a Lei Basica de Retorno Israelense (que eh qualquer um que seja judeu de qualquer parte do mundo). Ninguem, nesse caso, quer dizer os Palestinos, donos da terra, que estao prestes a verem esta ser tirada a forca deles.
Os moradores das vilas na "are militar" tem que efetuar um "pedido de residencia permanete" atraves do exercito. Como o nome diz, eh mais ou menos o Green Card oferecido pelos EUA, com a diferenca basica de que os que estao sendo obrigados a efetuar o pedido apenas querem continuar vivendo onde nasceram. E o pedido pode ser negado ou cancelado a qualquer momento, resultando numa expulsao sumaria e sem compensasao das suas proprias terras pelo estado de Israel.
Na Regiao de Qalqilia, alguns milhares de Palestinos tiveram que tirar a "permissao de residencia permanente". Quando o muro estiver completo, no entado, mais CEM MIL Palestinos vao precisar dela. E mais dezenas de milhares se verao isolados e sem acesso ao trabalho, escolas e hospitais (um terco dos vilarejos de West Bank terao problemas para chegar a hospitais quando o muro estiver completo - 26 clinicas jah foram isoladas e o numero vai subir para 71 quando terminar).
Os Palestinos que vivem fora da "area militar", separados das suas terras de cultivo dentro dela, nao estao muito melhor. Os fazendeiros de Qalqilia, Jaius e vilarejos da regiao que quiserem cultivar suas terras do outro lado da barreira terao que obter uma permissao das forcas de ocupacao. Os militares Israelense estipulam uma duzia de diferentes tipos de registros que os fazendeiros Palestinos tem que fazer para poder cultivar nas suas proprias terras. Claro que, para conseguir esses registros e permissoes, vai aih uma complexa jornada burocratica e administrativa que leva muito tempo. E se houver qualquer tipo de erro no registro das terras ou se o dono original jah tiver morrido ou se mudado para outro paihs ou se houver qualquer tipo de questao sobre heranca ou realocacao da terra entre familias ou questoes nos documentos de vendas ou titulos (o que eh muito normal no Oriente Medio jah que em muitas vezes os documentos e terras tiveram que passar por quatro administracoes diferentes - Otomanos, Ingleses, Jordanos e Israelenses) o pedido serah sumariamente negado. Muitas das terras, nao soh em West Bank mas em todo o Oriente Medio, nunca foram registradas formalmente em sistemas governamentais burocraticos e sao mantidas informalmente, de pai pra filho ou por uso coletivo de uma comunidade, num sistema respeitado e compreendido por todos.
Para lidar com esse problema, Israel buscou uma lei Otomana de 1858 e, interpretando como bem entende, declarou muitas dessas terras Palestinas como "propriedade do governo", ou classificando-as como "terra improdutiva", automaticamente transferindo-as para o governo. O grande problema eh que o Imperio Otomano acabou com o Tratado de Sevres e nunca assinou a Carta da ONU na Convensao de Genebra - ambos que contem regras sobre terras ocupadas - coisa que Israel o fez. De qualquer maneira, enquanto os assuntos legais ficam pendentes, as terras ferteis da Palestina vao cair no desuso, abandonadas. Foi a tatica da Lei Otomana a usada por Israel sempre que quiseram desapropriar territorio Palestino.
Ateh agora, um quarto dos pedidos de permissao para ter acesso as terras nas areas entre o Muro e a Linha Verde foram rejeitadas pelas autoridades israelenses. E os que conseguiram a permissao mal conseguem chegar as terras, tendo que andar dezenas de quilometros e passar por barreiras e postos militares. Na area entre Qalqilia e Tulkarem, por exemplo, existem 12 portoes, quatro deles que nunca sao abertos para fazendeiros, enquanto outros tres estao destinados para assuntos que nao agricultura. Isso nos deixa cinco outros portoes. E o mais proximo da parte norte de Qalqilia eh o que nunca estah aberto. Ou seja, qualquer fazendeiro que antes estava a poucos metros de sua terra de cultivo agora tem que pegar a estrada a leste (que agora estah aberta, mas pode ser fechada novamente a qualquer momento), passar por postos e barreiras e andar o caminho todo novamente ateh chegar as suas terras... Ou melhor... ateh chegar ao portao mais proximo e passar por tudo novamente.
Durante os meses que se seguiram apos o sistema de permissoes foi posto em pratica, fazendeiros tiveram que esperar longos periodos ateh conseguirem-na. No comeco da temporada de colheita de azeitonas de 2003, os portoes nao foram abertos de forma alguma por semanas a fio, em punicao coletiva a um atentado a bomba em Haifa. Seguido de apelacoes e mais apelacoes a suprema corte Israelense, a maioria dos portoes, ou melhos, a maioria dos CINCO portoes para fazendeiros agora opera mais ou menos com um calendario fixo, abrindo 3 vezes ao dia, por meia hora. Mas esse eh apenas o comeco dos problemas. Eles sempre sao proibidos de passar com seus tratores pelos portoes e, em tempos de cultivo e colheita, nao sao autorizados a levar mais trabalhadores com eles para ajudar na lavoura. E levando em conta o numero de milagres que os fazendeiros precisam para chegar a uma colheita, ele ainda precisa fazer com que sua producao chegue ao mercado, o que envolve encontrar um portao aberto, passar sua colheita por ele em apenas meia hora, negociar a passagem nos bloqueios, conseguir uma permissao de transporte, esperar nos postos de fiscalizacao por hora ou ateh dias.
A oeste de Qalqilia, o muro de concreto chega a 7 metros de altura. Ao norte e ao sul, a estrada que levava os fazendeiros a suas fazendas estah agora interrompida com montes de terra, blocos de concreto, um muro de metal, arame farpado, cerca eletrica, mais arame farpado, cinquenta metros de estrada e aih, depois, tudo de novo. Tudo isso eh protegido por uma torre fortificada imensa, onde a bandeira de Israel balanca com o vento. Isso tudo que hoje estah contruido um dia foi um campo de cultivo, cheio de arvores e oliveiras, cortados para dar lugar as fortificacoes e para nao cobrir o campo visual da guarda. E o estrago nao fica soh aih. Uma devastacao de 200 metros de largura por 8 km de extensao para uma cidade do tamanho de Qalqilia eh mais do que essa pobre comunidade pode aguentar.
Alguns veem as negociacoes entre os novos lideres Pelestinos e o governo Israelense com otimismo. Negociacoes anteriores, comecando por Oslo, serviram apenas para consolidar o controle sobre West Bank, Gasa e Jerusalem, fazendo a vida ainda mais dificil para os Palestinos. Da mesma forma que alguns viam a morte de Arafat como um tempo de esperanca, mas foram surpreendidos em Jaius, perto de Qalqilia, com a noticia de que mais de suas terras seria desapropriadas para que fosse possivel a expansao da colonia Isralense de Zufim, entre o Muro e a Linha Verde. Suas oliveiras foram exterminadas em dezembro. Talves um otimismo cego, que nao ve a realidade que os cerca, seja melhor do que uma total perda da esperanca.
(Por Saree Makdisi, professor da UCLA. Ele estah terminando de escrever um livro chamado "Palestine without a Road Map". Traducao: Fernando Kallas)
Foi no meu caminho por Qalandia, rumando para Jerusalem, que eu tive meu primeiro encontro com O Muro. No bairro de Al-Ram, uma grande sessao da barreira de separacao que Israel comecou a construir em 2003 tinham acabado de subir, apesar de alguns espacos ainda existirem na parte norte do distrito. Vendo a construcao do muro ao norte de Jerusalem entrar na sua fase final, estah claro que 50 mil Palestinos na area proxima a Al-Ram serao inteiramente rodeados por concreto, isolados dos seus visinhos e do resto do mundo. Ali por perto, o muro tbm isolarah 70 mil Palestinos na area de Nabala - povo que jah vive entre sessoes do muro em Al-Ram, leste, e Al-Jib, oeste, e que tem o "posto de fiscalizacao" de Beit Hanina ao sul e o famoso posto de Qalandia ao norte. A esse ponto, para chegar ao lado oeste do muro, tivemos que dirigir por uma minuscula estrada de terra paralela ao muro. Outros Palestino, na grande maioria a peh, tem que fazer o mesmo, correndo o risco de serem atropelados.
No posto de Qalandia, encontramos um engarrafamento enorme de taxis, carros, onibus, vans e caminhoes. Centenas de pessoas amontoadas: mulheres, criancas, homens carregando caixas e maletas, fazendeiros carregando materiais, comerciantes cheios de mercadorias, todos esperando encontrar carros ou onibus ou caminhoes que os levem ateh seu destino final. Ou melhor, ateh o proximo posto de fiscalizacao, onde terao de passar por tudo isso novamente. "Nablus! Nablus! Nablus!" uns motoristas gritam seu destino. "Beit Lahem! Beit Lahem! Beit Lahem!" outros tbm, que rumam a Belem. "Al-Quds! Al-Quds! Al-Quds!" gritam aqueles que vao a Jerusalem. Em algum lugar deste caos encontramos Hani, o motorista que havia combinado de me levar ao proximo estagio da minha jornada. Assim que Hani rumou a Qalqilia, me preocupei com a placa verde de West Bank do seu carro, se ela poderia nos trazer problemas. Os residentes de Jerusalem tem placas amarelas, o que muda completamente o tratamento nos "postos de fiscalizacao" e barreiras, evitando as longas revistas militares. "Ultimamente nao estao tao mal assim" diz Hani. "Ha alguns meses era terrivel; nos nao conseguiamos ir a lugar nenhum, mas ultimamente o exercito relaxou um pouco. Eh assim o tempo todo: eles te torturam ateh vc estar a ponto de morrer, entao relaxam ateh vc sentir apenas uma dorzinha, daih comecam tudo novamente. Ainda existem barreiras e postos, revistas e humilhacoes, mas como na maioria das vezes podemos encontrar um caminho 'alternativo', vamos levando". Estavamos em uma estrada "restrita", que pudemos usar por termos autorizacao escrita do governo, coisa rara de se conseguir.
Os sistemas operacionais dos Acordos de Oslo facilitaram em muito o controle Israelense sobre a vida Palestina. Oslo repartiu os Palestinos de West Bank em o que o acordo chama de Areas A, B e C. A Area A sao as grandes cidades Palestinas, como Nablus e Ramallah, que foram revertidas a um controle nominal dos Palestinos sob o acordo, mas a Area A consiste em apenas 18% de West Bank. Area C, sob total controle de Israel, consiste em 60%, e Area B, com administracao Palestina mas com sob controle militar israelense, forma os outros 22%. As Areas A e B sao completamente separadas uma da outra, transformando-as em ilhas cercadas pela Area C. Oslo deu a Israel uma mao livre sobre a Area C enquanto o Acordo - o que nunca chegou ao fim - fosse concluido. Foi muito por causa disso que a construcao Israelense de colonias e estradas continua se multiplicando durante esse tempo de, digamos, negociacoes. Em 1995 apenas, Israel, contruiu 100km de estradas novas para West Bank: 20% das estradas construidas aquele ano. E quanto mais Israel consolida seu controle pela Area C, mais os Palestinos sao forcados a achar caminhos marginais as estradas que eles sao devidamente proibido de usarem - sao chamadas estradas "esterilizadas".
Durante o caminho Hani me mostrava as estradas de terra e caminhos pedregosos sobres as colinas que os Palestinos sao obrigados a passar para ir de uma vila para a outra, isso porque as cidades Palestinas sao ignoradas na construcao das estradas, que parecem inclusive evita-las. Ha dois sistemas semi-independetes de estradas nesta regiao: a bem elaborada, bem pavimentada e bem sinalizada Israelense e a tortuosa, esburacada, varias vezes interrompida e bloqueada Palestina. E para completar a total separacao dos dois sistemas em West Bank, Israel estah planejando um novo sistema de tuneis e viadutos que linkaria as areas fragmentadas e permitiria aos Israelenses cruzarem todo West Bank em estradas "esterilizadas".
O exercito gosta dessa ideia porque em um futuro proximo seria possivel interromper a comunicacao entre as areas Palestinas com um simples abrir ou fechar de pontes ou tuneis. A coisa toda esta sendo planejada para parecer que faria a vida mais simples para os Palestinos, mas na verdade vai eh simplificar a ocupacao e controle israelense na regiao. Em janeiro de 2004, de acordo com o Escritorio da ONU para Assuntos de Coordenacao Humanitaria (OCHA), hoje exitem 59 "postos de fiscalizacao" fixos isralenses em West Bank, 10 parciais, 479 montes de terra para bloqueio, 75 trincheiras, 100 bloqueios de estradas e 40 portoes fechando estradas, todos planejado para interromper e controlar o trafico de Palestinos.
Todos os Palestinos precisam de permissao para viajar por West Bank (o que nao eh pelo Acordo de Oslo). Conseguir uma permissao requer um procedimento administrativo demorado e dezenas de milhares de pedidos sao negados por uma razao ou outra, na maioria das vezes alegando "riscos de seguranca". A maior parte dos pedidos emitidos sao para pedestres e passageiros de transporte publico. Dos mais de 2 milhoes de Palestinos em West Bank, apnas 3 mil tem permissao de dirigir seus proprios veiculos. O carro de Hani na verdade pertence a empresa que ele trabalha. Em qualquer caso, mesmo com permissao todos sao obrigados a passar pela mesma peregrinacao dos "postos de fiscalizacao" e suas aberturas irregulares.
No caminho a Qalqilia, passamos por cidades palestinas e vilarejos onde as estradas de acesso foram completamente interrompidas ou bloqueadas por montes de terra ou blocos de cimento. Em todos eles haviam carros e vans estacionados ou pessoas esperando. Jah as colonias judias sao bem diferentes. Sempre no alto das colinas, cercadas de grades, casas em formatos de chales, arvores e jardins, oferecendo um contraste visual radical com as comunidades que as rodeiam. Todos contam com estradas bem pavimentadas.
Qalqilia tem uma populacao de 60 mil e eh a maior cidade agricola, cercade de campos verdes, pomares, plantacoes e oliveiras. Como qualquer outra grande cidade palestina, eh um centro comercial e administrativo para os vilarejos em volta, que formam uma populacao de 40 a 50 mil mais. Como Qalqilia estah ao lado da chamada Linha Verde que existe supostamente para separar West Bank de Israel - uma fronteira que estah sendo feita atraves de um muro que em 90% da sua extensao estah sendo construido a leste da Linha Verde, roubando terras de West Bank - antigamente era possivel para os Palestinos das cidades vizinhas irem ateh lah para o mercado ou para encontrar seus amigos e familiares. A barreira de separacao estah destruindo um complexo historico, comercial, agricultural, social, cultural e de relacoes familiares. Apesar da desculpa do muro ser uma "cerca de seguranca", eh obvio que o verdadeiro objetivo da barreira eh absorver o quanto mais de terras e o quanto menos de Palestinos possivel, adquirindo um territorio de facil coneccao - e de fato jah anexados - a Israel. E em nenhum outro lugar estah mais claro do que na regiao fertil e bem irrigada de Qalqilia. Ao norte da cidade, o muro absorve cerca de 6 mil acres de terras produzidas, fazendas cheias de hortas e plantacoes. Qalqilia hj eh formada apenas pela parte oeste da peninsula territorial criada pelo muro.
Qalqilia e Tulkarem, ao norte, assim como 20 e poucas outras cidades e vilarejos na mesma area, agora se encontram separadas de suas terras de cultivo pela rede de concreto, cercas eletricas, radares e soldados que formam o muro isralense. Ainda pior estao seis ou sete cidades Palestinas entre a Linha Verde e o Muro. Isso apenas nos arredores de Qalqilia, pq ha muitos casos mais por toda a extensao do Muro.
Em Outubro de 2003, pouco depois do muro comecar a subir, o exercito declarou que a terra entre a barreira e a Linha vermelha sao "area militar". A declaracao explicita que ninguem pode entrar na area senao cidadaos Israeleses ou qualquer outro aplicavel a Lei Basica de Retorno Israelense (que eh qualquer um que seja judeu de qualquer parte do mundo). Ninguem, nesse caso, quer dizer os Palestinos, donos da terra, que estao prestes a verem esta ser tirada a forca deles.
Os moradores das vilas na "are militar" tem que efetuar um "pedido de residencia permanete" atraves do exercito. Como o nome diz, eh mais ou menos o Green Card oferecido pelos EUA, com a diferenca basica de que os que estao sendo obrigados a efetuar o pedido apenas querem continuar vivendo onde nasceram. E o pedido pode ser negado ou cancelado a qualquer momento, resultando numa expulsao sumaria e sem compensasao das suas proprias terras pelo estado de Israel.
Na Regiao de Qalqilia, alguns milhares de Palestinos tiveram que tirar a "permissao de residencia permanente". Quando o muro estiver completo, no entado, mais CEM MIL Palestinos vao precisar dela. E mais dezenas de milhares se verao isolados e sem acesso ao trabalho, escolas e hospitais (um terco dos vilarejos de West Bank terao problemas para chegar a hospitais quando o muro estiver completo - 26 clinicas jah foram isoladas e o numero vai subir para 71 quando terminar).
Os Palestinos que vivem fora da "area militar", separados das suas terras de cultivo dentro dela, nao estao muito melhor. Os fazendeiros de Qalqilia, Jaius e vilarejos da regiao que quiserem cultivar suas terras do outro lado da barreira terao que obter uma permissao das forcas de ocupacao. Os militares Israelense estipulam uma duzia de diferentes tipos de registros que os fazendeiros Palestinos tem que fazer para poder cultivar nas suas proprias terras. Claro que, para conseguir esses registros e permissoes, vai aih uma complexa jornada burocratica e administrativa que leva muito tempo. E se houver qualquer tipo de erro no registro das terras ou se o dono original jah tiver morrido ou se mudado para outro paihs ou se houver qualquer tipo de questao sobre heranca ou realocacao da terra entre familias ou questoes nos documentos de vendas ou titulos (o que eh muito normal no Oriente Medio jah que em muitas vezes os documentos e terras tiveram que passar por quatro administracoes diferentes - Otomanos, Ingleses, Jordanos e Israelenses) o pedido serah sumariamente negado. Muitas das terras, nao soh em West Bank mas em todo o Oriente Medio, nunca foram registradas formalmente em sistemas governamentais burocraticos e sao mantidas informalmente, de pai pra filho ou por uso coletivo de uma comunidade, num sistema respeitado e compreendido por todos.
Para lidar com esse problema, Israel buscou uma lei Otomana de 1858 e, interpretando como bem entende, declarou muitas dessas terras Palestinas como "propriedade do governo", ou classificando-as como "terra improdutiva", automaticamente transferindo-as para o governo. O grande problema eh que o Imperio Otomano acabou com o Tratado de Sevres e nunca assinou a Carta da ONU na Convensao de Genebra - ambos que contem regras sobre terras ocupadas - coisa que Israel o fez. De qualquer maneira, enquanto os assuntos legais ficam pendentes, as terras ferteis da Palestina vao cair no desuso, abandonadas. Foi a tatica da Lei Otomana a usada por Israel sempre que quiseram desapropriar territorio Palestino.
Ateh agora, um quarto dos pedidos de permissao para ter acesso as terras nas areas entre o Muro e a Linha Verde foram rejeitadas pelas autoridades israelenses. E os que conseguiram a permissao mal conseguem chegar as terras, tendo que andar dezenas de quilometros e passar por barreiras e postos militares. Na area entre Qalqilia e Tulkarem, por exemplo, existem 12 portoes, quatro deles que nunca sao abertos para fazendeiros, enquanto outros tres estao destinados para assuntos que nao agricultura. Isso nos deixa cinco outros portoes. E o mais proximo da parte norte de Qalqilia eh o que nunca estah aberto. Ou seja, qualquer fazendeiro que antes estava a poucos metros de sua terra de cultivo agora tem que pegar a estrada a leste (que agora estah aberta, mas pode ser fechada novamente a qualquer momento), passar por postos e barreiras e andar o caminho todo novamente ateh chegar as suas terras... Ou melhor... ateh chegar ao portao mais proximo e passar por tudo novamente.
Durante os meses que se seguiram apos o sistema de permissoes foi posto em pratica, fazendeiros tiveram que esperar longos periodos ateh conseguirem-na. No comeco da temporada de colheita de azeitonas de 2003, os portoes nao foram abertos de forma alguma por semanas a fio, em punicao coletiva a um atentado a bomba em Haifa. Seguido de apelacoes e mais apelacoes a suprema corte Israelense, a maioria dos portoes, ou melhos, a maioria dos CINCO portoes para fazendeiros agora opera mais ou menos com um calendario fixo, abrindo 3 vezes ao dia, por meia hora. Mas esse eh apenas o comeco dos problemas. Eles sempre sao proibidos de passar com seus tratores pelos portoes e, em tempos de cultivo e colheita, nao sao autorizados a levar mais trabalhadores com eles para ajudar na lavoura. E levando em conta o numero de milagres que os fazendeiros precisam para chegar a uma colheita, ele ainda precisa fazer com que sua producao chegue ao mercado, o que envolve encontrar um portao aberto, passar sua colheita por ele em apenas meia hora, negociar a passagem nos bloqueios, conseguir uma permissao de transporte, esperar nos postos de fiscalizacao por hora ou ateh dias.
A oeste de Qalqilia, o muro de concreto chega a 7 metros de altura. Ao norte e ao sul, a estrada que levava os fazendeiros a suas fazendas estah agora interrompida com montes de terra, blocos de concreto, um muro de metal, arame farpado, cerca eletrica, mais arame farpado, cinquenta metros de estrada e aih, depois, tudo de novo. Tudo isso eh protegido por uma torre fortificada imensa, onde a bandeira de Israel balanca com o vento. Isso tudo que hoje estah contruido um dia foi um campo de cultivo, cheio de arvores e oliveiras, cortados para dar lugar as fortificacoes e para nao cobrir o campo visual da guarda. E o estrago nao fica soh aih. Uma devastacao de 200 metros de largura por 8 km de extensao para uma cidade do tamanho de Qalqilia eh mais do que essa pobre comunidade pode aguentar.
Alguns veem as negociacoes entre os novos lideres Pelestinos e o governo Israelense com otimismo. Negociacoes anteriores, comecando por Oslo, serviram apenas para consolidar o controle sobre West Bank, Gasa e Jerusalem, fazendo a vida ainda mais dificil para os Palestinos. Da mesma forma que alguns viam a morte de Arafat como um tempo de esperanca, mas foram surpreendidos em Jaius, perto de Qalqilia, com a noticia de que mais de suas terras seria desapropriadas para que fosse possivel a expansao da colonia Isralense de Zufim, entre o Muro e a Linha Verde. Suas oliveiras foram exterminadas em dezembro. Talves um otimismo cego, que nao ve a realidade que os cerca, seja melhor do que uma total perda da esperanca.
(Por Saree Makdisi, professor da UCLA. Ele estah terminando de escrever um livro chamado "Palestine without a Road Map". Traducao: Fernando Kallas)